PARADA LGBTS DE MANAUS CONTINUA ENCLAUSURADA. ESQUECEU QUE VISIBILIDADE SE PRODUZ NA RUA

Foto Parada Gay de 2008, criação Maurício Colares, membro da AFIN.

 

PRODUÇÃO AFINSOPHIA.ORG

 

A filósofa Hannah Arendt diz que a praça, como rua, é o espaço da aparência. Território da vivência que confirma a visibilidade do Ser-Aí. O Dasein, diz o filósofo Heidegger. Território onde se realizam as práxis e as poiesis da polis. Cidade. Território em que os homens e mulheres livres tratam dos negócios do movimento social. O verdadeiro significado do homem como um ser político. O Ethos da sociedade: a morada-humana.

O espeço da aparência realiza a visibilidade. O Eu se torna Outro e o Outro se torna EU. Confirmação do existir. Assim, ninguém pode se afirmar existente sem a confirmação de sua visibilidade. Aí, a implicação de que todo ato é político, porque todo ato expressa o interior e o exterior do Eu-Social.

O ato político é o discurso dos visíveis. O discurso dos que se mostram como personalidades e autoridades ontológicas do Existir-Com-Outro, Pelo-Outro, Para-Outro. Afirmação da vocação da vida como vitalismo-criador de comunidade. O contrário é ocultação, exclusão, negação.  O discurso do tirano que enclausura os que ele toma como inimigo. Daí, porque o tirano é inimigo da democracia. Inimigo da Liberdade.

Hoje, dia 29, ocorreu a 19ª Parada LGBTs de Manaus com o tema: “’19 anos de orgulho, nos 350 anos de Manaus”. Como vem ocorrendo durante alguns anos, mais um vez o evento se deu no espaço da exclusão. Ou melhor, no território do enclausuramento. Distante do espaço da aparência, onde se concretiza a visibilidade: a rua. O Devir-Dromológico: movimento do povo. O deslocamento popular da polis, como afirma o filósofo Paul Virilio. 

Não se sabe se por alienação, descaso, capachismo, indiferença, dormência, pessimismo, inativismo, principais vícios-valorativos burgueses, a Parada LGBTs de Manaus continua enclausurada onde um dos governadores reacionários do Amazonas lhe confinou: no Sambódromo. Bem distante do olhar-dionisíaco do povo. Olhar que se imbricou com o movimento de Cristo na produção da História da Liberdade. Olhar da rua produtor da História. Não há história sem rua.

Trata-se de caso claro de cumplicidade com a enfermidade social que se alastrou já alguns anos por Manaus quando se sabe que um dia a Parada LGBTs foi, em verdade, um Devir produtor de partículas afetivas e cognitivas que envolvia, além de seus realizadores, milhares de pessoas, inclusive famílias inteiras com suas crianças. Uma verdadeira festa. O singular sentido de alegria. Diria o filósofo Nietzsche, a verdadeira gay ciência. O saber alegre do viver. Era a festa contagiante do maravilhoso, nas ruas, na Ponta Negra. O maravilhoso sentido pelos artistas do movimento Surrealista. A psicodelia-dionisíaca. 

Enclausurada em seu gueto (gueto significa lugar onde se espera o fim) da conformação, Sambódromo, por imposição-castradora das chamadas autoridades-oficiais, a Parada LGBTs, é uma pálida imagem do Corpo-Criador-Artístico que era no passado. Ao se submeter a determinação governamental, a Parada LGBTs pode ser tomada como uma forma de premonição de como seria tratada a singularidade homoafetiva pela censura imposta pelo evento Bolsonaro, nos dias atuais. Os que enclausuraram a Parada LGBT, podem ser tomados, sexo-moralmente, como os antecessores de Bolsonaro.

Manaus é a um das poucas capitais em que o Movimento Gay se esconde do povo. Em capitais como São Paulo, Rio, Porto Alegre, Recife, e outras, o Movimento Gay se faz na rua, junto com o povo. Todos os direitos que foram conseguidos pelo Movimento LGBTs foi em parceria com a consciência comunitária representada pelos movimentos sociais que trabalham diretamente com a população. Principalmente, às minorias. Não se consegue direitos aceitando imposições dos que não conhecem as necessidades dos que lutam por visibilidade. Não se consegue visibilidade na escuridão.

A Associação Filosofia Itinerante (AFIN), que trabalha com a semiótica dos devires singulares criativos da inteligência-coletiva em composição com filósofos como os estoicos, Spinoza, Nietzsche, Marx, Sartre, Simone Beauvoir, Negri, Deleuze, Guattari, Barbara Cassin, entre outros transfiguradores, que é totalmente distinta da semiótica-paranoica do sistema capitalista cujo medo da vida é seu fator-base,tem a mesma idade da Parada LGBTs de Manaus. Sempre esteve comprometida com o Movimento Gay. Esteve presente em todas às realizações, antes da intervenção sexo-moral das chamadas autoridades. Como resultado de seus envolvimento, a AFIN, tem um grande acervo de fotos criadas pelo fotógrafo-filósofo-educador-poeta-tradutor-ator Maurício Colares, um dos fundadores dela e engajado agente-social. Pessoa conhecidíssima e respeitada no Movimento Gay.   

Por tal realidade comprometedora com a liberdade do Existir, a AFIN tem direito de analisar e opinar sobre a situação atual da Parada LGBTs que não é nada plausível. Porque se observa como o movimento encontra-se sendo instrumentalizado por quem não tem a mesma práxis e muito menos qualquer sincero interesse com as causas gays. 

Daí, que o brado-original é: Lugar de Gay é na Rua!!!!

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