VEREADORES DE MANAUS, SEM SABEREM QUE A BÍBLIA NÃO É UM LIVRO E NEM O QUE É PARADIDÁTICO, APROVAM PL QUE AUTORIZA ESCOLAS USAREM A BÍBLIA COMO RECURSO PARADIDÁTICO

PRODUÇÃO AFINSOPHIA.ORG
“Os homens só se deixam dominar pela superstição enquanto têm medo; todas essas coisas que já alguma vez foram objeto de um fútil culto religioso não são mais do que fantasmas e delírios de um caráter amedrontado e triste”.
Spinoza
A professora-primária, adentrou na sala de aula, cumprimentou todas as alunas e alunos desejando um bom dia, sentou-se e lembrou do ponto que iriam apresentar. Lembrou que o trabalho seria oral, apresentado por todos ao mesmo tempo.
Perguntou se haviam estudado sobre o ponto cujo tema eram os coletivos. E todos responderam, com alegria, que sim. Então, ela começou a fazer as perguntas. Coletivo de ladrão? Resposta: Quadrilha! Coletivo de estrela? Resposta: Constelação! Coletivo de abelha? Resposta: Enxame! Coletivo de lobo? Resposta: Alcateia! Coletivo de livro? Resposta: Bíblia!
A professora parou as perguntas e se dirigiu diretamente para Clarinha. Clarinha, se o coletivo de livro é bíblia, por que a maioria das pessoas afirma que a bíblia é um livro. E, Clarinha, respondeu: Por dois motivos, professorinha: um, porque foi assim que aprenderam. Dois, porque não estudaram os coletivos e não sabem que a bíblia é um conjunto de escrituras chamadas de sagradas, sagradas porque pregam a piedade, pelo povo hebreu e que serve especialmente para ele.
Vocês sabem que a religião oficial do Brasil é a Religião Católica Apostólica Romana, mas que é permitido, no país, a pratica de outras religiões. Entretanto, existe práticas religiosas que querem ser mais evidenciadas que outras. Os vereadores da Câmara Municipal de Manaus, aprovaram um Projeto de Lei, 216 de 2023, do vereador Raiff Matos (DC), que autoriza o uso da bíblia como método paradidático nas escolas públicas e particulares que, agora, espera a sanção do prefeito, David Almeida, que é crente de uma entidade dita evangélica.
Na defesa de seu projeto, Raiff, afirmou:
É “uma vitória pessoal e também de muitas famílias.
Agora é esperar a sanção do prefeito, que certamente não irá se opor à inclusão do conteúdo do livro mais importante da história da humanidade”.
Para defender mais seu projeto, ele afirmou que a Bíblia não é um livro “unicamente religioso”, tem também uma “natureza literária, arqueológica, histórica e cultural. É um tesouro de conhecimento e as escolas não podem deixar de aproveitar seu conteúdo”. E para afirmar mais e mais seu projeto, disse que outros municípios do Brasil já o praticam. Como diz, a sabedoria-povão: “Bem-Aventurado os meus imitadores, pois deles serão meus erros.
Além de não saber que a bíblia não é um livro, mas um coletivo de textos escrito em épocas diferentes, por pessoas diferentes e com erros de identificação de alguns autores, como quando dizem que o Pentateuco foi escrito por Moisés, quando não foi, mas por Aben Esdras, que o livro dos Juízes foi escrito por juízes quando não foi, mas por historiadores, como outros livros, como o caso específico dos livros dos Reis que são tirados dos livros dos feitos de Salomão, e, como diz o filósofo holandês, Spinoza (1632-1677), que foi cristão-novo, “As leis do Antigo Testamento não foram reveladas e prescritas senão aos judeus. (…). A Bíblia é uma tratado político de formação do Estado Hebreu”.
Não é nada de “mais importante da história da humanidade”, e não tem a força arqueológica (que fez o filósofo Foucault, com sua Arqueologia do Saber, tremer com a afirmação) como afirma o vereador e, também acredita o fascista, Netanyahu e todos os sionistas que são favoráveis ao massacre de Gaza.
Mas, é preciso lembrar que a estrutura da cultura-religiosa dos hebreus foi copiada dos egípcios criada pelo faraó Akhenaton como o monoteísmo, o sentido de povo eleito e a prática da circuncisão. Todos os estatos-religiosos trasladados por Moisés o criador do sentido religioso-social-político do povo hebreu.
E também, não “é um tesouro de conhecimento”, visto ser um coletivo escrito com o objetivo de doutrinar um povo ainda com ideias primitivas e cheio de preconceitos. Daí, ter sido calcado em superstições, carregado de metáforas, símbolos, devaneios, tendo como exemplo os chamados milagres que em psicanálise é classificado como estágio mágico-infantil.
Sem esquecer que o antigo povo hebreu nem sua língua conhecia e não poderia ter desenvolvido uma sabedoria que pudesse lhe auxiliar nas decifrações do que lhe era apresentado. Daí, as ideias sobre deus e a natureza surgirem para ele como vulgares. E não poderem entender o provérbio de Salomão que diz: “O entendimento é para o seu dono uma fonte de vida e o suplício dos insensatos é sua insensatez”.
Outra falha no projeto do vereador, é ele querer que a bíblia (que não é um livro) seja usada como elemento paradidático. Ele não sabe que este conceito é formado por duas palavras. Para, que significa além ou do lado; e, didático, que é um dos corpus-epistemológicos da pedagogia imbricado como modus de ensinar, criar experiências com os educando para produção de novos conhecimentos.
Se a bíblia é um coletivo-religioso-literário carregado de metáforas, símbolos, devaneios, superstições, métodos usados pelos profetas, que antes eram chamados de videntes, escrito em tempos variados, e como cada tempo tem sua própria-subjetividade, que diferencia um tempo de outro, como tempo específico, ele não serve para novas experiências nas escolas e nem em outras sociedades. As escolas já têm seus conteúdos programáticos elaborados por grupos de pensadores-educacionais comprometidos com as metamorfoses-contínuas da sociedade. E, também, educadores-responsáveis em criar ambiência de transformação na Escola.
Entretanto, o vereador não percebe a ironia dos israelitas que massacram Gaza. Nem eles têm a bíblia como parâmetro para suas existências, basta perceber as tecnologias-letais que estão usando para se apossarem de territórios de outros povos. O vereador tem que se juntar com seus parceiros de Câmara e tentar ativar as estruturas neuro-cerebral-coletivo para criar projetos que possam fazer de Manaus uma CIDADE. O que nenhum prefeito ou vereador conseguiu realizar. Deixar de se preocupar com esse corpus que Freud chamou de “Futuro de Uma Ilusão” que é abstrato e tem pavor do Real, Atualização do Virtual. É o Real que Educa e não a Abstração-Ilusória.
Como diz a professora, Mariazinha das Comadres: “Quando se encontra escravizado pela ilusão não se percebe nem quem quer ser superior ao Senhor Deus. Olha o caso do Bolsonaro: Ele não graduou Deus? Não mandou Deus ficar “acima de todos?!. E me pergunto: Então, em que posição estava Deus, antes de Bolsonaro lhe colocar acima de todos?”.