KASSAB CONFIRMOU QUE É ALIADO DE TARCÍSIO E DEFENSOR DOS RICOS AO SE POSICIONAR CONTRA MP DO GOVERNO LULA REFERENTE A ARRECADAÇÃO

Publicado por Guilherme Arandas
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, entrou em campo na noite desta terça-feira (7) para articular a derrubada da Medida Provisória que previa aumento de tributos e reforço na arrecadação do governo Lula.
Segundo relatos de parlamentares, Kassab ligou pessoalmente para deputados de sua sigla pedindo que votassem contra o texto. A manobra política dividiu a bancada e resultou na orientação contrária à MP, vista como uma derrota para o Planalto.
Nos bastidores, líderes do Congresso e auxiliares do presidente Lula avaliam que Kassab atua em sintonia com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, adversário político do petista, em uma estratégia voltada para as eleições de 2026.
Tarcísio nega envolvimento. Kassab, procurado, não comentou. Para o governo, o movimento do PSD e de partidos do Centrão, como PP, União Brasil e Republicanos, consolidou a resistência à proposta que deveria ser votada até esta quarta-feira (8).
A medida provisória, que surgiu como alternativa ao aumento do IOF, previa uma arrecadação extra de até R$ 35 bilhões, mas após negociações conduzidas pelo relator Carlos Zarattini (PT-SP), o valor caiu para R$ 17 bilhões. Mesmo com o recuo, o texto enfrentou forte rejeição do agronegócio, de fintechs e das casas de apostas, setores diretamente afetados pela proposta.
Na tentativa de salvar a MP, o governo liberou ministros com mandato de deputado para votar. Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo) foram autorizados a deixar temporariamente os cargos.

O movimento, no entanto, não surtiu o efeito esperado. Mesmo com ministros do PSD e Republicanos integrando a Esplanada, as duas legendas se alinharam à oposição e à bancada ruralista, que reúne cerca de 300 deputados.
A divisão expôs o enfraquecimento da base governista na Câmara. O PSD, embora não tenha fechado questão, sinalizou maioria contrária à MP. Já PP, União Brasil e Republicanos formalizaram posição contra o texto. Somadas, essas bancadas reúnem mais de 150 votos, número suficiente para inviabilizar a vot
A articulação entre Kassab e Tarcísio é vista no Planalto como parte de um movimento para isolar o governo no Congresso e desgastar a imagem de Lula às vésperas da disputa presidencial.
“O que está acontecendo hoje é um ato de sabotagem contra o Brasil”, declarou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). “O que ficou claro é que a discussão não é sobre o mérito, é sobre o conteúdo. É uma vontade de impor uma derrota política ao presidente Lula.”
A MP pretendia aumentar a alíquota do Imposto de Renda sobre aplicações financeiras para 18% e igualar a tributação das fintechs à dos bancos, elevando a CSLL de 9% para 15%. Também previa a taxação de apostas e de rendimentos de criptomoedas. Após pressões, o governo retirou parte das medidas, mas a resistência política permaneceu.
Em defesa dos ricos
Nos bastidores, a atuação de Gilberto Kassab foi interpretada por aliados do governo como uma defesa explícita dos setores mais ricos, contrários a pagar mais impostos. O presidente do PSD, que construiu sua carreira transitando entre diferentes governos, teria usado sua influência para proteger interesses financeiros e empresariais que seriam diretamente afetados pela MP. A manobra repete o padrão que marcou sua trajetória: agir nos bastidores, longe dos holofotes, como fez durante o governo Dilma Rousseff, quando, à frente de um ministério, trabalhou silenciosamente para enfraquecer a base petista e abrir caminho para o impeachment conduzido por Michel Temer e Eduardo Cunha.