O JORNALISMO ESCOTOMIZADO NÃO FIXA IMAGENS

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A projeção é uma práxis comum do homem em sociedade. Uma condição de relação social em que um indivíduo lança partes suas em outro ou, às vezes, em todo o meio. O meio aparece como prolongamento seu. Existem duas formas de projeção. Uma, quando o indivíduo projeta no outro seus afetos maus, na sociedade da retaliação, o mais predominante. Duas, quando o indivíduo projeta no outro afetos bons. De qualquer sorte, as duas formas não são ações racionais. Sempre são efeitos de causas não singulares: não são produzidas por um encontro racional (causa de si), mas por um encontro paixão (efeito de outro). Embora a segunda forma construa ou mantenha uma relação boa, não aumenta a potência de agir. Pode levar a erro de entendimento, e muitas vezes atribuir a outro afetos bons que este não possui, como ocorre com alguns indivíduos que atribuem ao jornalismo escotomizado (também conhecido como mídia seqüelada) uma inteligência e uma força de atuação social que não possui. Tomemos como linha produtiva, sem projeção, o governo Lula em unidade política/social com o povo. Pois bem, façamos a distribuição da população brasileira entre o jornalismo de todos os matizes reacionários Folha, Globo, Estadão, Rede Globo, Bandeirantes, SBT, RedeTV, Veja, Época, IstoÉ, etc. Pois bem, qual o número de pessoas que adquirem os impressos e assistem estas TV’s? Resposta: os impressos, um número baixíssimo, a maioria classe média. As TV’s, um número maior, que busca apenas o chamado entretenimento, o ócio-inútil. No primeiro caso, tem-se a constatação da maior parte da população que não sabe que eles existem. E sendo parte da classe média e a elite seus leitores, e estando estas classes confinadas em suas indiferenças sociais, tudo que possam encontrar nestes impressos jamais passarão à maior parte da população, dado o grau de distância e medo que nutrem do povo. O tal efeito dominó não possui causa: é imóvel. Logo, é por escotomização intelectual que estes impressos publicam matérias contra o governo Lula, esperando que chegue no povo, mas não chega. A leitura do povo é concreta. É construída em sua experiência direta com o mundo. Práxis realizada diretamente nas políticas sociais praticadas pelo governo Lula. Uma concretitude de onde se infere que sujeitos-sujeitados como Josias, Clóvis Rossi, Catannhêde, Kennedy, Mainnardi, Leitão, Azevedo, Noblat, entre outros comparsas, apenas cumprem funções ficcionais. Realidade que seus patrões sabem, já que as crises financeiras encontram-se bem alojadas em suas redações. E só ainda não pediram falência, por orgulho.

Quanto às TV’s, a estrutura tecnológica psicodélica conferiu-lhe a obnubilação onipotente que a entrelaça em imagens e sons tidas como mágicas para dominar e comandar a população. Entretanto, ao chegar à população, defronta-se com um corpo constituído no real-social, e então a operação massificante não se consuma. Seus telejornais, ofensivos ao governo Lula, sequer são comentados. Em suma, circulando nas áreas periféricas de seus olhos, zonas-alucinógenas, onde se produz estados hipnogógicos (sono/sonho), este jornalismo escotomizado não pode fixar imagens centrais onde se realizam as experiências da população. Então, sonambúlico, tenta se auto promover a um degrau sem importância para não perder a pose diante de si mesmo. Crença em uma inteligência necessária para salvar o Brasil. Mas tão somente triste circularidade espectral da dor perceptiva.

Daí que alguém ver neste jornalismo uma ameaça ao governo Lula é projetar sua inteligência em alguém que não a possui.

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