CORONAVÍRUS: ESTUDO ELOGIADO POR TRUMP “NÃO ATENDEU PADRÕES”: “COMPLETO FRACASSO”

Sociedade médica que publicou pesquisa francesa afirma que experiência realizada com hidroxicloroquina para tratar covid-19 “foi um fracasso completo”
Jornal GGN – Tanto Donald Trump como Jair Bolsonaro tem sido torcedores ferrenhos do uso da hidroxicloroquina para o tratamento do coronavírus, e o presidente norte-americano chegou a apontar um estudo francês como evidência de que uma combinação específica de medicamentos pode ser “uma das maiores mudanças na história da medicina”.
Entretanto, informações da emissora norte-americana CNN indicam que a sociedade médica que publicou a pesquisa francesa emitiu uma declaração afirmando que o estudo “não atende ao padrão esperado”.
E o doutor Kevin Tracy, presidente e CEO do Instituto Feinstein de Pesquisa Médica, fez uma análise ainda mais contundente do estudo, afirmando que o mesmo “foi um fracasso completo”. Segundo Art Caplan, chefe da divisão de ética médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York, diz que o resultado do estudo “foi patético”.
O relatório em questão foi elaborado por Didier Raoult, que ganhou fama depois que publicou um vídeo no YouTube no final de fevereiro, descrevendo como os médicos chineses conseguiram tratar pacientes com cloroquina e prevendo o “fim do jogo” do coronavírus. E seu vídeo foi assistido por Trump, que se entusiasmou com a ideia. Outro dos autores é Jean-Marc Rolain, editor-chefe do International Journal of Antimicrobial Agents, onde a pesquisa foi publicada.
A pesquisa foi realizada no Méditerrannée Infection University Hospital Institute, na cidade francesa de Marselha, e começou com 26 pacientes usando a hidroxicloroquina. Contudo, seis desses pacientes foram “perdidos no acompanhamento durante a pesquisa por causa da interrupção precoce do tratamento”.
O estudo francês com 20 pessoas descobriu que a administração de hidroxicloroquina estava associada com “uma redução/desaparecimento da carga viral em pacientes com Covid-19”, ressaltando que o efeito foi “reforçado” com o uso da azitromicina.
Os autores do estudo afirmam que “100%” dos pacientes que tomaram a combinação de medicamentos foram “curados virologicamente”, em comparação com 57,1% dos pacientes que tomaram hidroxicloroquina isoladamente e 12,5% do grupo controle. Porém, os autores não foram claros no que quiseram dizer com “cura virológica”.
Além disso, tanto Tracey como Caplan afirmam que vários pacientes que tomaram o medicamento não resistiram, e seus resultados não foram levados em consideração nas conclusões finais do estudo.