O filósofo Marx, para quem as aparências não enganavam, portanto via o invisível, disse certa vez, que “não se deve julgar um indivíduo pelo que ele pensa de si próprio”. Entendendo a fenomenologia do aparecer como fundação ontológica do homem, o filósofo Sartre tomou a enunciação marxiana e desdobrou-a: “Um homem não é o que ele pensa de si, mas o que ele faz”. Aí dois filósofos das liberdades revelando o truque da simulação do próprio duplo do burguês.

Os senadores Arthur e Dias, do PSDB, são modelos passiveis das vizibilizações operadas pelo pensamento da dupla-epistemológica Marx/Sartre. Ignorantes das práxis elementares da República, Democracia e Povo, atoleimadamente tentam esculpir uma figura que possa desendereçar o entendimento da sociedade sobre a caricata lista de gastos de seu mestre intelectivo e moral: Fernando Henrique. Um esforço hilário para serem tidos como democratas e republicanos.

Desenganados por Marx, que vai além do que a dupla-intrigante pensa de si imaginam-se republicanos-democratas , e por Sartre, que escancara o que fazem desfiguração da democracia , tentam magicamente inverter a realidade política-social de suas claras intenções: culpar de qualquer forma a ministra Dilma Roussef. Arthur julga (pelo julgamento que tem de si próprio) a ministra, exigindo pena por sua culpa. “Democraticamente” tiraniza o nome da ministra. Executando o papel de policial, prende; delegado, confina; e juiz, julga e condena. Fantasia: é o senhor das leis. “O Mundo aos Meus Pés”.Com os pés de barro, o nome de Dilma escapa. Dias, menos afeito ao maneirismo oral-muscular-jurídico do mensageiro de Fernando Henrique e empresários, mas muito afeito a dissimulação escorregadia, desliza no Sim e no Não. Afirmou que entregou a lista para a revista Veja, mas agora não entregou. Não cansa, como seu parceiro amazonense, de tentar desrealizar o real político por medo de uma possível cassação por quebra de decoro parlamentar.

Alguns cabotinos negadores da existência, diante de seus dias presentes inúteis, costumam, com um hercúleo esforço para se manterem suspirando, se reportarem ao passado, lamentando que tudo no passado era melhor. Por exemplo: a escola, o ensino. Para esses dias inúteis, cabe uma pergunta: Se o ensino era melhor, por que o Arthur, no seu curso de direito, não aprendeu o que é um dossiê, para poder diferenciar uma lista com dados incompletos, de um elemento enunciador composto de signos jurídico: um processo (dossiê)? E o Dias? Que experiência escolar teve para ver em uma lista um dossiê? Será que seu curso foi na verdade um curso de mágica, por isso transforma todo real em quimera, algo sem essência e existência? Bons tempos aqueles.

Maldade dos dois filósofos em despir os dias dos dois modelos de inteligência e moral política. E o pior é que depois desta nudez, a cada notícia do crescimento geral do Brasil, mais se vê neles o que eles não julgam visíveis para o povo. Não são reis, mas sempre andaram nus diante do olhar democrático do brasileiro. No caso do “orgulho do Amazonas”, de tanto ser visível o povo lhe concedeu o expressivo 5.5%. Como é bom ser justiceiro. E assim valsam: dias sim, dias não.

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