VENEZUELA SE PREPARA PARA POSSÍVEL ATAQUE DOS EUA ARMANDO O POVO E REFORÇANDO FRONTEIRAS
Maduro anunciou a formação de um ‘corredor vital’ que vai dos Andes até o Centro-Oeste do país para defesa do país
Militares da Venezuela patrulham a ponte internacional Simon Bolivar na fronteira com a Colômbia – Schneyder Mendoza / AFP
“De acordo com esta Constituição [da Venezuela], o monopólio das armas pertence ao Estado; o Estado decidiu que as armas do país, do Estado, estejam nas mãos do povo, para sua proteção”, disse Cabello.
Nesta sexta também, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou a formação de um corredor vital que se estende dos Andes ao Centro-Oeste, descrevendo-o como uma “linha fundamental de defesa, estabilidade econômica e estabilidade sob todos os pontos de vista”. Maduro disse que essas ações garantirão o cumprimento de “27 tarefas territoriais, estado por estado, zona por zona, comunidade por comunidade”, em defesa do direito do povo à vida, à alegria e à máxima felicidade.
Ele também enfatizou que o destacamento está sendo realizado “com uma fusão perfeita do povo, das forças armadas e da polícia para garantir a segurança do território e tornar a pátria inexpugnável”. Maduro pediu por uma perfeita unidade do povo e dos diversos setores desses estados para “conquistar a paz e exercer a soberania no território nacional”.
Fronteiras
A Venezuela reforçou a presença militar nos estados fronteiriços com a Colômbia como parte da resposta à presença no Caribe de navios de guerra dos Estados Unidos, que executaram um novo ataque na quinta-feira (17), e que desta vez, aparentemente, deixou sobreviventes.
Washington mantém desde agosto uma operação “antidrogas” com vários navios de guerra em águas internacionais do Caribe, perto da costa venezuelana, e efetuou vários ataques contra pequenas embarcações de supostos “narcoterroristas”, com um balanço de 27 mortos. O presidente Donald Trump acusa, sem provas, Nicolás Maduro de ter vínculos com o narcotráfico e anunciou na quarta-feira que autorizou operações da CIA contra a Venezuela.
Maduro atribui as acusações a um plano para buscar uma “mudança de regime” na Venezuela e assumir o controle das amplas reservas de petróleo do país. A vice-presidenta da Venezuela, Delcy Rodríguez, desmentiu na quinta-feira que teria negociado com o governo dos Estados Unidos a suposta saída de Maduro do poder.
“Fake! Outro veículo de comunicação que se junta ao lixão da guerra psicológica contra o povo venezuelano”, escreveu no Telegram. A mensagem era acompanhada por uma foto ao lado de Maduro com a legenda: “Juntos e unidos ao lado do presidente Maduro”.
A mobilização militar dos EUA é considerada por Caracas como uma “ameaça” e, em resposta, Maduro ordenou exercícios com milhares de militares no país. Além disso, as autoridades dos estados de Táchira e Amazonas anunciaram na quinta-feira patrulhas e procedimentos de controle em passagens de fronteira com a Colômbia.
Em Táchira, onde ficam as três principais pontes que ligam a Venezuela à Colômbia, os militares foram mobilizados ao redor da Ponte Internacional Simón Bolívar, que liga as cidades colombianas de Cúcuta e Villa del Rosario à venezuelana San Antonio.
No estado do Amazonas, que também faz fronteira ao sul com o Brasil, os militares receberam ordens para proteger as “empresas estratégicas” e “serviços básicos”.
A Venezuela também reforçou a presença militar em zonas costeiras, como Nueva Esparta, Sucre e Delta Amacuro, estados próximos a Trinidad e Tobago.
Agressão externa
Especialistas apontam a ilegalidade dos ataques dos Estados Unidos em águas internacionais contra suspeitos que não foram detidos nem interrogados. O mais recente, na quinta-feira, deixou vários sobreviventes a bordo, segundo os canais dos estadunidenses CBS, CNN e NBC, que citaram fontes do governo Trump.
Na semana passada, a Venezuela pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que impeça o governo dos Estados Unidos de cometer um “crime internacional”, mas recebeu apenas o apoio de alguns membros liderados por seus maiores aliados, China e Rússia.
Caracas afirma que o governo Trump tenta “fabricar um conflito” para justificar uma invasão. O embaixador da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, denunciou na quinta-feira que Washington lançou um ataque em 14 de outubro, com “uma nova série de execuções extrajudiciais contra civis” perto da costa venezuelana.
Moncada afirmou que as últimas vítimas foram “dois humildes pescadores” de Trinidad e Tobago, e afirmou que os ataques também fizeram vítimas colombianas.
“Não é um tema apenas venezuelano”, disse à imprensa, antes de pedir que o Conselho de Segurança investigue “o conjunto de assassinatos que o governo dos Estados Unidos vem perpetrando”.