CORRUPÇÃO E DEMOCRACIA

Embora muitos acreditem que a corrupção seja uma causa, ela é um efeito derivado da interdição da vida pela força reativa que imobiliza a Vontade de Potência do homem, impedindo que a “vida ative o pensamento, e o pensamento afirme a vida”, como diz o filósofo Nietzsche, que denomina “corrompido um animal, uma espécie, um indivíduo, que perde seus instintos, quando escolhe, quando prefere o que lhe é pernicioso”. Assim, o corrupto é um espírito degenerado. Degenerado, ele não carrega em si a criação e a distribuição, o que é próprio da democracia como devir, como sociedade dos amigos.

CORRUPTO: A PATOLOGIA DEGENERATIVA DO BEM COMUM

Sendo a democracia o composto das potências de todos os homens como Direito Civil voltado ao Bem Comum, ou, seja, viver, viver junto e viver bem, que emana do Direito Natural, o corrupto é uma patologia degenerativa dos dois Direitos. Se, como diz Freud, o desejo é o caminho a um fim, no corrupto o desejo coletivo é substituído por sua perversão individual, o desvio que não busca o fim da coletividade. Daí ele se apossar do dinheiro público sem nenhum pejo, pois não vivencia a Ética como a arte de compor bons encontros que aumentam a potência social de agir de todos. Modus alegre do ser coletivo. Impotente, quando ‘político’ procura seus iguais para através do fetichismo do dinheiro, dissimulá-la com a ilusão do poder que não possui. Embora formem bandos, são todos individualistas, cuja lógica de suas “irmandades”, é cada um por si e dane-se o mais fraco deles. Por tal, representarem “coragem” um diante do outro. Em leitura racional: medo da vida.

AS FACES DA CORRUPÇÃO

Como a corrupção é uma patologia, ela não se manifesta apenas no assalto ao dinheiro público. Manifesta-se também em certas crenças religiosas, submissão trabalhista, chantagens familiares, prepotência escolar, jornalismo venal, medicina mercantil, entretenimentos anestesiantes, em síntese, todas as atividades profissionais ou não, em que a alienação social e a ambição individual são privilegiadas em detrimento aos interesses coletivos, todos os elementos corporais que alimentam a patologia da lógica da indiferença.

Daí que sendo a democracia a vida ativa, e a corrupção sua negação, o corrupto é seu grande inimigo. E nessas eleições a única práxis democrática é combater os candidatos e os eleitores corruptos, já que na psicologia da corrupção nenhum existe sem o outro. Ambos são na verdade uma unidade simbiótica/autofágica: alimentam-se do pouco de vida que restou em suas patologias.

Daí que quem “escolheu o que lhe é pernicioso”, não tem direito de espalhar sua perniciosidade para um cidade. E uma cidade só ficará livre do pernicioso se o combater.