O FILÓSOFO EPICURO E OS PREFEITOS DE MANAUS
Carregados por mitos e mistificações, alguns homens na vitória a na adversidade atribuem a si grandezas divinas. “Há aí o dedo de Deus”. O filósofo Epicuro, pensando sobre estas atribuições, considerou: “Deus, ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode, é impotente: o que é impossível em Deus. Se pode e não quer, é invejoso: o que, do mesmo modo, é contrário a Deus. Se nem quer nem pode, é invejoso e impotente: portanto, nem sequer é Deus. Se pode e quer, o que é a única coisa compatível com Deus, donde provém então a existência dos males? Por que razão é que não os impede?”. Porque os males são negócios dos homens. Criados e implicados neles. Ontem, domingo, aqui em Manaus, houve uma tempestade com fortes ventos que causou pavores na população e grandes estragos materiais as famílias e as vias públicas. Fato natural incomum na cidade. A cidade é produto dos homens. Suas ruas, seus prédios, suas pontuações urbanas/arquitetônicas são produções dos homens. Todos os feitos e defeitos, bons ou maléficos, são da ordem dos homens. A cidade é dos homens, dizia o filósofo Sartre. E acrescentava que tudo da cidade é revelação do homem. Epicuro nos livra de Deus: os males são nossos. Deus jamais os queria em nós. Daí, a responsabilidade de todos os males de Manaus está nas mãos de seus administradores e não nos desígnios de Deus. A Manaus que não suporta um temporal, a Manaus que alaga, que fica intransitável, que fica horas sem energia e água, é produto da incompetência dos seus prefeitos que construíram e mantiveram um cidade sem condições de suportar no natural. O natural que é arrolado como a causa dos males urbanos. Mesmo sendo vivente anterior à cidade. Na história próxima de Manaus, sem Deus, quais são os responsáveis por seus males? Amazonino Mendes, Arthur Neto, Eduardo Braga, Alfredo Nascimento, Carijó e Serafim. A grande ironia para estes cristãos: sem Deus não há quem culpar. Eis a grande contribuição filosófica de Epicuro, que a 342 a 270 a. C. preconizou os argumentos que seriam usados pelo prefeitos de Manaus para explicar suas ineficiências administrativas nos séculos XX e XXI. E assim, livrou a cara de Deus.
Leitores!
Como antes, nos primórdios, o povo é ludibriado por seus governantes. Naquele momento histórico, um pouco de razão e lógica desmontou toda enganação apoiada no senso comum, bastou um pouco de bom-senso para que se corrigir os efeitos das falácias que hoje estão na boca-suja dos poliqueiros.
Não penso que a solução esteja, agora no segundo turno, nos candidatos a Prefeitura de Manaus, ambos sabem o que fazer e como fazer, tem os recursos e sabe onde buscá-los, mas infelizmente ao assumir o governo da cidade eles esquecem o que deve ser feito. Sem dúvidas farão o mal à “cidade” de uma vez só, mas as coisas boas farão em gotas homeopáticas, lembro Maquiavel, mestre frorentino, de quem eles são discipulos senão phd em maquiavelismo.
Força no teu arco!