BOLSONARO ESTÁ DESACREDITADO DENTRO E FORA DO PAÍS, AFIRMA ANALISTA

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ECOS DE NOVA YORK

Para o cientista político Vitor Marchetti, ele reproduziu na ONU seu discurso habitual, voltado para seus apoiadores

22 de Setembro de 2021.
Apesar da retórica antivacina, população manifesta ampla adesão ao esforço de imunização – Foto: Marcos Corrêa/PR

De acordo com o cientista político Vitor Marchetti, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), no cenário internacional não há mais quem ainda dê crédito às declarações do presidente Jair Bolsonaro.

Em seu discurso durante a abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (21), Bolsonaro reproduziu discurso voltado aos seus apoiadores mais radicais, segundo o analista. Além disso, a comitiva brasileira não realizou nenhum encontro bilateral relevante, o que demonstra o isolamento do país.

Ele destacou a fala do presidente em defesa do chamado “tratamento precoce” contra a covid-19, abordagem não recomendada pelos organismos internacionais e abandonada na maioria dos países. Por outro lado, vendeu dados e informações insustentáveis sobre temas como preservação ambiental e proteção aos povos indígenas.

“Do ponto de vista internacional, Bolsonaro disse que estava resgatando a credibilidade do país. Quando, no fundo, estava reforçando a falta ou perda total de credibilidade”, disse Marchetti, em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (22).

Essa falta de credibilidade, no entanto, inviabiliza até mesmo a “agenda perversa” de privatizações anunciada por Bolsonaro. “Esse comportamento do presidente também compromete esse tipo de agenda, porque produz incerteza nos atores econômicos”, frisou Marchetti.

Front interno

Outro ponto destacado pelo analista foi a posição de Bolsonaro contra a vacinação obrigatória. Além disso, ele tem pressionado o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pela desobrigação também do uso de máscaras. Ironicamente, o próprio ministro foi contaminado durante a viagem a Nova York. Marchetti destacou que Queiroga não conseguiu convencer nem mesmo os integrantes da comitiva sobre o uso do equipamento de segurança.

Contudo, apesar das dificuldades criadas em torno do Plano Nacional de Imunizações – o último caso foi a orientação para suspender a vacinação em adolescentes – a população brasileira tem aderido amplamente às vacinas.

“A influência que tem a fala de um presidente é enorme, mas Bolsonaro caiu num descrédito total que hoje a gente tem um número de vacinados que chama a atenção, apesar de todo esse cenário de contrariedade e de propaganda negativa”, disse Marchetti.

Sem qualquer tipo de apoio externo, e com a sua base restrita ao bolsonarismo mais radical, o analista acredita que tal cenário aponta para o fim desse “ciclo tenebroso” representado pelo governo Bolsonaro.

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