*……….::::: CHAGÃO! :::::……….*
“Quien quiera entender como funciona el mundo deberá entender el fútbol”.
Roberto Perfumo (ex-jogador argentino).
CHAGÃO PERGUNTA
O ‘Chagão!’ quer saber: Com o anão Dunga, o Brasil não vence nas eliminatórias fora de casa a exatos sete jogos: quatro empates e três derrotas. Nas atuais, não venceu nenhuma (empates contra Peru e Colômbia, e derrota para os paraguaios). Como o mais novo dos anões da Branca de Neve já abiscoitou pelo menos dois recordes na sua carreira de treinador (a primeira derrota de um escrete canarinho para a Venezuela e tornar banais os tropeços do time amarelo nas eliminatórias), já gravou seu nome na história, se é que ainda existe alguma importância aos fatos históricos no mundo futebolístico. Como jogador, embora não tenha participado da partida, a seleção que venceu a pior final de uma copa do mundo em todos os tempos (1994), da qual foi capitão, perdeu a primeira partida de um selecionado brasileiro em uma eliminatória. Qual o adversário, placar, e quem marcou os gols de mais este recorde da dupla Ricardo Teixeira e Dunga?
CONTA OUTRA, LEONOR!
Se atualmente o selecionado brasileiro já não comove os seus torcedores, houve um tempo não muito distante em que falar de Seleção Brasileira de Futebol (assim mesmo, com letras maiúsculas) era caso de prioridade nacional, do mais importante e agudo sentimento de nacionalismo e orgulho. Há quem defenda que o verdadeiro grito do Ipiranga não tenha sido dado por Dom Pedro I, após lavar as partes pudendas de uma irritação estomacal, mas pelo meia Didi, quando tomou a bola nos braços após o gol sueco e disse “vamos encher esses gringos de gol”, na final de 1958. Falar no selecionado canarinho não era para qualquer um, e era para todos os brasileiros. Todos se sentiam um pouco “donos” do plantel, da camisa, dos títulos. Com a degradação do futebol, a doença do futebol de resultados, o interesse pela seleção foi caindo, a ponto de não ter grande importância os resultados por ela obtidos. Se antes, os presidentes pisavam em ovos na hora de criticar a seleção, por medo da reação popular, hoje em dia, Lula, o lúcido, traduz o que a população sente e não pode dizer apenas por não ter acesso à visibilidade midiática que tem o Sapo Sábio. O respeito pela seleção desapareceu de tal modo que os jornais chilenos, quando da chegada da amarelinha no país, tenham estampado nas manchetes: “El Peor”. Daí a Leonor, comovida por saber que a paixão pela seleção nacional é maior que toda a mediocridade e estupidez de seus atuais mandatários, recorre ao passado, tentando, através de uma boa lembrança, aumentar a potência de agir do torcedor, para que ele possa sair da posição passiva para ativar o futebol brasileiro, não como negócio – onde somos invariavelmente inferiores, colônia produtora de matéria-prima e consumidora do produto final, os campeonatos europeus televisionados, cheios de brasileiros e argentinos que o testemunhem – mas como potência democrática do jogo como práxis do Homem/Mulher no mundo.
“O PRIMEIRO TÍTULO SULAMERICANO DO BRASIL – 1919”

(do “Museu dos Esportes”)
No terceiro campeonato sul-americano, realizado no Brasil, conquistamos nosso primeiro titulo. A final foi contra o Uruguai em memorável partida realizada no dia 29 de maio de 1919, no estádio das Laranjeiras no Rio de Janeiro. Naquela tarde, o publico lotou o estádio do Fluminense. O juiz, Juan Barbera, argentino, entrou em campo com um garboso uniforme: calção, paletó e gravata. A seleta platéia estava bem a vontade. Os cavalheiros usavam chapéus e as damas, muito elegantes, exibiam seus longos vestidos de seda. As autoridades, na tribuna de honra, apresentavam-se de fraque e cartola. No gramado os craques estava impecáveis. Cabelos curtos repartidos no meio, alguns de bigode bem cuidado, sérios e compenetrados, eles arrancavam suspiros do publico feminino. O estádio do Fluminense foi construído especialmente para o sul-americano de 1919. E foi a partir desta final que o futebol se tornou o mais popular esporte do Brasil. Nem todos tinham dinheiro suficiente para comprar os caros ingressos da grande final. Quem não entrava, porém, dava um jeito de se acomodar num morro existente nas Laranjeiras, com vistas para o estádio do Fluminense. Ou se aglomerava na frente do Jornal do Brasil, na Avenida Rio Branco, à espera do resultado da partida.
