CONTRA PROTÓGENES, BAND ELOGIA LULA?
Salvo algumas exceções, só para contrariar a regra, um canal de televisão no Brasil tem em sua grade de programação um programa que confirme que essa emissora respeita sua condição de concessão pública apresentando um conteúdo como serviço público de acordo com o entendimento de democracia como potência construtora da sociedade dos amigos. O que não pode ser aferido à TV Bandeirantes, cuja programação segue o mesmo trajeto midiático da TV Globo: nada a ver e ouvir como criação cidadão.
Fechada em sua torre de marfim de emissora eminentemente propagadora e defensora dos valores retrógrados ilusionistas da direita, força da comunicação de economia de mercado, é sabido até pelos vegetais (para sair um pouco dos minerais do nobre jornalista Mino Carta), que esta emissora é ostensivamente opositora do PT, e, mormente, do governo Lula. Entretanto, hoje, dia 27 de março, ela apresentou uma reportagem simulando pintar uma nesga de elogiou ao Sapo Barbudo. Como diriam os bons antigos: “Acredite quem quiser”.
Em reportagem sobre o caso Camargo Correa, o repórter Fábio Panuzzio, um dos jovens talentos do jornalismo retrógrado, afirmou que Lula em seu discurso na Sede da Polícia Federal, que comemorava seus 65 anos, fez o que poucos fariam: teceu um comentário como “clara alusão ao delegado da Polícia Federal, Protógenes, que comandou a Operação Satiagraha”, que investiga a suposta participação do banqueiro Daniel Dantas em crime contra o sistema financeiro e corrupção ativa.
Em seu pseudo elogio a Lula, o denodado repórter omitiu o real comentário do presidente. O que Lula afirmou, em tom de brincadeira, foi que se deve deixar para aparecer na imprensa os políticos. E que, agora dos veras, o Ministério Público, o Poder Judiciário e a Polícia Federal devem se resguardar da imprensa, em suas atividades. Em nenhum momento suas falas foram “clara alusão ao delegado Protógenes”.
Em seu afã de expor mais o delegado Protógenes como um personagem exibicionista, o repórter sincero não mencionou que a “clara alusão” de Lula poderia ser dirigida, também, ao ministro do Superior Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que durante todas semanas está na mídia. Inclusive na mídia da qual ele, Fábio Panúzzio, é agente do jornalismo de mercado.
Como diz o provérbio do mestre ‘desconfialdo’: “Quando a direita dá mel, nunca prove: em baixo há fel!”