Governo anunciou linha de crédito para manutenção dos caminhões, mas trabalhadores contestam: mais da metade dos caminhoneiros está com o nome sujo
17/04/2019.
Marcalo Camargo/Agência Brasil
Cumprimento do tabelamento do frete e redução do preço do diesel não foram contemplados no anúncio do governo
Caminhoneiros não descartam uma nova greve, após as medidas anunciadas pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, nesta terça-feira (16), como forma de agradar a categoria e dissipar a ameaça de nova paralisação, como a ocorrida em maio do ano passado. Apesar de o governo claramente temer a repetição do movimento, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) afirma que as medidas não dissolvem as tensões entre os caminhoneiros.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, os caminhoneiros afirmam que as principais reivindicações da categoria, que envolvem o cumprimento do tabelamento do frete e redução do preço do diesel, não foram contempladas no pacote anunciado pelo governo Bolsonaro.
“Nada do que o ministro da Infraestrutura anunciou nos ajuda. É um avanço conseguir pegar dinheiro no BNDES a baixo custo? É. Mas hoje, mais da metade dos caminhoneiros está com o nome sujo no Serasa. Nós vamos conseguir pegar esse crédito?”, questionou Wanderlei Alves, o Dedéco, da CNTA de Curitiba-PR.
Entre as medidas anunciadas pelo Palácio do Planalto, estão também a liberação de R$ 2 bilhões para obras nas rodovias, além de mais um total de R$ 500 milhões, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para atender os caminhoneiros autônomos que queiram investir em manutenção dos caminhões e compra de pneus, com teto de até R$ 30 mil por pessoa, com um limite de dois veículos por CPF.
O governo também se comprometeu a concluir as obras da BR-163, fundamental para o setor do agronegócio na região Centro-Oeste, que pretende utilizar a rodovia para escoar sua produção. Além disso, o Planalto anunciou que irá pavimentar estradas e construir áreas de descansos nas vias.
Ainda de acordo com Dedéco, é certo que haverá novas paralisações já no próximo mês. “O pessoal está eufórico. Vai parar dia 21 de maio. Isso se não parar antes, se houver aumento do diesel“, afirmou.