Para os cariocas, maio de 1919, foi mês de festa e futebol. As festas começaram com a chegada das delegações no cais da praça Mauá. Houve recepções no Palácio do Itamarati, bailes no Clube São Cristovão, banquetes no Restaurante Assyrio e chás na Confeitaria Colombo. A celebração não foi maior porque, em pleno torneio, o goleiro reserva uruguaio Robert Chery morreu em seu quarto, no Hotel dos Estrangeiros, vitima de uma crise de apendicite.
A decisão foi entre o Brasil, anfitrião, e o Uruguai, na qualidade de bi campeão. O Brasil venceu o Chile por 6×1 e a Argentina por 3×1. O Uruguai ganhou dos chilenos por 2×0 e os argentinos por 3×2. No jogo final, o tempo regulamentar terminou com 2×2, num partida cheia de alternativas. O regulamento previa a realização de uma nova partida e, em caso de outro empate, haveria tantas prorrogações quantas fossem necessárias. Mais uma vez, tudo indicava que o segundo e último jogo também seria equilibrado porque as equipes se nivelavam.
As onze horas da manhã o estádio das Laranjeiras já estava lotado. Vinte mil torcedores bem trajados estavam dentro do estádio do Fluminense. Emoções é que não faltaram. Desde do início, as duas seleções buscaram o gol que valeria o título. Houve bolas nas traves e chances perdidas de ambos os lados. Os noventa minutos terminaram em zero a zero. Primeira prorrogação também zero a zero. Mais trinta minutos. Começou escurecendo e se não fizessem um gol, a partida não terminaria. A torcida inquieta, antevê o gol a cada instante. E o gol não sai. A agonia termina aos 13 minutos do primeiro tempo da segunda prorrogação. Numa bola cruzada, Neco cabeceia, vários uruguaios pulam e Saporiti rebate de punhos. Friedenreich, que vinha correndo, chutou forte à meia altura, bem no meio do gol.
Leques, luvas, cartolas e chapéus voaram nas arquibancadas, de onde os torcedores gritavam o nome do artilheiro Friedenreich. Depois de duas horas e meia de jogo, o Brasil ganhava o sul-americano e conquistava seu primeiro titulo importante. As ruas se encheram de gente e carros foram em corso para a avenida Rio Branco. Pela primeira vez, jogar bola deixava de ser um passatempo exclusivo de ricos e virava a alegria do povo.
Detalhes técnicos do jogo –
Dia: 20. maio. 1919
Brasil 1 x Uruguai 0
Gol de Friedenreich
Juiz: Juan Barbera (Argentino)
Publico: 20.000 torcedores
Brasil: Marcos de Mendonça. Pindaro e Biano. Sérgio. Amilcar e Fortes. Milton. Neco. Friedenreich. Heitor e Arnaldo.
Uruguai: Saporiti. Varela e Foglino. Naguil. Zibechi e Vanzine. Peres. Scarone. Romano. Gradin e Marán.
LINHA DE PASSE
Rogério Ceni já disse certa vez que prefere uma ditadura à democracia representativa, pois ao menos na ditaduras “as coisas estão nos seus devidos lugares”. Esta semana, ele reclamou do mau rendimento do time no Brasileirão. Para ele, seria um desastre ter de jogar em Manaus ou Maceió, ao invés de Maracaibo, seria um desastre ter de jogar a Copa do Brasil ao invés da Libertadores. Claro, o campeonato ainda não acabou, e o time tricolor peca pela falta de regularidade, mas não é dos piores do certame, estando mesmo um pouquinho de nada acima dos medianos. Mas se Rogerinho gosta da retidão das ditaduras, pelo futebol que ele – que já foi decantado o melhor goleiro do Brasil – anda demonstrando, deveria saber que, se o São Paulo for jogar em Manaus ou Maceió em lugar de Maracaibo, é porque aí sim, as coisas estarão em seus devidos lugares. Ou duvidará ele do grau de retidão do campeonato brasileiro e da sua classificação final?
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Em tempo: Rogério Ceni completa esta semana 18 anos de São Paulo, e é considerado por muitos o maior jogador da história do clube. Lembrando que o tricolor do Morumbi já teve Friedenreich, Canhoteiro, Pedro Rocha, Leônidas da Silva, Zizinho, Gérson, Toninho Guerreiro, Waldir Peres, Zé Sérgio, Oscar, Dario Pereyra, Müller, Careca, Falcão, Zetti, Toninho Cerezo, Raí, Palhinha, e times lendários, como o Rolo Compressor dos anos 40, os “Menudos” da década de 80, o time de Telê dos anos 90… Mas cada época tem o “craque” que merece.
