VÍDEO: ENTREVISTA DE LULA Á MÍDIA CHINESA VIRALIZA

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Presidente brasileiro falou à CGTN, um dos principais veículos de comunicação chinês, e abordou temas da geopolítica, como Guerra da Ucrânia e sul global, o exemplo da China a eliminação da extrema pobreza e sobre a sua missão no comando do país

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma entrevista exclusiva para um dos principais veículos de comunicação da China, a CGTN em inglês. O mandatário brasileiro conversou com o jornalista Wang Guan, do programa Leaders Talk, em Xangai, no primeiro dia da visita oficial, na quinta-feira (13).

Trechos dessa conversa viralizaram nas redes sociais do país asiático, com mais de 1 milhão e 700 mil visualizações apenas no WeChat, o serviço de mensagem chinês. Em especial quando Lula fala sobre a missão dele à frente da presidência do Brasil.

“Só tem uma razão para ser presidente do Brasil: é melhorar a vida do povo mais pobre. Garantir que ele possa tomar café, almoçar e jantar todos os dias. É garantir que ele tenha um emprego. É garantir que ele possa criar a sua família”, disse Lula.

Durante quase meia hora de diálogo, Lula destacou o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, da sigla em inglês), que agora sob o comando da ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, terá um papel importante para fortalecer os laços entre Brasil e China e dar mais peso às economias do Brics – formado pelos dois países mais a Rússia, a Índia e a África do Sul. A instituição também pode ter um papel importante para o fim do domínio do dólar dos EUA. 

Lula disse ainda acreditar que o papel da China nos assuntos globais é uma força para o bem e para a mudança. Ele diz que espera que a potência asiática desempenhe um papel de liderança no fim do conflito na Ucrânia. 

Questionado sobre as expectativas para o encontro com o presidente chinês, Xi Jinping, que ocorreu no dia seguinte à entrevista, na sexta-feira (14), Lula ressaltou que China e Brasil têm muitos interesses em comum e que espera aperfeiçoar os laços sino-brasileiros.

Lula elencou vários assuntos que gostaria de tratar com Xi. De fato, todos foram abordados durante a visita e estão na Declaração Conjunta China e Brasil. 

“Primeiro, eu gostaria de estabelecer com a China uma parceria estratégica que pudesse durar muitas e muitas décadas. Segundo, é preciso avançar na relação do Brasil com a China não apenas na questão econômica e comercial, é importante que a gente avance um pouco na questão científica, tecnológica”, respondeu.

O presidente brasileiro também falou sobre o interesse em abordar a Guerra da Ucrânia com Xi Jinping, tema que acabou sendo um dos pontos da declaração conjunta. “O lado brasileiro vê a proposta relevante da China de forma positiva e acredita que a proposta fornece uma ideia útil para buscar uma solução pacífica para a crise. A China vê positivamente os esforços do Brasil para promover a realização da paz”, registra o documento.

Sobre a questão da geopolítica e a atuação pelo fortalecimento dos países em desenvolvimento, Lula defende um novo modelo de governança global e avalia que o mundo não é mais o mesmo desde a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945. 

O presidente brasileiro destacou que a China tem um papel muito importante no mundo hoje e tem que ser levada em conta, assim como o Brasil e países como Nigéria, Egito, México e Índia.

“Não dá para você ter uma governança que não representa aquilo que é o espectro político da sociedade mundial. Vou continuar brigando por isso”, garantiu.

Lula comentou sobre a necessidade da China para o mundo de hoje, ressaltou a importância de existir debates e disputas econômicas, científicas e tecnológicas e destacou o desenvolvimento chinês nos últimos 50 anos. 

“Isso é importante para o mundo. A gente não pode ficar olhando só um lado e ouvindo uma só voz ou um país. Agora a China aparece no cenário mundial não falando de guerra, mas falando de desenvolvimento, de investimento e educação”, afirmou.

O presidente brasileiro também avaliou o caminho da China para a modernização e o desenvolvimento e destacou a extraordinária tarefa de eliminar a extrema pobreza no país. 

“Eu acho que a gente tem que estudar a China com muito carinho, com muito cuidado e com muita humildade. A gente não é obrigado a concordar em tudo com a China. Mas a gente não pode ser contra por ser contra. Importante a gente saber o que foi feito, como foi feito e por que deu certo. Isso assusta um pouco outros países”, avaliou.

Ao ser perguntado se ele concorda com avaliação de alguns especialistas de que a presença da China no Brasil e em outros países da América Latina é um modelo de neocolonialismo, ele discorda. “A China tem se comportado no Brasil de acordo com o que os empresários brasileiros têm aceito”, afirmou.

Lula falou que o Brasil tem interesse em propor à China investimentos em bens públicos e infraestrutura, como rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, além de novas indústrias e cooperação educacional.

O presidente brasileiro  destacou que o modo de ver o mundo chinês é muito semelhante ao modo dele próprio. 

“Eu quero o mundo mais humanista, eu quero o mundo mais justo, eu quero o mundo mais fraterno, eu quero o mundo mais solidário, eu quero um mundo sem guerra, eu quero o mundo com mais emprego. Por isso que nós temos uma certa afinidade. E daí a minha admiração pelo sucesso da China.”

Confira a entrevista na íntegra

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