A AÇÃO DA AMB CONTRA A CANDIDATURA DE CANDIDATOS COM A FICHA SUJA

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A ação da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) contra a candidatura de candidatos com ficha suja (ver lista por município aqui e a completa aqui) será julgada amanhã pelo STF (Superior Tribunal Federal). A AMB sustenta a tese de que os candidatos com processos na justiça não podem disputar as eleições e poderiam ser barrados pelo juiz eleitoral. Mas o STF já adianta a informação de que a ação da AMB não será aprovada. Isto pode ocorrer segundo a legação de que não está previsto na lei a vedação de candidatura por causa do político está respondendo a processo.

Uma inteligência perceptiva que leve o entendimento da ação movimentada pela AMB para fora dos códigos jurídicos constituídos poderá verificar o quanto esta ação tenta esclarecer a falta de compromisso e entendimento dos candidatos que se incluem na lista com a produção de um espaço público e outros que insistem em fazer ecoar os discursos antidemocráticos.

Sendo o espaço público a realidade efetiva produzida pela fala e pela ação autêntica de todos, onde todos podem aparecer com os seus talentos para criarem modos de existência na cidade que garantam as condições necessárias para uma vida sem privações, qualquer atividade que não contribua para a produção deste espaço público e, ao contrário, use cargos públicos para impor condições privadas, seja de forma legal ou não, não se resume somente a atos ilícitos, mas a atos contra o povo e contra uma existência alegre, pública, autêntica e livre.

PATOLOGIAS ELEITOREIRAS

É desta maneira que candidatos acometidos por patologias políticas que os impedem de perceber a cidade como uma produção pública não podem vivenciar a realidade como um conjunto de sensações e movimentos heterogêneos que são prolongados em ações coletivas. Incapazes de se tornarem pessoas públicas de fato, fazem da administração pública um vazio.

Dominados pelas redundantes discussões onde suas faculdades cognitivas não ultrapassam o discurso infantilizado, estes candidatos deliram, possessivamente, dizendo “Eu que fiz”, “Esta maternidade é minha”, “Este hospital é meu”, “Este viaduto foi eu que fiz”, “A minha cidade”, “Meu povo” etc. isto esclarece de forma evidente a cegueira política que limita estes políticos a perceberem a cidade como uma construção de todos. Para eles, onde estão os trabalhadores, operários que contribuíram nas edificações da cidade? Onde estão as verbas públicas que são compostas pela movimentação do dinheiro de todos na cidade? Onde se encontram as relações entre as pessoas que vão fazendo surgir saberes no mundo? Onde estão as falas e as ações de todos na cidade? A questão é que para o patologizado político nada disso existe e a sua existência é apartada da coletividade. E é por esta razão que o voto para ele pode ser comprado, negociado, trocado, enfim, tratado como uma mercadoria. Não percebem o voto como uma escolha coletiva, onde a escolha faz com que todos sejam responsáveis por todos. Não conseguem compreender o voto como uma potência democrática.

A TRISTE LISTA DE MANAUS

Tal situação tem se tornado comum em Manaus entre os candidatos a prefeito. Entre os prefeituráveis de Manaus, o que teve o seu nome na lista da AMB foi Amazonino Mendes (também o candidato Omar Aziz, que em tempo recorde teve os eu nome retirado da lista em três dias). Contudo, tirando os candidatos que nunca assumiram cargos executivos na cidade de Manaus e no Estado do Amazonas, todos os outros deixam saltar de suas falas mecanizadas suas limitações cognitivas e seus desentendimentos sobre o que é ser uma pessoa pública de fato. Conservam-se na crença de que podem ser os donos da cidade. Nem sequer chegaram a perceber que seus discursos, sem coloração afetiva e efetiva alguma, se juntados, apenas farão a soma de todas as tristezas que Manaus e o Amazonas vêm acumulando ao longo de mais de 20 anos. Sendo estes candidatos citados como irmãos siameses, tanto pelas suas más administrações como pelas limitações afetivas e cognitivas, eles se configuram como os verdadeiros inimigos do povo, por se juntarem para fazer a manutenção da tristeza na cidade.

Mesmo que alguns destes não apareçam na lista da AMB por estarem respondendo a processos, eles deixam mais do que claro que não entendem o que é produção política enquanto produção de um espaço que gere alegria para o povo.

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