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Por que o treinador da seleção espanhola, Vicente Del Bosque, tal como seu antecessor, o campeão europeu Aragonés, sempre substitui o meia Cesc Fábregas por um meio-campista defensivo quando a Espanha está vencendo? A pergunta foi feita pelo próprio Fábregas à imprensa espanhola. Os amantes do belo futebol da Fúria também gostariam de saber…
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CAMPEONATOS NACIONAIS
Cada partida, uma história, nesta 24a rodada. A começar pelo São Paulo, do falastrão Rogério Ceni, que se frustrou por ter empatado com um time “inferior”. Passando pelo Vitória que tropeçou e deu um respiro ao Peixe paulista. Teve também Luxemburgo, que quando ganha é por alguma jogada mirabolante que ele criou, e quando perde, a culpa é dos jogadores, ignorou o filósofo do nordeste, Carlinhos Bala, que lembrou a ele que o hiper-texto escamoteia, mas não anula o real: o Sport Recife existe como pedra no meio do caminho para o Grêmio. O chôro de Edmundo, que não segurou o Cruzeiro nem com os pés nem com as mãos. O Botafogo que venceu o Coritiba na casa do verde-e-branco. O Internacional ratificando a condição de coadjuvante neste certame, uma decepção. E o líder tropeçando no Fluminense, que melhorou com Cuca, mas ainda não conseguiu escapar da zona da degola. Na artilharia, Kléber Pereira (Santos) pulou para 17 gols, e é isoladamente o goleador do campeonato. Resultados:
24ª Rodada Série A – 03, 04 e 06/09
Goiás 4 – 0 Atlético/PR
Atlético/MG 1 – 1 São Paulo
Santos 2 – 0 Vitória
Figueirense 2 – 3 Flamengo
Palmeiras 0 – 3 Sport Recife
Vasco 1 – 3 Cruzeiro
Náutico 2 – 0 Ipatinga
Coritiba 0 – 1 Botafogo
Internacional 1 – 0 Portuguesa
Fluminense 0 – 0 Grêmio
Classificação*
Grêmio – 49
Cruzeiro – 43
Palmeiras – 43
Botafogo – 42
Flamengo – 40
São Paulo – 39
Vitória – 37
Coritiba – 37
Sport Recife – 35
Goiás – 33
Internacional – 33
Atlético/MG – 30
Figueirense – 28
Vasco – 26
Náutico – 26
Santos – 26
Fluminense – 25
Atlético/PR – 23
Portuguesa – 23
Ipatinga – 21
* Em azul, os classificados para a Libertadores ’09; em verde, os classificados para a Sulamericana ’09, e em vermelho, os rebaixados para a série B.
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Timão faz barba, bigode e couro cabeludo no Nordeste. Foi à terra do sol pela quarta vez, e de lá trouxe três pontos. Já o Bahia continua sendo o bom amigo baiano dos paulistas, trabalhando e deixando o lucro para os outros. Avaí perde e despenca, enquanto o Vila Nova vai se garantindo na primeirona, por enquanto. Túlio fez mais um, e tem 20 na corrida da artilharia, oito gols à frente do adversário. Confira os resultados:
23ª Rodada Série B – 02, 05 e 06/09
Bragantino 3 – 0 Paraná Clube
ABC 4 – 1 Gama
Marília 1 – 0 Juventude
Brasiliense 3 – 1 Ceará
Ponte Preta 2 – 0 América/RN
Criciúma 3- 0 CRB
Barueri 3 – 2 Bahia
Santo André 1 – 0 Avaí
Fortaleza 1 – 3 Corinthians
Vila Nova 2 – 1 São Caetano
Classificação*
Corinthians – 51
Vila Nova – 44
Santo André – 43
Avaí – 42
Barueri – 39
Ponte Preta – 36
Bragantino – 36
Ceará – 33
Juventude – 32
Bahia – 32
ABC/RN – 30
São Caetano – 29
Gama – 27
Criciúma – 26
Marília – 26
Fortaleza – 23
Brasiliense – 23
América/RN – 23
Paraná Clube – 23
CRB – 15
* Em roxo, os classificados para a Série A do Brasileirão ‘09; em cinza, os rebaixados para a série C.
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Série C do Brasileirão: e o carrossel jaraqui vai jogar o campeonato brasileiro do ano que vem… na série D! O time até recebeu a ajudinha do Rio Branco, que goleou o Remo na Arena da Floresta e mandou o time paraense para o subterrâneo do futebol profissional brasileiro. Mas não aguentou o Luverdense, e empatou em 2 a 2. O resultado é o futebol amazonense no nível adequado aos dirigentes que tem. Enquanto isso, o Águia de Marabá e o Paysandu continuam respirando no certame, e passam à próxima fase. Segundo as últimas notícias, bem ou mal, o Remo tem pelo menos quem proteste pela sua queda…
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Segundinha do Amazonense: três jogos na segunda rodada da segundinha, e a Nilton Lins lidera o certame. No Vivaldão, o Rio Negro perdia por 3 a 1 para o Peñarol, de Itacoatiara, quando se aproveitou do cansaço dos adversários e virou, vencendo por 4 a 3. No Rio Preto da Eva, para curar a ressaca da eliminação do Holanda na série C, o CDC Manicoré empurrou 3 a 2 no Tarumã. Completando a rodada, a Nilton Lins goleou o Lili (Libermorro) por 3 a 0, e lidera no saldo de gols. Rio Negro vem em segundo e Manicoré em terceiro.
