*……….::::: CHAGÃO! :::::……….*
“Quien quiera entender como funciona el mundo deberá entender el fútbol”.
Roberto Perfumo (ex-jogador argentino).
CHAGÃO PERGUNTA
O ‘Chagão!’ quer saber: Mesmo no tempo em que os clubes eram nacionalistas, já haviam seleções repletas de “importados”. A Itália de Mussolini faturou as copas de 1934 e 38 com brasileiros no elenco. A Holanda teve uma geração inteira de importados, com Rijkaard e Gullit. Mas em alguns clubes, a força de representação de um signo de pertencimento ainda persistiu. Qual o clube espanhol da primeira divisão que não possui nenhum estrangeiro em seu elenco?
CONTA OUTRA, LEONOR!
A Leonor traz para leitor intempestivo nesta coluna, uma pequena biografia de um dos três homens que fizeram a história do Maracanã. O estádio que, às vésperas da Copa 2014, entrará em reforma para chegar recauchutado na versão século XXI da Copa de 1950 – embora, é claro, nada se repita, a não ser na imaginação supersticiosa dos cartolas – só foi calado, reza a lenda, três vezes: uma para que o Papa fosse ouvido pela multidão que lá se espremia, e era a intermediária das três, em quantidade; outra, quando a voz do jazz estadunidense, Frank Sinatra, veio deleitar a classe média carioca com o veludo musical bem adaptado aos ouvidos acomodados, esse foi o menor público; e Alcides Gigghia, o atacante uruguaio que calou mais de 200 mi pessoas no Maracanã real, e mais milhões Brasil afora, nos zil Maracanãs que chegavam desterritorializados nas ondas eletromagnéticas do rádio. Esse calou o Brasil, e preparou o terreno para a independência do país, oito anos depois. O texto é do site “Impedimento”.
ALCIDES GIGGHIA
(no Impedimento)
“Só três pessoas na história conseguiram calar o Maracanã lotado com um só gesto, o Papa, Frank Sinatra e eu”. O autor da frase foi o principal responsável pelo “Maracanazo” de 1950, quando anotou o gol da vitória charrúa sobre os brasileiros. Nesse momento, ainda que de forma involuntária, ele iniciou a maior perseguição que já se viu a um desportista: o goleiro Barbosa seria execrado, lembrado como o vilão maior, já que ninguém queria admitir o salto alto brasileiro.
Na antológica partida que decidiu o Mundial de 1950, Ghiggia não apenas deu o bicampeonato ao Uruguai como provocou aos brasileiros um trauma que duraria oito anos. Ary Barroso, que comentava futebol e compunha sambas com a mesma freqüência, ao ver o dianteiro marcar o gol fatídico, soltou uma frase que hoje prolifera-se por estádios do Brasil, mas que foi usada com sentimento totalmente distinto: “eu já sabia, eu já sabia”. Além disso, prometeu que nunca mais comentaria uma partida de futebol. Prometeu e cumpriu.
Alcides Edgardo Ghiggia nasceu em Montevidéu, em 1926, e começou sua trajetória profissional no Sud America, tornando-se a principal figura da equipe. Demonstrando extrema velocidade como ponteiro direito, logo foi contratado pelo Atlanta, de Buenos Aires. A aventura argentina durou pouco e Ghiggia voltou para o Peñarol, onde passou a jogar a partir de 1948. Conquistou a titularidade em uma equipe que contava com a chamada “Esquadra da morte”. Schiaffino, Hohberg, Mazurkiewicz, Varela e Spencer eram alguns de seus companheiros de time. Essa equipe do Peñarol, campeã nacional em 1948 e 1951, foi a base da seleção que venceu a Copa de 50.
Após ser suspenso por mais de um ano por ter agredido um jogador, Ghiggia transferiu-se para o Roma, onde hogou durante nove anos. A imprensa italiana chegou a chamá-lo de “um novo Garibaldi”. Na temporada 1962/63 jogou pelo Milan e foi campeão da liga italiana. Posteriormente, voltou ao Uruguai para defender o Danúbio, o Sud America e, novamente, o Danúbio, onde encerrou a carreira em 1967, aos 41 anos
Pela seleção charrúa, Ghiggia jogou apenas 12 partidas e marcou quatro gols, todos eles no Mundial do Brasil. Favorecido pela dupla cidadania, também defendeu o selecionado italiano quando atuou no país. Pela Azurra, jogou cinco partidas e marcou um gol. Atualmente, vive na cidade de Las Piedras, distante 30 quilômetros de Montevidéu”.
