O QUE O SENADO TEM HAVER COM ALLENDE?

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O senado brasileiro aprovou quarta-feira passada (20) requerimento de homenagem a Salvador Allende. A homenagem está marcada para 11 de setembro, durante expediente. Allende, “El Pije” (o elegante), como era conhecido, foi médico, um dos fundadores do Partido Socialista chileno (de onde depois saiu), Deputado, Ministro da Saúde e Senador no Chile. Após perder três vezes as eleições presidenciais, em 1970 elege-se presidente pela coligação de esquerda Unidade Popular e entra para a história como o primeiro marxista a chegar ao poder executivo maior através das urnas. Allende construía um socialismo dentro de uma democracia representativa, fazendo com que as leis existissem a partir das necessidades reais do povo. E assim criava as condições necessárias para o aumento das capacidades físico-biológicas, cognitivas e afetivas da população chilena. Mas o seu “caminho chileno para o socialismo” foi interrompido pela direita do Chile e pelo governo norte-americano, que fizeram a economia do país despencar, o que gerou descontentamento popular. Mesmo assim a população chilena, nas eleições de 1973, foi 43% a favor de Allende e da Unidade Popular. Foi somente a força que retirou Allende do poder. Ainda em 1973, no dia 11 de setembro, houve o golpe militar comandado pelo general Augusto Pinochet. Allende, em uma escolha política livre, nesse mesmo dia, preferiu o suicídio a ver a sua produção existencial socialista mortificada pelos estúpidos e despóticos meios da direita e dos norte-americanos de imporem a força em um país. Assim, perguntamos: o que o senado entende de fazer da democracia representativa um efetivo socialismo? De que maneira o senado, então, pode se aproximar de Salvador Allende? Acreditamos que somente através de homenagens, ou seja, de ficções vazias onde vigoram os delírios da pretensão de quem faz a homenagem imaginar estar acima do homenageado. Nem de perto nem de longe o senado alcança Allende. Tão pouco alcança a ficção cinematográfica do diretor de Machuca, Andrés Wood, que movimentou os últimos tempos do governo de Allende através da percepção de crianças que viam para além do início de um Chile corrompido.

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