CAMPEONATOS AMÉRICA DO SUL
Eliminatórias Copa 2010: A sétima rodada das eliminatórias já tem um episódio histórico. A lambança albiceleste em pleno Monumental de Nuñez do zagueiro/lateral esquerdo Heinze e o goleiro “Pato” Abbondanzieri, que se chocaram, no desespero para afastar um bumba-meu-boi dado pelo meio-campista paraguaio, deixando a leonor rolando mansinha, mansinha, para dentro do gol. Veja aqui. Destaque também para a vitória dos celestes sobre a cafetera. Quem diria que um dia os uruguaios fossem comemorar uma vitória sobre um selecionado colombiano, mesmo com a evolução do futebol da terra de Huguita e Valderrama. O Peru deixou a lanterna nas mãos dos diabos verdes, que lá devem ficar, porque por pior que esteja “La Peor”, não devem perder para os piores.
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Pequeno manual para entender o jogo entre Chile e Brasil e a reação da imprensa: onde você ler “reação”, “garra”, “vontade”, entenda safanões, pontapés, truculência. Onde você ler “jogou bem”, “padrão de jogo”, leia-se chutão para frente, gol de peladeiro, ausência de meio-de-campo. Onde você ler “Ronaldinho se esforçou”, “Luís Fabiano se destacou”, “a zaga é segura”, leia-se todos estes bateram a não mais poder nos jogadores chilenos. Onde você ler “o time do Chile”, leia-se, mentira, o Chile não tem um time. E para finalizar: não, não foi esse tipo de “garra” truculenta que o Lula pediu.
7a Rodada – Eliminatórias Copa 2010 – América do Sul
Argentina 1 – 1 Paraguai
Equador 3 – 1 Bolívia
Colômbia 0 – 1 Uruguai
Peru 1 – 0 Venezuela
Chile 0 – 3 Brasil
Classificação:
Paraguai – 14
Brasil – 12
Argentina – 12
Uruguai – 11
Colômbia – 10
Chile – 10
Equador – 08
Venezuela – 07
Peru – 06
Bolívia – 04
CAMPEONATOS EUROPEUS
Começaram as eliminatórias européias, e teve muito time grande descobrindo que a coisa não vai ser tão fácil quanto se imaginava. A França, por exemplo, num dilema quase freudiano, não sabe se continua com o técnico astral Domenech, ou abre o caminho de volta para o franco-argentino David Trezeguet. Onde um está, o outro não fica. Resultado, os Bleus viram os vermelhos da Áustria vencerem fácil em casa. Outra seleção que ficou a ver estrelas foi a Romênia, considerada forte nesta temporada. O time amarelo perdeu em casa por 3 a 0 para a Lituânia. Já os outros grandes não tiveram problemas para confirmar o favoritismo.
1a Rodada – Eliminatórias Copa 2010 – Europa (Grupos)
01 – Albânia 0 – 0 Suécia
01 – Hungria 0 – 0 Dinamarca
01 – Malta 0 – 4 Portugal
02 – Moldávia 1 – 2 Letônia
02 – Israel 2 – 2 Suíça
02 – Luxemburgo 0 – 3 Grécia
03 – Polônia 1 – 1 Eslovênia
03 – Eslováquia 2 – 1 Irlanda do Norte
04 – País de Gales 1 – 0 Azerbaijão
04 – Liechtenstein 0 – 6 Alemanha
05 – Armênia 0 – 2 Turquia
05 – Bélgica 3 – 2 Estônia
05 – Espanha 1 – 0 Bósnia
06 – Ucrânia 1 – 0 Belarus
06 – Andorra 0 – 2 Inglaterra
06 – Croácia 3 – 0 Cazaquistão
07 – Romênia 0 – 3 Lituânia
07 – Sérvia 2 – 0 Ilhas Faroe
07 – Áustria 3 – 0 França
08 – Geórgia 1 – 2 Irlanda
08 – Montenegro 2 – 2 Bulgária
08 – Chipre 1 – 2 Itália
09 – Macedônia 1 – 0 Escócia
09 – Noruega 2 – 2 Islândia