LINHA DE PASSE
Antes da partida contra o Atlético Mineiro, o presidente do Flamengo, Márcio Braga, afirmou que o clube já estava preparando a festa do hexacampeonato, e que tinha o melhor time do certame nacional. Déjà vu? Mesmo sem contar com o ex-gordinho Salvador Cabañas, o time alvinegro centenário cantou de Galo na freguesia rubro-negra e sapecou 3 gols, fora o baile. Resultado: o Mengo saiu do G-4 e agora vai ter que rebolar se quiser honrar a palavra do seu presidente. Na decisão do campeonato carioca, o time negou que tivesse feito comemoração antecipada, e colocou a culpa no fornecedor do equipamento, que foi lançado com a conquista do campeonato dias antes da decisão. O Flamengo venceu. Na Libertadores, tudo armado para a festança, com direito a despedida do então técnico Joel Santana, mas foi o atacante paraguaio quem fez a festa. Agora, o euriquiano dirigente flamenguista apronta mais uma. Depois a torcida pede a cabeça do treinador…
* * *
Josef Blatter (um homem perigoso…) é um negociador. Em tempos de pseudo-crise do capitalismo financeiro, é um especulador. Não importa a bola ou o craque, desde que venha o dinheiro. A própria FIFA colocou em dúvida o trabalho dos africanos na organização da Copa de 2010, o que fez com que representantes do país africano denunciassem a discriminação por parte da entidade e o lobby dos países desenvolvidos para que a Copa fique eternamente por lá. Daí, Blatter, que sabe falar grosso quando o assunto é países pobres, não toma nenhuma atitude concreta no sentido de acabar com os rumores de que a preparação para o torneio de dois anos adiante vai mal. Uma palavrinha e basta. Coisa de quem pensa de si mais do que realmente é. Orgulho, segundo o filósofo e craque Spinoza. E tem brasileiro que pensa que basta defenestrar Ricardo Teixeira da CBF…
* * *
Na França, apesar do casal Sarko-Bruni, da xenofobia. da invasão hollywoodiana nos cinemas e da proibição do cigarro nos cafés, ainda paira o espírito gaulês da cidadania. A UNFP (União Nacional dos Jogadores Profissionais) e a Unecatef, sindicato dos técnicos, ameaçam parar os campeonatos nacionais da primeira e da segunda divisão, bem na rodada em que teriam o clássico entre Olympique Marseille e Paris Saint-German. O motivo é uma tentativa de virar a mesa por parte dos cartolas – sempre eles – no conselho de administração da Liga Profissional Francesa. Com a jogada, técnicos e jogadores perderiam direito a voto, e os dirigentes ganhariam maioria absoluta nas cadeiras do conselho, para atuar de acordo com os seus interesses. E não se trata de greve gratuita. Os jogadores não irão ficar em casa enquanto seus representantes brigam: a greve é de mobilização, e haverá, no horário dos jogos, discussões sobre o sistema de organização da LPF. Já pensou se o futebol nacional fosse assim? Teríamos pelo menos uns dois anos de campeonato interrompido até conseguir tirar um cartola, a julgar pelos 40 anos de Eurico no Vasco…
* * *
Stefano Borgonovo foi atacante do Fiorentina, e fez dupla com o inesquecível Roberto Baggio, na que ficou conhecida como B2, com auge em 1988. Hoje, com 44 anos, Borgonovo lidera uma campanha para arrecadar fundos para a pesquisa sobre a Esclerose Lateral Amiotrófica, ou ELA, ou como Borgonovo a chama, la stronza (algo como a filha da puta). A doença é rara na população em geral (6 casos em 100 mil pessoas), mas surpreendentemente incidente em jogadores de futebol (em 10 anos, 43 jogadores com a doença). Não se conhecem as causas ou tratamento para a doença. Hoje, Borgonovo, sem poder mover nenhum músculo, mas com a consciência lúcida, ajuda na luta contra a disseminação da doença. Nesta quarta-feira, houve um amistoso entre jogadores veteranos e atuais, de Milan e Fiorentina, beneficiando a iniciativa. Borgonovo emocionou a todos, aparecendo de cadeira de rodas, sendo guiado pelo eterno amigo e parceiro de ataque, Baggio. A doença, que se manifesta em pessoas “normais” por volta dos 60 anos, nos jogadores de futebol, aparece aos 40, e costuma ser mais devastadora. Segundo pesquisas, prefere os meio-campistas, e tem várias “supostas” causas: pancadas excessivas nas pernas e na cabeça, uso abusivo de antiinflamatórios, excesso de esforço, inalação de pesticidas usados nos gramados, e por aí vai. Males do futebol espetacular da pós-modernidade.
