DIZEM QUE OS CORRUPTOS SÃO CÍNICOS. NÃO SÃO
O corrupto é a degeneração do instinto do homem antes de se tornar “humano, demasiado humano”, diria o filósofo Nietzsche. Como degeneração, ele se espalha por territórios múltiplos com estados de coisas definidos, com uma única intenção pessoal: satisfazer sua nocividade apropriando-se do que os outros possuem. Sejam representações materiais ou imateriais. Dinheiro ou idéias. Em sua ação predadora, não manifesta nenhuma culpa, por tal, é amoral. Na semiótica psiquiátrica, encontra-se em um estado sociopata-fronteiriço.
O DESTINO-DIFERIDO DO CORRUPTO: O VAZIO
“A quem não basta pouco, nada basta”, disse o filósofo Epicuro. Aí a máxima do capitalismo, aí o credo do corrupto. Seu vazio impossibilitado de ser preenchido. Aí sua fascinação pelo dinheiro em função do fetichismo que o dinheiro carrega em se transformar em todos os objetos sem ser jamais um. Os brilhos dos objetos, a fantasia da riqueza e a ilusão da respeitabilidade são os elementos material, econômico e moral — leia-se, amoral — que estimulam a compulsão do corrupto para se apropriar do que não lhe pertence, sem o mínimo trabalho.
O corrupto, como eterno vazio, não precisa ser descendente de uma família pobre, pois ele se encontra em todas as classes. Entretanto, a facilidade que um corrupto encontra em se apossar do que não lhe pertence quando é oriundo de uma classe considerada abastada, é muito maior que a de um corrupto oriundo de classe pobre. No primeiro caso, os próprios genitores facilitam a ação corruptora de seus membros em empresas privadas, em órgãos públicos. Um pai participa da fraude de governantes para colocar seu filho no mesmo órgão em que trabalha, e ainda agradece à corrupção dos governantes no serviço público. No casso do pobre, ele tem que encontrar um território em que possa agir de acordo com seu flagelo ontológico. É, então, que ele entra para o poder legislativo ou executivo. Aí onde o dinheiro público encontra-se mais disposto a sua tara. São fraudes em licitações, desvios de verbas de obras públicas, vendas de estatais, aprovações de projetos desnecessários, tudo por onde a verba pública possa escorrer sem rastro(?). É então que, enriquecido, vem a ostentação da respeitabilidade, muitas vezes com a proteção de uma justiça-conluio, e, em alguns casos, pretende o reconhecimento de ser sensível às artes e intelectual. Risível estado de felicidade do corrupto. Mas há aqueles incautos que se indignam: “Maldito, corrupto, ainda é cínico!”
OS CÍNICOS NÃO SÃO CORRUPTOS
A filosofia Cínica foi criado no século IV a.C., por Antístenes, um filósofo pós-socrático, que fundou o Ginásio da praça do Cão Ágil, de onde saiu o nome cínico, ou caninos, posteriormente muito bem propagado por Diógenes. Ao contrário de Sócrates, que pretendia uma moral da polis, os cínicos não tinham o Estado com suas leis e a sociedade com seus sentidos de riqueza, honra, respeitabilidade, como eudaimonia, felicidade, o fim a ser atingido. Pregavam como felicidade a beleza da alma, a facilidade da fala, a liberdade, a justiça, a eqüidade, a frugalidade como união com a natureza e a leveza da vida. Nada de apego aos objetos materiais que conduzem à corrupção. Pregadores de um sentido de vida, encontrado em todo mundo, foram chamados de Cosmopolitas. E despojados dos valores da sociedade, foram acusados de pessimistas.
Na lógica, Lacan/Marx, o corrupto é no Simbólico/Imaginário/Real o agente da mais-valia do dinheiro público. Daí, erra quem o chama de cínico. É sórdido, canalha, crápula, cretino, pervertido, degenerado…, menos cínico.
O Lobo e a Cabra
Um lobo viu uma cabra que pastava na encosta de um rochedo escarpado.Como não conseguia ir até lá,convidou-a a descer:
-Cuidado,qualquer desatenção e cais-disse ele.-E mesmo aqui onde estou ocapim é melhor,a relva está toda florida.
Mas a cabra respondeu-lhe:
– O festim para qual me convidas é o da tua pança vazia.
Quem conhece o homem mau sabe de suas astúcias.
quero dar minha contribuição a vocês atravez do afinado Esopo,que esta presente sempre em nossa existência,porém ainda nos comportamos como socrátes!Paula-bairro Armado Mendes.