MOVIMENTOS ENTREGARAM A ALCOLUMBRE MAIS DE 2 MILHÕES DE ASSINATURAS PELA ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA E O FIM DA ESCALA 6X1
Presidente do Senado se comprometeu em pautar, nas próximas horas, o PL da Isenção de Imposto de Renda no plenário
Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, se reúne com movimentos populares na manhã desta terça-feira (4), em Brasília. Foto: Assessoria PT
As assinaturas foram recolhidas durante o Plebiscito Popular 2025 – Por um Brasil Mais Justo e Soberano, realizado durante o mês de outubro por movimentos populares. Igor Felippe, um dos coordenadores nacionais da iniciativa, explicou que, agora, a articulação política do movimento passa a uma nova etapa de diálogo e incidência política.
“Estamos organizando uma série de agendas da Comissão Executiva do Plebiscito Popular para apresentar os resultados desse processo de organização, mobilização e diálogo da sociedade e colocar que mais de 2 milhões de pessoas votaram e que desejam, lutam e esperam que o Congresso aprove a taxação dos super-ricos para garantir a isenção de Imposto de Renda e o fim da escala 6 por 1 por meio da redução da jornada de trabalho sem redução salarial”, disse Felippe ao Brasil de Fato.
“Nós fomos manifestar a posição dos movimentos populares que organizaram o plebiscito e de todos aqueles que participaram, de que nós queremos que o projeto seja aprovado, seja aprovado de caráter terminativo para que possa ser promulgado o quanto antes pelo presidente Lula e que possa começar a valer no ano 2026”, completou.
O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, também participou do encontro e falou da importância da aprovação do projeto que isenta trabalhadores do pagamento de Imposto de Renda, que deve ser analisado pelo Senado nas próximas horas. “A aprovação da isenção do IR no Senado será uma grande vitória, mas seguiremos em frente para debater e aprovar o fim da escala 6 x 1 e outras propostas que mudam a vida da população”, declarou Silva.
Ceres Hadich, integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), afirmou que foi um diálogo importante estabelecido para dar continuidade ao aprofundamento dessas e de outras questões.
“O presidente se demonstrou bastante sensível a essa pauta da questão do trabalho em si, inclusive provocando a gente a fazer debates mais profundos em torno da importância de debater não só o tema da escala 6 x 1, mas também as transformações no mundo do trabalho e os desafios que estão postos para nós enquanto sociedade e para eles também enquanto governo”, destacou a dirigente do MST.
Redução da jornada de trabalho sem redução de salário
Quando o tema é redução da jornada de trabalho sem redução de salário, popularizado no Brasil como “o fim da escala 6 x 1”, o cenário muda. Alana Alves, coordenadora nacional do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), reconhece a importância do diálogo com os mais variados espectros políticos, mas reclama da lentidão com que as decisões são tomadas.
“A impressão que eu tive é a impressão que eu já tive em todas as outras reuniões. Todo mundo parece muito aberto a conversar, a falar sobre a redução da jornada de trabalho, mas todo mundo tem certas ressalvas. A ressalva dele [Davi Alcolumbre], no caso, foi mais no sentido de dizer que o fim da escala 6 x 1, a redução da jornada de trabalho, está interligada com outras pautas, com outras questões, por exemplo, muito relacionada à questão da aposentadoria”, aponta.

A coordenadora do VAT conta que faz parte de uma pesquisa que deve produzir dados sobre a realidade do trabalho no mundo de hoje, e apontar saídas aos problemas estruturais relacionados aos direitos dos trabalhadores.
“A ideia é gerar um relatório e gerar dados para que a gente possa chegar com dados até as pessoas que conseguem fazer essa decisão”, comenta a ativista.
Por outro lado, Alana Alves afirma que a pauta encontra maior apoio no Senado, porque na Câmara o assunto ganha outros contornos. “Na Câmara dos Deputados, infelizmente, nós temos um grande inimigo que se chama Hugo Mota, que não quer fazer a PEC andar. A PEC está lá na mesa dele e só precisa que ele paute. Tanto que a gente tem feito campanhas massivas, colocando a cara dele para que todo mundo veja, que a PEC 8 de 2024 só não anda por conta do senhor Hugo Mota”, afirma.
Reunião com Lula
A coordenadora do VAT diz ver com bons olhos as recentes declarações de membros do governo federal em apoio à causa do movimento, sobretudo do recém-empossado ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos (Psol), que em seu discurso de posse fez referência à pauta do fim da escala 6 x 1.
“Se são contra o sistema, porque é que não apoiam a nossa proposta de taxar bilionário e bet. Se defendem o povo, por que não vem junto com a gente para acabar com a escala 6 x 1 para milhões de trabalhadores brasileiros? Nós precisamos trazer isso para o debate público no nosso país”, declarou o ministro na ocasião.
Agora, o movimento VAT pede a realização de uma reunião com o presidente da República para discutir o assunto.
“Porque como eles estão se mostrando tão abertos à pauta, estão abertos a abraçar essa pauta, finalmente, então, que a gente consiga ter essa união, consiga conversar, mostrar o lado de cá também. Porque o VAT reascendeu essa luta histórica pela redução da jornada de trabalho. É uma que vem antes de mim, antes dos meus pais, mas o VAT inegavelmente reacendeu essa luta”.
Além do PT, MST e VAT, estavam representadas na reunião o senador Davi Alcolumbre a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central de Trabalhadores do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).
A reportagem entrou em contato com as assessorias do senador Davi Alcolumbre e do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (REP-PB), citado por uma das entrevistadas, e aguarda posicionamento.