IBAMA DESTRÓI 100 ESCAVADEIRAS, 312 MOTORES E 428 ACAMPAMENTOS DO GARIMPO NA TERRA INDÍGENA SARARÉ NO MT
Operação Xapiri-Sararé desarticula infraestrutura criminosa na terra indígena mais impactada pelo garimpo em 2025
Sede por ouro do garimpo ilegal deixa um rastro de destruição na floresta – Julliane PereiraAscom/Ibama
Além do maquinário pesado, foram inutilizados 50 mil litros de combustível, 42 motocicletas, nove caminhonetes, dez caminhões e outros equipamentos usados na extração ilegal de ouro. Em propriedades rurais que serviam como base de apoio logístico ao garimpo, os fiscais apreenderam quase 13 quilos de mercúrio e destruíram depósitos clandestinos e oficinas de manutenção.

De acordo com o Ibama, a operação é fruto de determinação judicial e seguirá por tempo indeterminado, com o objetivo de conter a atividade criminosa. Desde 2023, cerca de 400 escavadeiras já foram inutilizadas na Terra Indígena Sararé, além de motores e outros equipamentos usados na extração ilegal.
A Terra Indígena Sararé, onde vive o povo Nambikwara, concentra atualmente a maior quantidade de alertas de garimpo do país: foram 1.814 registros apenas em 2025. O avanço da atividade ilegal já provocou a destruição de 743 hectares de vegetação nativa, além de contaminação dos rios com mercúrio e resíduos oleosos.

Explosão do garimpo na Amazônia
Entre 2015 e 2024, 58% de toda a área minerada no Brasil foi aberta, e dois terços desse avanço ocorreram na Amazônia. O garimpo ilegal teve papel central nesse processo: cresceu 361% em terras indígenas no período, alcançando 241 mil hectares, de acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Esse salto foi impulsionado por mudanças na legislação, que flexibilizaram regras de licenciamento e abriram caminho para a exploração em novas fronteiras, além da valorização internacional do ouro e da corrida por minerais estratégicos ligados à transição energética. O resultado é a intensificação de conflitos em territórios indígenas, quilombolas e assentamentos da reforma agrária, acompanhada de desmatamento, contaminação de rios e expulsão de comunidades tradicionais.