NOTAS (IR)RELEVANTES SOBRE O AFÁVEL “DEBATE”
Algumas notas relevantes sobre o irrelevante “debate” ocorrido ontem:
ю O ‘LAPSO’ PSICO (ou VIDÊNCIA) DE OMAR
“Covarde! Covarde! A pergunta que você queria fazer não era essa!”, esgoelava-se um afetado Omar Aziz, com cara de boxeador que já caiu três vezes, e ainda estamos no 3o round. Tudo porque o candidato da coligação P-SOL/FACED-UFAM/PSTU, Ricardo Bessa, perguntou-lhe sobre seu projeto de governo para a área da educação, e sobre a violência que ronda as crianças, incluindo a pedofilia. Como Bessa reagiu timidamente ao desvario do candidato boxeur, ficamos a especular as razões do chilique. Duas hipóteses se apresentam: a reação do candidato do governador foi resultado de um lapso (ato falho, quando inconscientemente se revela aquilo que conscientemente se procurou ocultar), ou vidência do candidato, que supostamente conseguiu o impossível: leu o pensamento do candidato rival antes dele acontecer.
ю O VÍCIO PROFESSORAL DE BESSA
Algum eleitor mais próximo do candidato P-Solista Ricardo Bessa poderia dar um toque ao professor, que foi ao debate como quem vai a uma defesa de doutorado. Tivesse os estúdios de tevê um buraquinho por onde entrasse um vento, e levasse os papéis da mesa do professor, e ele teria ficado sem argumentos.
ю BESSA SEM NEPOTISMO ELEITORAL
No entanto, ao criticar a ausência de uma política efetiva para a educação na cidade de Manaus, Bessa ao menos mostrou um ponto positivo: não mistura família com democracia. Criticando a gestão Serafim, criticou automaticamente o ex-secretário de educação Cyrino, parente dele e seu colega de ofício na FACED (faculdade de educação da UFAM).
ю O BOXEUR CAMBALEIA NOVAMENTE
À altura do quarto round, o candidato boxeador Omar, já tendo sido derrubado pelo seu maior oponente (ele mesmo) algumas vezes, sentiu-se ofendido pelas menção dos outros candidatos aos casos Pampulha, Albatroz e outras obras inacabadas e inexplicáveis, obras do governo de seu chefe, Braga. Pediu direito de resposta por citação. O mediador teve dificuldade em explicar ao candidato que ele e o governador Braga não são a mesma pessoa, e que o candidato é ele. Ao final do imbróglio, Praciano fechou a questão com sapiência, afirmando não haver necessidade de direito de resposta porque tudo que foi falado “era verdade”.
ю SERAFIM TAMBÉM DEU SEU GOLPE
Serafim não precisou instigar Omar para também acertar seus golpes. O próprio Omar resolveu comparar as casinhas de saúde da “sua administração” como secretário de obras, e misturou quantidade com qualidade. Abriu a guarda para que Serafim explicasse a ele que teve de reformar quase todas as casinhas de saúde, que não tinham condições básicas de conforto e uso. Como Omar não contava com a astúcia de Sarafa, foi obrigado a se defender afirmando que quantidade vale mais que qualidade.
ю AMAZONINO ‘BAIXOU’ EM OMAR
Quem disse que Amazonino não foi ao debate? Talvez os candidatos não tenham percebido, mas quando Serafim perguntou a Omar sobre o projeto de governo dele para as mulheres, Omar incorporou o ex-governador e ex-prefeito biônico de Manaus. Ressuscitou o famigerado Instituto da Mulher – projeto apresentado por Amazonino na eleição passada, quando foi derrotado por Serafim – e ainda enfatizou que o tal instituto irá fazer, além de exames de útero, também exames uterinos. Omar’zonino não se deu sequer ao trabalho de mudar o nome do projeto.
ю A TÉCNICA EM DETRIMENTO DA RAZÃO
Quem acabou se destacando no debate foi o atual prefeito, Serafim, que apostou na tática de comparar sua gestão com as anteriores e não encontrou da parte do candidato oficial reação à altura, e nem podia. Serafim acerta, e muito, em comparar o quase-nada que fez com o nada-nada que os outros fizeram, sem no entanto nenhuma análise para além dos números. Somente Praciano, nos momentos em que confrontou Serafim, lucidamente ponderou os poucos avanços da atual gestão e sublinhou a necessidade de uma mudança mais acentuada. No mais, entre histeria, revanchismo, e um Luis Navarro zen e vestido para o festival folclórico de Manaus, o debate transcorreu como uma conversa afável entre os candidatos. De qualquer sorte, a campanha está nas ruas!