NA SEITA EM QUE SE CONVERTEU O BOLSONARISMO, UM COMANDANTE DO EXÉRCITO RÁPIDO NO GATILHO CAI BEM

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OPINIÃO DO BLOG
30/03/2021.

Da Redação Viomundo.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, foi logo direto ao assunto: ele queria nomear na Petrobras o diretor que “furava poço”.

O ex-presidente Lula costuma dizer que é preciso diferenciar entre ter o poder de Direito e o de fato. Ele aprendeu, no Planalto, que o presidente não pode tudo. Tem de costurar, alinhavar.

Lula nomeou Joaquim Barbosa, o algoz do PT no mensalão. Dilma nomeou Luís Roberto Barroso, a “cabeça” no STF por trás da Lava Jato. E foi de Lula, com apoio de João Pedro Stédile, a opção por Edson Fachin, o ministro das “causas sociais”. Dilma atropelou a fila para indicar o general Villas Bôas comandante do Exército.

Quem obedeceu fielmente, sempre, a lista tríplice do Ministério Público Federal? O PT.

Chama-se republicanismo.

Como político forjado no baixo clero da Câmara, Bolsonaro tem o instinto de Severino.

Procurador-geral, diretor da Polícia Federal, novo procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro (escolhido pelo governador aliado) e presidente da Câmara que ajudou a eleger não falharam com ele até agora, nem o único ministro indicado ao STF.

Bolsonaro quer escolher um novo comandante do Exército, que é quem conta nas Forças Armadas brasileiras, que lhe faça as vontades.

Algúem como os generais Alberto Heleno e o próprio Villas Bôas, que não aceitam Lula eleito presidente do Brasil em 2022.

Que estejam dispostos a se manifestar publicamente em defesa de Bolsonaro e contra adversários do presidente, inclusive o STF.

Este será um ano políticamente perdido para a pandemia. Se as metas de vacinação recém divulgadas forem cumpridas, os três primeiros meses de 2022 seriam, em tese, os de reabertura gradual.

Mas a economia está em pandarecos. Já estava antes da pandemia e provavelmente vai repetir seu fraquíssimo desempenho em 2022.

Jair Bolsonaro sofre de uma instabilidade emocional que o coloca na mesma categoria do ex-presidente Nixon, só que este a expressava de maneira introvertida.

Nixon era paranoico, enxergava conspiração nas sombras e estava disposto a jogar duro e sujo, como na bisbilhotagem da sede do Partido Democrata.

Bolsonaro faz isso abertamente contra todo aquele que se coloca como uma sombra em seu horizonte, do governador João Doria ao ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

As pessoas, como nos disse ontem a prefeita de Contagem, em Minas Gerais, estão morrendo de fome.

Ao invés de aliviá-las com um megapacotaço econômico, como fizeram outros governos, Bolsonaro age como se prefeitos e governadores estivessem promovendo medidas restritivas apenas para prejudicar a economia e, assim, as chances de o presidente se reeleger.

A isso se dá o nome de paranoia.

E isso está em alinhamento com aquilo que dizem seus assessores mais íntimos, ou seja, os próprios filhos.

É neles que Bolsonaro confia, embora tenha tido de ceder aqui e ali para dar satisfações ao Centrão e escapar do impeachment.

Bolsonaro quer um comandante do Exército que banque o confronto com os governadores. Pois parte da paranoia do presidente da República é de que o poder dele foi usurpado pelo STF, pelos prefeitos, pelos governadores e pelo próprio ministro da Defesa que indicou.

O discurso raiz do bolsonarismo, afinal, é este: Bolsonaro não governa porque foi impedido de governar. Nada, absolutamente nada do que aconteceu até agora é responsabilidade dele, pois seu poder foi usurpado pelo Congresso e pelo STF.

Donde que uma intervenção militar é a única saída para salvar a democracia.

Neste cenário de seita, um general rápido no gatilho comandando o Exército cai muito bem.

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