!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!
O CÉREBRO-MUNDO É GAY!
Até quem não é da área científica ligada às neurociências sabe que o órgão mais estudado no século XX e neste início de XXI é o cérebro. Sabe-se sobre ele hoje zil vezes mais que se sabia no início do século passado. Ainda assim, é pouco. E quando a imprensa em geral se apodera de algum resultado científico, em geral procura limitar os resultados a um enunciado esvaziado e de aspecto marketológico, sem atentar para os elementos necessários à compreensão do estudo.
Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences mostrou que há semelhanças anatômicas e funcionais entre os cérebros de homens heteros e lésbicas, e de gays e mulheres heteros. Tomografias mostraram uma similaridade no funcionamento dos respectivos grupos. Há ainda uma característica anatômica presente nas mulheres homo e nos homens heteros: o hemisfério direito é um pouco maior que o esquerdo. Descobriram ainda similaridades na funcionalidade e fluxo sanguíneo da amígdala cerebelar (centro da agressividade e memória emocional, segundo estudos).
Mas o mais interessante da pesquisa não são os resultados, mas sim as ampliações de entendimento que são possíveis de se fazer a partir deles. Os próprios pesquisadores, do Instituto Karolinska, levantam algumas. Não é possível, pelo estudo, determinar se as características encontradas se formaram antes ou após o nascimento das pessoas. Também não se pode estabelecer uma relação direta entre comportamento social/sexual e as diferenças anatômicas e funcionais na amígdala. Não se sabe ainda se as características são herdadas ou decorrente de processos bioquímicos fenotípicos. Os cientistas pretendem fazer um estudo em recém nascidos para, daqui a alguns anos, tentar desenvolver um método de “prever” a orientação sexual de uma pessoa.
Primeiro, é preciso ter cuidado com notícias de pesquisa científica na imprensa não-especializada. Os repórteres não tem condição epistemológica nem preocupação, na maioria das vezes, em explicitar aspectos metodológicos da pesquisa, determinantes para a compreensão correta dos resultados. Uma pesquisa só pode falar daquilo que se propôs a examinar, e só pode fazê-lo dentro de um quadro teórico específico. Assim, na imprensa dita grande, uma descoberta de uma substância que retarde um pequeno processo do complexo de reprodução do vírus HIV se transforma na mais nova esperança de cura da AIDS.
Mas mais perigoso é tentar ressuscitar a velha e falsa polêmica sobre a “origem” do chamado homossexualismo. O filosofante Michel Foucault, gaysíssimo, já mostrou que as instâncias disciplinares do Estado procuram dominar os elementos discrepantes da norma através dos saberes institucionais. Daí a masturbação, o erotismo e o orgasmo feminino, o homoerotismo chamado homossexualidade terem se transformado em objeto de estudos da Psiquiatria. Determinar uma origem, causa, é identificar formas de controle e erradicação. Alguém aí está preocupado em encontrar a “origem” do heteroerotismo? A pesquisa, que se pretende séria, e é em certo grau necessária, afirma que não é possível atribuir apenas à bioquímica humana a origem do homoerotismo. Mas passa longe de compreender o cérebro para além da massa cinzenta.
O cérebro não se reduz à massa intracraniana, não é apenas um órgão no sentido clínico-médico. Onde está a linguagem? No cérebro? Os comportamentos, os afetos, cabem nas sinapses nervosas? O cérebro é o próprio mundo, não no sentido do solipsismo, mas no sentido social, cultural, filosofante. A existência molda o cérebro-órgão: será a massa cinzenta de um esquimó idêntica em funcionamento e estrutura a de um habitante da equatorial Manaus-Manô-Manoniquim? Mas o cérebro-mundo ultrapassa a de-formação das sinapses e dos bilhões de neurônios. O homoerotismo não está no cérebro, mas no mundo, assim como a Vida corre fora da existência. O próprio conceito de homoerotismo, tal como o concebemos, é uma produção situada no plano histórico-cultural bem recente. Para os gregos, não havia essa cisão, não havia a classificação do sexo de acordo com os orifícios e características biológicas reprodutivas. O amor não é linear, é transbordante.
