PREMIÊ QUER AUTORIEDADE PALESTINA PLENAMENTE OPERACIONAL EM GAZA DENTRO DE UM ANO

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AUTODETERMINAÇÃO

Palestinos apresentaram à ONU plano para a reconstrução da Faixa de Gaza

A Autoridade Palestina, que governa parcialmente a Cisjordânia ocupada, não integra a administração de Gaza desde que seu rival, o grupo islamista Hamas, assumiu o controle do território em 2007, embora ainda preste alguns serviços na região.

“Gostaria de acreditar que, dentro de 12 meses, a Autoridade Palestina estará plenamente operacional em Gaza”, declarou Mohammad Mustafa, poucos dias após a entrada em vigor de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, mediado pelos Estados Unidos.

O plano de paz para Gaza proposto pelo presidente estadunidense, Donald Trump, não descarta a criação de um Estado palestino e sugere permitir um papel para a Autoridade Palestina assim que uma série de reformas tenha sido concluída. O presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, afirma que “está claro que os palestinos não abrem mão da soberania sobre Gaza”.

“Eles estão conversando e coordenando esforços de reconciliação, governança, reformas e futuro governo de unidade, em que palestinos jamais levantarão armas contra palestinos, nem secundarão os interesses nacionais palestinos em benefício de potências estrangeiras, incluídos regimes da região, bem como unificarão esforços contra o inimigo comum e existencial, a ocupação sionista”, disse ele ao Brasil de Fato.

Mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que se oporá à criação de um Estado palestino e rejeitou quase completamente a possibilidade de que a Autoridade Palestina, com sede em Ramallah, governe Gaza após a guerra.

Mustafa explicou que a Autoridade Palestina elaborou um plano quinquenal para Gaza, dividido em três fases, que exigirá US$ 65 bilhões (R$ 353 bilhões) para intervir em 18 setores distintos, como habitação, educação, governança e outros. Ualid Rabah ressalta que a proposta “prevê que a reconstrução de Gaza pelos palestinos, árabes e comunidade internacional apoiem os palestinos, jamais os substituem”.

O plano baseia-se no que foi acordado durante a cúpula de países árabes realizada no Cairo, em março de 2025, e o premiê palestino Mustafa destacou que “os programas de formação policial iniciados com o Egito e a Jordânia já estão em andamento”. O presidente da Fepal afirma que o fato de a conferência para reconstrução de Gaza acontecer no Egito indica que o plano árabe de reconstrução, apresentado pelo próprio Egito sete meses atrás “segue sendo o plano essencial”.

“Há clareza que Gaza deve ser reconstruída para parte de uma Palestina unificada, apontando para um aspecto importante do acordo de Pequim, entre todas as forças palestinas, de meados de 2024. [Reconstruída] em torno da ideia de reconciliação nacional palestina e implementação de um governo emergencial para Gaza, que assumirá sua reconstrução e administração, composto por tecnocratas palestinos. Este é um aspecto relevante e vital”, pontua Rabah.

“Além disso, a reconstrução vai além: Gaza desbloqueada, portanto, o fim de sua ocupação à distância por Israel” completa ele.

Saúde ‘fora de controle’ em Gaza

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a propagação das epidemias na Faixa de Gaza está “fora de controle”, enquanto apenas 13 dos 36 hospitais do território funcionam parcialmente. O sistema de saúde em Gaza “foi desmantelado” e a magnitude da tarefa é “colossal”, declarou a diretora regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, Hanan Balkhi, em uma entrevista à AFP na quarta-feira.

“A propagação de doenças infecciosas ficou fora de controle, seja meningite ou síndrome de Guillain-Barré — doença rara na qual o sistema imunológico do paciente ataca os nervos periféricos —, diarreias, doenças respiratórias”, disse. Segundo dados da OMS, a cidade de Gaza depende agora de oito centros de saúde que funcionam parcialmente e todos carecem de pessoal médico “para fornecer cuidados críticos”. Ao norte de Gaza, há somente um centro disponível.

Segundo dados das Nações Unidas, as instalações de saúde em Gaza sofreram mais de 800 ataques desde 7 de outubro de 2023. De acordo com um relatório recente da OMS, um quarto dos feridos registrados desde outubro de 2023, cerca de 167.376 pessoas, sofre de incapacidades permanentes. Desses, um quarto são crianças.

As necessidades de saúde mental na Faixa de Gaza mais que dobraram, mas “os serviços disponíveis não atendem à demanda”, segundo o relatório. Balkhi pediu às autoridades israelenses que permitam a saída de mais feridos para a Cisjordânia ou países vizinhos para que sejam tratados.

O acesso à Faixa de Gaza continua restrito, apesar do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas que entrou em vigor em 10 de outubro.

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