O FUTURO DE AMAZONINO
O tradicional candidato ao cargo de prefeito, o ex-prefeito biônico e ex-tri governador, Amazonino Mendes, não compareceu ao alcunhado debate promovido pela Rede Bandeirantes nos estúdios de sua retransmissora, em Manaus, TV Rio Negro, administrada midiaticamente por seu antigo parceiro, hoje, atual rival, Chico Garcia.
Amazonino, que tem como mote de sua campanha eleitoral “Manaus, um futuro melhor”, com sua ausência, concedeu aos seus adversários a glosa irônica da premonição: o futuro de Manaus será sua ausência. Usando também como enunciação de marketing a vetusta significância, “o trabalho está de volta”, não se deu ao trabalho de aproveitar a noitada morna que foi o parlatório vazio dos candidatos para arregaçar as idéias. Se acreditasse verdadeiramente no trabalho, e o tivesse como práxis criadora do novo no mundo, teria se apresentado e mostrado que agora é “o novo”, como vem propagandeando eleitoralmente. Embora a população ajuricabana não tenha nenhuma notícia que ele tenha, durantes estes anos ausente dos governos, submetido-se à psicanálise, ter viajado ao Tibet para meditar e encontrar o Tao, o Caminho, o que o tornaria outro. Um novo homem. Mas aí, sendo outro, não mais teria nenhum interesse pela vida ‘política’.
Talvez por não ser o novo, Amazonino tenha se recusado a ir ao funeral democrático, elevado pela Rede Bandeirantes como um grande feito político. Alguém poderia indagar: “Se foi um funeral, o que era que ele ia fazer lá?”. Pelo menos rezar em nome da democracia direitista.
JORNALISTAS DA BAND PATETIZAM O FUNERAL
Com o objetivo de vender uma respeitabilidade ao evento obtuárico e transformá-lo em invejável feito político para ampliar a importância da vivência democrática amazonense, a consciência colonizadora/colonizada da BAND dispôs três jornalistas de sua empresa em São Paulo para perguntarem aos candidatos cabocões “se iriam cumprir as promessas de campanha (pergunta do ‘vergonhoso gênio’, Boris Casoy), a preocupação com a Amazônia e os problemas do trânsito”. Perguntas que os moradores de Manaus fariam com a maior boa vontade, já que todos possuem faculdade cognitiva-urbana para discernir seus mundos e vozes para se manifestarem. O que também implica um outro questionamento: se, na visão da emissora, a pergunta do jornalismo paulista enriquece democraticamente o debate manauense, por que jornalistas amazonenses não puderam fazer perguntas aos candidatos à prefeitura de São Paulo? Resultado da obra: não só Amazonino sobrou na cadeira, mas também a Rede Bandeirantes.