RAMAGEM MONTOU DOSSIÊ SOBRE CASO DAS “RACHADINHAS” DE FLÁVIO BOLSONARO UM MÊS ANTES DE SER INDICIADO PARA CHEFIAR A PF

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Documento foi criado em março de 2020, quando Alexandre Ramagem comandava a Agência Brasileira de Inteligência (Abin)

Alexandre Ramagem, ABIN e Flávio Bolsonaro (Foto: Carolina Antunes/PR | Reprodução | Jefferson Rudy/Agência Senado)

247 – A Polícia Federal (PF) apreendeu um documento que indica que o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atualmente deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) produziu para Jair Bolsonaro (PL), em março de 2020, um dossiê secreto com informações que buscavam anular as investigações de um suposto esquema de “rachadinha” contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Segundo a Folha de S. Paulo, o arquivo digital foi criado um mês antes de Ramagem, então diretor-geral da Abin, ser escolhido por Bolsonaro para comandar a Polícia Federal, escolha que foi barrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O documento intitulado “Bom dia Presidente” alegava que Flávio havia sido implicado no escândalo das “rachadinhas” devido a acessos ilegais de seus dados fiscais por servidores da Receita Federal, uma tese desmentida por investigações posteriores.

Ramagem, que chefiou a segurança de Bolsonaro durante a campanha de 2018 e é atualmente deputado federal, negou envolvimento com ilegalidades em depoimento à PF. Segundo as investigações, o documento foi atualizado por Ramagem de março de 2020 a março de 2021 e alegava, sem provas, que a Operação Armadeira, que prendeu um auditor da Receita, visava encobrir servidores que acessaram ilegalmente dados fiscais, incluindo os de Flávio.

O documento detalhava informações sobre chefes da Receita, sugerindo irregularidades que demandariam apuração. “O texto lista, então, informações sobre os então chefes do Escritório de Corregedoria da 7ª Região Fiscal (Escor07), Christiano Paes Leme Botelho, do Escritório de Pesquisa e Investigação da 7ª Região Fiscal (Espei07), Cleber Homen da Silva, além do então corregedor-geral da Receita, José Pereira de Barros Neto. O documento relata que os chefes dos escritórios na Receita no Rio estavam no cargo há anos e que isso só seria possível por omissão do corregedor-geral”, destaca a reportagem. 

A Receita investigou a situação, mas não encontrou fundamento nas alegações. Investigações da PF também apontam que Ramagem e Bolsonaro estão no centro de apurações sobre uma suposta “Abin paralela”, criada para monitorar ilegalmente adversários políticos e disseminar fake news contra críticos e opositores do governo do ex-mandatário.

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