Cada um faz o que pode fazer”. Uma assertiva tão óbvia que até o capivarol concordaria. Ninguém pode fazer o que não pode. Armadilha pseudo filosófica lingüística. Mas existem aqueles que não podem e fingem que podem. Quer dizer: fingem que podem, para convencer incautos de que são engajados nas lutas sociais. Se querem arautos das dores políticas. Só que bem protegidos em suas “seguranças” (como falou o teatrólogo/filósofo Brecht: “Por acaso fui poupado, mas se minha sorte mudar, estou perdido”) de classe média indiferente.

Vejamos o caso do intelectual, amigo de Fernando Henrique, e um dos queridos da Globo, Márcio Souza. Pequeno burguês, encostado no mormaço do jornal A Critica, entre o sonho e o som (da democracia), toma-se como capaz de desentulhar o quadro político de Manaus e põe a emitir (omitir) opinião sobre a situação política atual de sua Paris dos Trópicos. Marcito afirma que a eleição destes velhos vereadores mostra uma situação decadente da Câmara Municipal. É verdade. Aí ele se mostra um intelectual engajado. Diz que tem profissionais liberais, pastores, como classe média, contribuindo para essa perversa realidade. Também é verdade. No meio destas sacadas inteligentes de Marcito, salta uma pergunta: o que foi que ele, como privilegiado manauara do centro de Manaus, além de procurar a bênção famosa dos dizeres do Sul maravilha, fez, ou faz, para auxiliar pedagogicamente a ‘cite’, para que estes candidatos não sejam eleitos? Qual o seu engajamento político em Manaus? O que se sabe, além de ser um autor lido nos cursos de letra da UFAM, faz um teatro doméstico, com o mesmo ranço burguês dos velhos tempos do TESC depois de seu fundador Nielson Menão. Ninguém encontra ele nem no Bar dos guerrilheiros do Armando (ainda bem!).

Distante e indiferente, Márcio Souza, como diária a mãe do Rui Brito, Dona Minda: “Está coberto de razão”. Em casa, bem guardado nos porões do glamour, ele se encontra protegido dos canhões que miram as torres da Igreja São Sebastião. Nesse ninho (nicho?), novamente, como diria, Brecht: “Todo homem se sente mais seguro em sua própria pele”.

Assim, Marcito finge que mora em Manaus, e o repórter que publica sua opinião, rebelde, também finge que mora na bela Manô, dignificando o prefaciador do livro do ex-governador do Amazonas, Gilberto Mestrinho, manancial (Álavaro Maia), para ele, Marcito, edipiano do Boto Tucuxi. A extravagante revolução literária Baré.

Ao contrário do outro intelectual, Thiago de Melo, que comunistamente apóia Amazonino, Márcio Souza não comenta da ameaça para Manaus de uma possível eleição de seu ex-parceiro, Amazonino, nos tenebrosos tempos de Fernando Henrique. Será que, intelectualmente, não percebe que a mesma subjetividade (Deleuze/Guatarri) que elegeu os ditos vereadores é a mesma que pretende eleger Amazonino?

Como diria o filósofo Camus: “Só quem se estende na sombra do mormaço equatorial, dissipado da razão, não percebe”. Tudo que ele sabe fazer. Mas nada que a construção da democracia necessita.

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