SUMIÇO DE PARTE DAS GRAVAÇÕES DA CELA DE YOUSSEF É CRIME POR EXCLUSÃO DE PROVAS, AFIRMAM JURISTAS

Não se trata apenas de quebra de cadeia de custódia, mas sim de um “criminoso apagamento de provas por parte de servidores públicos”
A tentativa de apagar o conteúdo obtido através da escuta clandestina instalada na cela do doleiro Alberto Youssef, realizada por agentes públicos da Lava Jato, com o intuito de evitar que a operação ruísse, não é apenas passível de nulidades por quebra da cadeia de custódia, mas configura um crime pela exclusão de provas, de acordo com relatos de juristas feitos à revista eletrônica Conjur.
Em entrevista à revista eletrônica Conjur, o jurista Lenio Streck ironizou as desenfreadas ilegalidades cometidas pela “República de Curitiba”, sobretudo contra o doleiro Alberto Youssef. “A turma da ‘lava jato’ conseguiu fazer tantas ilegalidades e nulidades que até mesmo provas contra o doleiro Youssef são nulas”.
Ainda, Streck criticou a atuação dos juízes e procuradores da Lava Jato, comparando-os a ‘antimidas’: “colocam a mão e o processo vira pó”. Aplicando nisso tudo a tese dos frutos da árvore envenenada, há tanta nulidade que temo que a carta de Pero Vaz de Caminha possa ser nula. Bastaria que tivesse passado pela ‘lava jato’”, ironizou ao site.
Já o jurista Pedro Serrano afirmou que, diante da “forte suspeita de ilicitude” cometida na Lava Jato, “é preciso que o Conselho Nacional de Justiça apure essa questão especificamente e trate com rigor todos os responsáveis”.
O procurador Celso Tres frisou que “é possível a advocacia discutir a anulação da delação”, além de que “A ocultação dessas gravações ao juiz Appio cabe investigação — ocultação tem caráter permanente, ocorre também com a Lei de Abuso de Autoridade, em seu artigo 23.”, disse ao Conjur.
O escandaloso sumiço de parte das gravações clandestinas feitas na cela de Youssef
A defesa de Alberto Youssef está revisando áudios da escuta clandestina, mas enfrenta problemas com arquivos inaudíveis e cópias de baixa qualidade. Ainda não se sabe todos os envolvidos na ação ilegal, embora a Vaza Jato e sindicâncias (frustradas) tenham indicado procuradores como Deltan Dallagnol e Januário Paludo.
O caso está agora na alçada do Supremo Tribunal Federal, e a defesa do doleiro também acionará o Conselho Nacional de Justiça, à luz do HD escondido na 13ª Vara e parte do conteúdo excluído, com potencial de anular a delação premiada de Youssef e investigar os supostos crimes cometidos pela extinta Lava Jato.
Confira mais detalhes sobre o caso >> O sumiço de parte das gravações feitas na cela de Youssef. Após anos de resistência, Lava Jato finalmente dá acesso a mais de 200 horas de gravações; mas 1/3 do material foi deletado.