PREFEITO INTERINO EMPENHADO EM ACABAR COM A MEIA-PASSAGEM, E A INTELIGÊNCIA SUBSERVIENTE DOS VEREADORES DE MANAUS

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Prefeitura e Sinetram andam em conformidade e sob o princípio da identidade. Se até este momento, ainda havia quem não acreditasse que o prefeito vitalício de Manaus, no quesito transporte coletivo (mais precisamente, na ausência de um), é o empresário e campeão de processos na justiça, Acyr Gurgacz, dono da Transmanaus e presidente do Sinetram, agora fica claro.

Com a movimentação midiática amestrada em torno do projeto de lei que regulamenta a meia passagem enviado à CMM pelo executivo, que na prática institui a subtração dos direitos adquiridos dos estudantes realizado no final do ano passado (a “emenda dos pintados”), a gestão municipal quer fazer crer que defendeu o direito dos estudantes. Imprensa domesticada e a base aliada do prefeito na CMM aproveitaram para tecer loas ao projeto, o que não constitui um engôdo, já que efetivamente o projeto contempla os interesses em jogo. Não, é claro, o da população e dos estudantes.

Enquanto a mídia local e subserviente focalizou a retomada do controle sistêmico da meia-passagem por parte do IMTT (ex-IMTU), os vereadores igualmente subservientes ao prefeito vitalício de Manaus aproveitaram para desfilar a sua inteligência e compromisso democrático no site da CMM(os grifos e comentários são nossos; as falas, deles):

O vereador Roberto Sabino (PRTB) sequer conteve a desfaçatez, ao defender os direitos de quem efetivamente representa com seu mandato: A proposta do Executivo vai uma lei que resolverá o problema da meia passagem, pois ela traz a melhor forma de acabar com as fraudes que tanto reclamam os empresários“.

O vereador ignora que, se a prefeitura e o IMTT, enquanto órgão do poder público municipal responsável pelo transporte coletivo, tem por função precípua a organização do mesmo, deve, pois, também ser responsável pela fiscalização, e que não se pode eliminar um direito social adquirido sob a justificativa de que o próprio poder público é omisso na fiscalização das irregularidades.

A proto-feminista Socorro Sampaio (PP) deixou evidente a ausência do olhar arguto do cidadão, característica mínima necessária para o exercício da cidadania, ainda que não fosse eleita representante do poder legislativo. Ao afirmar: “Fiquei feliz por que os estudantes participaram da elaboração desse projeto”, ela ignora que enquanto os verdadeiros estudantes, sem liderança ou representação hierárquica vertical, carregando a potência da multidão, estavam protestando contra a subtração antidemocrática de seus direitos, Amazonino se reunia fantasiosamente com Marcelo Generoso e Rodrigo Guedes, que na realidade são cabos eleitorais e assessores informais do atual prefeito sub judice. e nada têm a ver com o movimento estudantil (como o leitor intempestivo, e a própria Socorro, se puder, pode constatar aqui).

O edil Elói Abreu (PTN), debutante nos corredores da CMM, evidencia a estreiteza intelectiva, e o desconhecimento sobre o que vem a ser educação, ao enunciar um entendimento interdito, que coaduna com as práticas educacionais de países e sociedades ditatoriais: “Se o aluno realmente quer estudar e comprovar isso vai ter direito a quantas passagens forem necessárias”. A um estudante que não se quer aluno, caberia perguntar ao excelentíssimo vereador Elói qual será a instância administrativa ou de especialidade que irá fiscalizar se realmente o aluno está estudando. Certamente, não a CMM. Caberia perguntar também ao vereador Elói, que deve ser um arguto observador da condição do sistema escolar de Manaus, se com as gestões anteriores e a atual, que é continuidade das anteriores, é possível, caso queira, a um aluno realmente estudar com as escolas e o modelo de ensino que lhe são oferecidos pela dupla siamesa SEMED/SEDUC. Ou ainda, mais adaptável ao grau de entendimento do edil, se é possível capturar e confinar no espaço da escola o ato de aprender, que não obstante, qualquer especialista, mesmo formado em UFAM ou suas irmãs particulares, sabe ocorrer em qualquer lugar ou situação em que se dê a reflexão e a experiência humanas. Isso num conceito tradicional de educação…

Para fechar a tarde de loas ao ato prefeitural (de Amazonino ou de Gurgacz? O estudante atento sabe a resposta!), o líder do prefeito, vereador Isaac Tayah (PTB), afirmou categoricamente que “agora o estudante está com o seu direito adquirido pelo ato do prefeito”.

JOSÉ RICARDO DESMONTA A FARSA MIDIÁTICA DA MEIA-PASSAGEM

Embora seja uma reivindicação antiga dos vereadores efetivamente ligados às questões estudantis, a retomada do controle da emissão e uso da meia-passagem por parte do IMTT (ex-IMTU) junto ao Sinetram não ocorre como deveria. Unidos como estão pelo princípio da identidade e devoção ao capital, o recurso na prática não muda nada. Evidência disso foi a reação do presidente do Sinetram e prefeito vitalício de Manaus, Acyr Gurgacz, que afirmou não ver problema na medida, desde que “a receita continue entrando”.

O vereador José Ricardo (PT), juntamente com o deputado federal Francisco Praciano (PT) defendem o uso irrestrito da meia-passagem, a partir do entendimento de que educação não ocorre apenas no ambiente escolar. Também defendem o controle total do sistema de bilhetagem eletrônica por parte dos órgãos públicos, desde que o princípio da identidade e de devoção ao capital não prejudiquem a isenção nesta gestão, o que é impossível com o atual prefeito.

Ricardo e Praciano defendem ainda que o poder público fiscalize o uso inadequado das carteirinhas de estudante, a fim de que se possa efetivamente garantir o bom uso do direito sem penalizar os estudantes.

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