Pesquisas ditas científicas sobre a origem ou determinação da orientação sexual carregam, muitas vezes, mais fortemente o viés ideológico da polícia dos costumes do que da preocupação em determinar funções que possam enfraquecer a subjetividade homofóbica e a doença social da discriminação. Qual a vantagem ou necessidade, para qualquer pessoa que não carregue elementos de insegurança sexual e erótica, de ter determinados, identificados, capturados e classificados seus desejos e vontades, seus quereres eróticos, afetivos e sexuais?
Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!
Φ GAY, GAY, GAY! NORUEGA É GAY! A Noruega é o sexto país do mundo a criar uma legislação ampla e irrestrita para as famílias formadas por pares homoeróticos. A novidade é que, além do reconhecimento de todos os direitos civis dos casais héteros, o governo vai oferecer programas de adoção e reprodução assistidas. Pra variar, os partidos ligados à moralidade cristã mais cristãlizada criticaram a lei. Mas o governo não deu bola, e dá um passo adiante na adoção de políticas públicas relativas ao movimento LGBT. Mas que os críticos do governo brasileiro não aproveitem a deixa para detonar a lentidão do governo na adoção de políticas semelhantes. Lá, os partidos de situação tiveram que negociar com os de oposição, numa grande composição política favorável. Aqui, com a “diversidade” de deputados das mais variadas estirpes e espécies, é quase impossível uma costura política da mesma forma. Ainda assim, avançamos, e precisamos continuar forçando a barra. Ou ir casar na noruega! Chique, maninha! Sentiu a brisa, Neném?
Φ OLHA A AVALANCHEEEEE!!! Os gays vão invadir a Califórnia! De acordo com perspectivas governamentais e da UCLA (Universidade da Califórnia), mais de 100 mil casamentos homoeróticos deverão acontecer na capital Na lista de espera, já estão 50 mil californianos e mais 67 mil que deverão cobrir o Estado estadunidense das cores da bandeira do arco-íris. Incremento na economia, não é por acaso que se trata de uma economia maior que a de muitos países. Mesmo assim, os novos casais não terão direito a benefícios do governo federal, já que a Lei só se estende até as fronteiras estaduais. Na última eleição presidencial, o veto incondicional às uniões civis homoeróticas deram vantagem ao então candidato, Bush. Quatro anos depois, há uma indefinição no eleitorado estadunidense, e perde votos tanto quem se declara amplamente favorável quanto quem é contrário. Obama é a favor, timidamente. McCain, abertamente contra. Quem levará essa, meninas? Independente disso, de nada adianta casar se for pra cultivar os mesmos hábitos e modos de ser de um casal heteroburguês. Vixe, sai pra lá! Sentiu a brisa, Neném?
Φ EXÉRCITO ACUADO PELA JUSTIÇA E PELO OLHAR DO PÚBLICO. Uma semana após ser preso, o sargento Fernando Alcântara foi solto pelo exército. Como você acompanha nesta colunéeeeeeesima, ele foi preso sob a alegação de que usou um uniforme descaracterizado do padrão da corporação. Fernando alegou medo de retaliações, e apenas comentou que sua pena foi a máxima, quando o comum nestes casos é uma reprimenda verbal. Enquanto isso, o STF, através do ministro Gilmar Mendes, e a juíza relatora do processo do companheiro de Fernando, Laci, autorizaram a transmissão da sessão de interrogatório do caso pela TV Justiça. Será a primeira transmissão de uma sessão da justiça militar. Diante da repercussão do caso e a pressão dos movimentos sociais, significa um avanço tirar dos porões das casernas as decisões dos tribunais militares. O delírio de considerar o militar uma categoria social diferente da civil sofre desta maneira um golpe, já que será possível ao menos ver o julgamento: se a TV Justiça, neste aspecto, escapar do marketismo midiático para se transformar em máquina desestabilizante da subjetividade dura do militarismo, teremos um grande avanço. Não mudem de canal, menin@s. Sentiu a brisa, Neném?
Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:
FAÇA O MUNDO GAY!