MILITARES NOMEADOS POR BOLSONARO ERAM ÚNICOS COM ACESSO A JOIAS GUARDADAS EM FAZENDA DE PIQUET

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Depoimentos à Polícia Federal, aos quais o ‘UOL’ teve acesso, mostraram que não há registro sobre manuseio das joias

Redação
Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

 

Dois militares nomeados pelo hoje ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contaram à Polícia Federal que eram as únicas pessoas com acesso aos dois conjuntos de joias da Arábia Saudita que estavam armazenados em fazenda pertencente ao ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, em Brasília.

Assessor de confiança de Bolsonaro, o coronel da reserva do Exército Marcelo de Costa Câmara foi incumbido de cuidar do “acervo pessoal” do ex-presidente após a saída do Palácio do Planalto. Câmara nomeou o tenente do Exército Osmar Crivelatti como auxiliar. 

Nos depoimentos, aos quais o UOL teve acesso, os militares confirmaram que o acervo em questão tem mais de 9 mil objetos, que foram levados a um depósito no imóvel do ex-piloto, chamado Fazenda Piquet, em região nobre de Brasília.

Os conjuntos de joias, segundo os militares, foram guardados em local específico, separados dos demais itens. O material foi entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU) pela defesa de Bolsonaro, e Câmara e Crivelatti foram escalados para levar os objetos.

Ainda de acordo com os depoimentos, não há controle formal de entrada e saída de pessoas no depósito, mas apenas eles dois tinham acesso ao local. Câmara disse, ainda, que Bolsonaro não levou as joias aos Estados Unidos quando deixou o país antes mesmo do fim de seu mandato, em 30 de dezembro de 2022.

Depósito ’emprestado’

Segundo Bolsonaro, Piquet cedeu gratuitamente o espaço para armazenamento do material. As caixas que foram enviadas para a fazenda do ex-piloto, em dezembro de 2022, continham produtos que Bolsonaro “não queria entregar para a União” – incluindo joias, segundo o jornal O Estado de S.Paulo.

Durante a disputa eleitoral de 2022, Piquet foi ainda o autor da maior doação feita por uma pessoa física à campanha de Bolsonaro: R$ 501 mil. Coincidência ou não, a empresa do ex-piloto, a Autotrac Comércio e Comunicações, que era contratada pelo Ministério da Agricultura, tinha recebido, meses antes, um aditivo contratual de cerca de R$ 6,6 milhões, sem licitação.

Em mais um episódio de sua carreira pós aposentadoria das pistas, Piquet foi condenado, em março, a pagar R$ 5 milhões depois de falas racistas e homofóbicas dirigidas ao piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton durante entrevista a um canal na internet.

Edição: Cris Rodrigues

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