UM PREFEITO É UM EDUCADOR QUE JUNTO COM A COMUNALIDADE PRODUZ PRÁXIS E POIESIS AFETIVAS E COGNITIVAS CIDADE

PRODUÇÃO AFINSOPHIA.ORG
Um prefeito é um educador. É um praticante da práxis e poiesis educacional. A própria etimologia da palavra educação já carrega em si o seu agenciamento ontológico-pragmático. Educare, do latim, saído de EX,fora. Ducere, guiar, conduzir. Não há como escapar: a política é o radical da educação.
Um prefeito é constituído do devir que movimenta sempre o novo como fora. Deslocamento contínuo como fora criador. A política produtora de corpos cognitivos e afetivos necessários a constituição da Cidade-Pulsante. A Cidade-Democrática. Não há Cidade-Democrática sem o movimento da práxis e da poiesis responsáveis pela Estética-Humanidade inter-agenciadora das relações sociais entre os citadinos. Prefeiturar é praticar atos-políticos junto com a comunalidade como processual criador de bens comuns materiais e imateriais. É pedagogizar politicamente a Cidade.
Um prefeito é um ser constituído de sensibilidade, inteligência e ética cuja dimensão de seu existir lhe implica na realidade constitutiva da comunalidade. Ele sabe que a comunalidade, conceito usado pelo filósofo italiano Toni Negri, compreendido nos enunciados dos filósofos Spinoza e Maquiavel, não se resume a um conjunto de pessoas habitantes de um território, mas os encadeamentos de potências de pessoas interligadas que criam a estética subjetiva e objetiva como espaço-existencial-vivente dessas pessoas. Uma comunalidade é composta de habitantes, mas o que a torna comunalidade são as composições de suas potência produtoras dos modus de ser-original desses habitantes como corpos-ativos de sua história.
Um prefeito jamais pode ser um sujeito-sujeitado que chega com fórmulas autoritárias prontas para impor sobre os habitantes da cidade como faz o professor, consciência bancária, que impõe aos estudantes suas prerrogativas-ideológicas, como nos mostra o filósofo-educador Paulo Freire. Um prefeito que sintetiza sua gestão em técnicas-burocráticas-pré-estabelecidas, não é digno do nome de prefeito, pois não tem o espírito de servidor-público. Mesmo que tenha sido eleito. O que, em verdade, reflete, também, a alienação-democrática de seus eleitores. Como temos visto no Brasil.
O alcunhado debate promovido no meio da semana por uma emissora de Manaus, concedido por uma emissora matriz de São Paulo, mostrou a crua realidade: os candidatos não apresentaram o espírito-educador. Suas falas foram blocos de redundâncias, afasia-tagarela, como diz o filósofo Nietzsche. Nenhum pronunciamento com uma semiótica que pudesse corta a força-atrativa-paralisante do buraco-negro-estabelecido linguisticamente.
Um momento que foi possibilitado a expressão-conteúdo do candidato-educador, foi quando José Ricardo, do Partido dos Trabalhadores, por duas vezes, foi questionados por candidatos-bolsonaristas que acusaram o PT de ser o partido mais corrupto do Brasil, “do planeta”.
O Zé do 13, fez ouvido de mercador, fez que não era com ele, e passou a apologiar sua honestidade. Perdeu a oportunidade de ser um educador e informar para os dois bolsonaristas e para o público a verdade. Bastava dizer que corrupto tem sido o sistema que controla alguns chamados justiceiros.
Dizer que o STF absolveu os acusados do mensalão como José Genoíno, Delúbio, etc. acusados injustamente.
Dizer que Dilma, eleita com mais de 54 milhões de votos-livres, sem cometer qualquer crime, foi vítima de uma trama antidemocrática, anticonstitucional, comandada pelo capital internacional, empresários-nacionais-ambiciosos, mídias-acéfalas de mercado, o Congresso Nacional, e, como disse, o ex-senador Jucá, “Com STF e tudo”. E que, hoje, até Temer e o Globo afirmam que foi golpe. Simplesmente um golpe contra um governo-popular.
Dizer, também, em seu pronunciamento-educacional, que a Lava Jato, em conluio com o Departamento de Defesa dos EUA, com objetivo de destruir a economia-industrial-brasileira, já confirmado como crime de quebra da soberania-nacional, tinha como interesse político prender Lula para que ele não concorresse às eleições presidenciais. Como realmente ocorreu: Moro, sem qualquer prova de crime, mas com “convicções” o condenou, e, em seguida, ganhou o prêmio por seu trabalho: duplo ministro de Bolsonaro que o ajudou a eleger e que foi eleito com a força das fake news.
Dizer, que neste momento, Lula espera que a Segunda Turma do STF, termine o julgamento da suspeição de Moro que já se encontra empatado em 2X2, faltando o voto do ministro Celso de Mello. E se ele não votar, pelas regras jurídicas da instituição, Moro é considerado suspeito e Lula é absolvido e volta a ter seus direitos políticos.
E para finalizar, se ele fosse um pouco interessado nos andamentos das acusações contra seu partido, ele poderia ter uma noção de que o processo contra Lula, referente as suas conferências, poderia ser arquivado, como realmente ocorreu um dia após ele perder a oportunidade educacional-histórica. A juíza federal Gabriela Hardt, da Lava Jato, arquivou o processo por não encontrar provas depois de cinco anos de investigações realizadas pela Polícia Federal.
Como fora indagado como governaria, diria que movido pelos princípios e postulados da democracia-popular como fizeram Lula e Dilma. Criadores do Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Luz Para Todos, Pronatec, Universidades, Enem, ProUni, Fies, Saúde Bucal, entre outros de alcance pela maioria da sociedade brasileira, principalmente os menos favorecidos.
Mas se ele não quisesse, como não quis, fazer essas enunciações-históricas, pelo menos poderia ter arriscado ser um pouco educador, pedindo que seu inquiridor, que afirmara ser o PT o partido mais “corrupto do planeta”explicasse, ao público-docente, o que é um planeta? E quais as diferenças entre um planeta, um satélite, um cometa e um meteoro. Já ficava de bom alvitre-pedagógico.
Partindo do entendimento de que um prefeito é um educador, fica claro que Manaus encontra-se ameaçada de continuar sendo uma não-cidade como tem sido até hoje por obra de seus antigos prefeitos. Todos não-educadores.