A ARMADILHA LINGUÍSTICA DOS CLONES: OMAR, BRAGA, ALFREDO
O ministro Alfredo Nascimento afirma na propaganda eleitoral do seu candidato, Omar Aziz, que “tem a palavra do presidente Lula” de que terá recursos para investir na capital.
A frase é um recurso linguístico que tenta capturar o receptor através de uma ilusão criada pelo significante.
A palavra é uma construção fonética ou pictória que carrega um significado dentro da linguagem. Como a língua é uma relação humana, ela não tem “dono”, não pode ser convertida em propriedade, ainda que alguns governos tentem se apropriar de algumas palavras que carreguem significados perigosos para a sua existência. Principalmente os tiranos, que têm ojeriza à palavras como Amor, Liberdade, Conhecimento, Sexo, dentre outras.
Spinozianamente, a palavra é um corpo. Como tal, carrega intensidades que, em encontro com outros corpos, pode aumentar ou diminuir a potência de agir, ativando ou não a Vida. Mas este corpo-palavra é uma produção de outro corpo, o emissor, que carrega o corpo-palavra com afetos movimentadores de intensidades.
Assim a mesma palavra – democracia, por exemplo – pode ser proferida por Alfredo e por Lula, e nenhum dos dois será proprietário dela. No entanto, a semelhança entre a “democracia” de Alfredo e a de Lula terminam na grafia e na fonética da palavra. Enquanto Lula, mesmo com vários escorregões anti-democráticos que tem cometido, é de longe um democrata, para Alfredo, a palavra só tem efeito no seu conteúdo significante.
ALFREDO E A “REVOLUÇÃO” DOS CLONES
Alfredo, que participa da “revolução” dos clones (parceria Omar-zonino, Eduardo Brag-onino e Alfred-onino, todos clones do agora inimigo de ocasião, Amazonino), chegou à prefeitura praticamente como um desconhecido, ficou dois mandatos, e o legado de sua prefeitura se reduz às Palmeiras Reais dos canteiros dos divisores de algumas avenidas, que foram importadas à peso de ouro e morreram à míngua no forte calor manoniquim, e o Expresso, apelidado pela população de Extresso, que hoje está praticamente desativado, e que custou caro ao bolso do contribuinte local. Alfredo, à época chamado a assumir o ministério dos transportes indicado pelo seu partido, o então PL, hoje PR, hesitou em assumir, visto que as denúncias e dossiês fartos em provas de corrupção o aguardavam em Brasília. Assumiu com a vênia dos chamados caciques locais, e a garantia de que não seria atacado. Como Braga, é adepto das obras de ocasião, próximas ao período eleitoral, para tentar capturar a crença (e o voto) do eleitor inatento. Daí que surjam, agora, depois de muito tempo, notícias sobre a famigerada BR-319. Ou isso, ou Alfredo é mais um ministro de vitrine, aqueles que são nomeados como forma de contar com os votos da bancada do partido nas casas legislativas, mas que na prática não têm nenhum poder de decisão. Vide o caso das Minas e Energia, e o Sr. Edison Lobão.
É bom lembrar que, em matéria de censura, prática dos governos tiranos em proibir o uso de determinadas palavras, ou usar outras com um significado capturado aos seus interesses, os clones “-oninos” são reincidentes: em eleições anteriores, o seu clone-mor, Amazonino, já tentou judicialmente proibir o uso da palavra “sistema”.
LULA, E A CONCILIAÇÃO NÃO-DEMOCRÁTICA
Por que Lula, cujo candidato em Manaus é Praciano, permite que Alfredo cite seu nome na propaganda eleitoral de um adversário? Lula dá razões para isso. Com seu tom conciliatório, de quem não quer briga com os “aliados”, Lula abre margem para que, em todo o Brasil, oportunistas usem seu nome e colem à imagem do Sapo Barbudo aos candidatos alpinistas. Um equívoco anti-democrático de Lula, que prefere não usar – ou não tem consciência – da potência democrática que ele corporifica, e que é a potência democrática do Brasil. O mesmo equívoco que o levou a abraçar o foragido número 1 da Polícia Federal do Amazonas, Adail Pinheiro, em Coari.
Além disso, Lula, também a contento da chamada base aliada, não se posiciona claramente a favor dos candidatos que apóia nas capitais e principais cidades brasileiras.
Ao não ativar, nas suas palavras, a potência democrática que ele carrega e que está mudando o Brasil, Lula permite que outros políticos, estes sim corpos anti-democráticos, usem a sua imagem – consentida – para enfraquecer a política como práxis emancipadora do homem. Aí, Lula não pode ser considerado democrático. Sua palavra não vale, senão como mercadoria.