CAMPEONATOS NACIONAIS
Conforme dito na quinta-feira passada, segue abaixo o restante da rodada que se completou neste último sábado, por conta das partidas das eliminatórias da Copa 2010. Kléber Pereira, do Santos, continua com 20 gols, na artilharia do torneio. Resultados:
29ª Rodada Série A – 08, 09 e 11/10
Figueirense 0 – 0 Palmeiras
Grêmio 2 – 0 Santos
Sport Recife 2 – 2 Vasco
São Paulo 1 – 0 Náutico
Cruzeiro 1 – 0 Ipatinga
Botafogo 3 – 1 Vitória
Flamengo 0 – 3 Atlético/MG
Atlético/PR 1 – 3 Fluminense
Portuguesa 0 – 0 Coritiba
Goiás 1 – 1 Internacional
Classificação*
Grêmio – 56
Palmeiras – 54
Cruzeiro – 52
São Paulo – 52
Flamengo – 49
Botafogo – 46
Coritiba – 45
Goiás – 44
Vitória – 43
Internacional – 43
Sport Recife – 40
Atlético/MG – 37
Santos – 33
Figueirense – 33
Náutico – 30
Fluminense – 30
Atlético/PR – 28
Portuguesa – 28
Vasco – 27
Ipatinga – 27
* Em azul, os classificados para a Libertadores ’09; em verde, os classificados para a Sulamericana ’09, e em vermelho, os rebaixados para a série B.
* * *
Chuva de gols na série B. Lembrando os velhos tempos em que o ataque era mais importante que a defesa, Brasiliense e CRB fizeram o confronto dos desesperados, que terminou num impressionante 6 a 3 para os candangos. Outro destaque foi o retorno do Avaí à segunda posição do certame, enquanto o Vila Nova vai perdendo fôlego, agora que Túlio tem que se preocupar em legislar (em causa própria), e só pode fazer dois gols num jogo, tendo agora 22. Já o Timão segue na doce rotina de quem espera a amada, num encontro marcado. Já está na primeira, e vai deslizando preguiçosamente nas rodadas finais da série B. Confira os resultados:
30ª Rodada Série B – 07, 10 e 11/10
Bahia 3 – 2 Vila Nova
São Caetano 1 – 0 Marília
Avaí 3 – 0 Criciúma
Brasiliense 6 – 3 CRB
Bragantino 4 – 0 Gama
Barueri 1 – 0 Ponte Preta
Fortaleza 2 – 2 Ceará
Juventude 1 – 1 Paraná Clube
Corinthians 2 – 2 Santo André
América/RN 3 – 2 ABC
Classificação*
Corinthians – 64
Avaí – 53
Santo André – 52
Barueri – 51
Vila Nova – 51
Bragantino – 48
Ponte Preta – 47
Juventude – 43
São Caetano – 43
Bahia – 42
Ceará – 41
Paraná Clube – 37
ABC/RN – 36
Fortaleza – 34
América/RN – 34
Brasiliense – 34
Criciúma – 33
Gama – 32
Marília – 31
CRB – 18
* Em roxo, os classificados para a Série A do Brasileirão ‘09; em cinza, os rebaixados para a série C.
* * *
Série C do Brasileirão: vão mal os nortistas no octogonal final da série C. O Rio Branco não repete nesta fase a força da Arena da Floresta, determinante nas fases anteriores. O time está na lanterna, com apenas um ponto, e perdeu para a Campinense/PB por três a zero fora de casa. Já o Águia de Marabá amarga o sexto lugar, mas está a apenas três pontos do líder, tendo empatado em casa por dois gols com o Confiança/SE. A Campinense lidera, com sete pontos.
CAMPEONATOS AMÉRICA DO SUL
Nona rodada das Eliminatórias Copa 2010, e o Paraguai, aos trancos e barrancos vai levando a liderança, com quatro pontos à frente do segundo colocado, o Brasil. Enquanto um gol sem querer de Cabañas deu a vitória aos guaranis contra a Colômbia, os brasileiros não tiveram dificuldades em golear a Venezuela, por 4 a 0, no retorno do inteligentíssimo Kaká aos gramados com a amarelinha. Do lado de lá da fronteira, o clássico-mor da América do Sul, a primeira grande final de uma copa, Argentina e Uruguai fizeram um jogo feio, vencido pelos portenho por 2 a 1, nem de longe lembrando os velhos confrontos. O artilheiro do torneio é Botero, da Bolívia, com 5 gols. Resultados e próxima rodada:
9a Rodada – 11 e 12/10
Bolívia 3 – 0 Peru
Argentina 2 – 1 Uruguai
Colômbia 0 – 1 Paraguai
Venezuela 0 – 4 Brasil
Equador 1 – 0 Chile
10a Rodada – 14 e 15/10
Bolívia – Uruguai
Paraguai – Peru
Chile – Argentina
Venezuela – Equador
Brasil – Colômbia
CAMPEONATOS EUROPEUS
Terceira rodada das eliminatórias européias, e dos chamados grandes, só a Itália e a França tropeçaram. A azzurra empatou sem gols com a Bulgária, enquanto os bleus levaram um ponto, no empate em dois gols com a Romênia, ambos fora de casa. O restante, bem ou mal, venceu. Os portugueses não saíram do zero com a Suécia, e a Alemanha venceu a Russia por 2 a 1. Aqui você encontra os resultados completos dos 24 jogos deste final de semana.