O anúncio, feito pelo Ministério das Relações Exteriores, altera a agenda inicial do presidente, que previa presença em um evento ambiental em Fernando de Noronha nos dias 8 e 9. Segundo o governo, o petista participará apenas do primeiro dia da cúpula, com chegada prevista para domingo (9), e retornará em seguida a Belém (PA) para a abertura da COP30, programada para segunda-feira (10).
Cúpula esvaziada e foco na crise venezuelana
A reunião da Celac com a União Europeia ocorre em meio à escalada de tensões no Caribe e enfrenta um esvaziamento inédito de líderes europeus. Chefes de governo como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Friedrich Merz, anunciaram que não comparecerão ao encontro.
Fontes diplomáticas relatam que a ausência dos líderes reflete o desconforto diante da falta de consenso sobre como reagir às ofensivas dos Estados Unidos contra a Venezuela e também à recente imposição de sanções à Colômbia.
Nas últimas semanas, o presidente americano Donald Trump autorizou ações militares contra supostos barcos de narcotráfico e determinou novas restrições a países da região, medidas que ampliaram a tensão diplomática e provocaram críticas da ONU e de governos latino-americanos.
Nesse cenário, a confirmação da presença de Lula assume caráter simbólico e reforça a tentativa brasileira de manter o diálogo político na região.
“Problemas políticos não se resolvem com armas”
O foco da participação brasileira e um dos motivos da decisão de Lula de comparecer ao evento é justamente a crise em torno da Venezuela. Em entrevista a agências internacionais, o presidente afirmou que “a reunião da Celac só faz sentido agora se for para discutir a questão dos navios de guerra americanos”.
Lula ressaltou que a América Latina “é uma zona de paz” e acrescentou: “Não quero que cheguemos ao ponto de uma invasão terrestre dos EUA na Venezuela”.
Nos últimos meses, os Estados Unidos deslocaram navios de guerra e caças para o Caribe, alegando combate ao tráfico de drogas. As operações, no entanto, geraram reação de governos da região e da própria ONU. Segundo o alto comissário de direitos humanos, Volker Türk, as ações resultaram em mortes “em circunstâncias que não encontram justificativa no direito internacional”.
O presidente brasileiro condenou o uso da força estrangeira sem diálogo político e reafirmou: “Problemas políticos não se resolvem com armas, resolvem-se com diálogo”.