O nome corresponde a duas enunciações. Uma, mais óbvia, corresponde à identidade psicológica-social-jurídica dos indivíduos. É seu referente comunicativo. Suas duas formas de expressividade: visível e não-visível. Na primeira, quando é identificado diretamente por um outro sujeito-perceptivo; na segunda, quando é identificado por uma evocação imaginária-sujeito: lembrança. Em qualquer das duas é sempre uma identificação individual. Nada que rompa a força do significado-significante identificatório. A outra, quando escapa à identidade individual e torna-se uma potência política. Um agenciamento de desejos que apanha uma multiplicidade de indivíduos como seus propagadores. Como diz o filósofo Deleuze, “mais severo exercício de despersonalização”. Exemplo: o Marx que não é mais um nome pessoalizador de um filósofo produtor de enunciações contrárias ao sistema capitalista, mas uma subjetividade-agenciadora de desejos que apanha indivíduos como vetores enunciadores destes códigos. Não se trata mas do filósofo, mas sim de uma potência.

A POTÊNCIA-SILVA

O Silva no Brasil é praticado nas duas enunciações: Uma, a identidade psicológica-social-jurídica, e a outra, um agenciamento de desejos múltiplos. O Silva da ex-ministra Marina é mais o segundo. Há muito que Marina deixou de ser apenas um Silva identificação nominal de um indivíduo. Há muito seu Silva emergiu como potência de uma classe pobre, excluída das políticas sociais empregadas pelo Estado, em conjunção aos percursos políticos da mulher-devir-acreana. Daí este Silva tentar disjuntar as conexões da rede rígida da não-politica ambiental do Brasil, para permitir passar livremente a força ecológica necessária à construção de uma ontologia onde o homem se movimente como ser-ecosófico-ambiental-mental-social (Guattari) e não um espectro anemizado pelos imobilizantes códigos do capitalismo deletério. A Potência-Silva no Brasil é o possível de um real socializado capaz de liberar sentidos de uma classe não mais excluída, humilhada e ofendida. Este, o perigo que mina a ambição do capitalismo voraz contra-ambiental que tenta através de qualquer recurso, principalmente os mais sórdidos, eliminá-lo. Este, o devir-mulher-Marina, que tentou ecosoficar o que a tecno-burocracia-financeira conseguiu institucionalmente travar. Por enquanto.

Marina é senadora, no Senado vai flruir o Silva. Vai ficar frente a frente com o lobby dos Johns, dos Jacks, brasileiros tanto da direita quanto da chamada esquerda, mas ela sabe que a potência do Silva não se reduz a uma evocação nominal própria. Assim, silvamente, vai nessa subjetividade se movimentando nos fluxos mutantes e nos quantas desterritorializantes cosmogênicos da turbulência lucreciana do clinamen terreno.

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