DOMENICO DE MASI AFIRMA QUE CORONAVÍRUS REVOLUCIONARÁ O MODO DE VIDA NO MUNDO
Em artigo, filósofo italiano relata drama na Itália e diz que lógica neoliberal terá que mudar nos próximos anos.
“Subitamente nos descobrimos frágeis pigmeus diante da onipotência imaterial de um vírus que, por vias misteriosas, escapou de um morcego chinês para vir matar homens ns e mulheres em nossas cidades”.
De Mais também acredita que “os soberanismos parecem tentativas fantasiosas contra a globalização. Hoje, mais do que nunca, a difusão da pandemia e sua rápida volta ao mundo demonstraram que deter a globalização é como se opor à força de gravidade. Nosso planeta já é aquela “aldeia global” da qual falava McLuhan, unida por infortúnios e pela vontade de viver, precisando de uma direção unitária, capaz de coordenar a ação sinérgica de todos os povos que desejam se salvar. Nessa aldeia global, nenhum homem, nenhum país é uma ilha”.
Também foi bem crítico sobre como o modelo neoliberal promove ainda mais caos na sociedade diante de uma situação como a atual. “A propaganda neoliberal, que se alastrou sob a bandeira insana de Reagan e Thatcher, desacreditou tudo o que é público em favor do setor privado. Porém, pelo contrário, nessas semanas trágicas, a reação eficiente dos hospitais e dos funcionários públicos diante do surgimento da pandemia nos ensinou que a nossa saúde pública, da mesma forma que outras funções públicas, dispõe, muito mais do que o setor privado, de pessoas preparadas profissionalmente, motivadas e generosas até o heroísmo”, comenta o filósofo.
Autor de obras como “Ócio Criativo” e “Futuro do Trabalho”, Domenico de Mais comenta as mudanças nas dinâmicas de trabalho que devem surgir a partir das medidas tomadas em diversos países, por causa da pandemia. “Sabíamos teoricamente que essa modalidade de trabalho à distância permite aos trabalhadores uma preciosa economia de tempo, dinheiro, stress e alienação; e às empresas, evita os microconflitos, despesas na manutenção do local de trabalho e promove incremento da eficiência, recuperando de 15 a 20% da produtividade; à coletividade, evita a poluição, o entupimento de trânsito e despesas de manutenção das estradas”, defende o intelectual italiano.