PARA TER HUMOR, É PRECISO QUE O MEDO NÃO IMPEÇA NOSSA CONSTATAÇÃO DO MAL NAZIFASCISTA

PRODUÇÃO AFINSOPHIA.ORG
O teatrólogo, cineasta, romancista e crítico John Howard Lawson, incluído na lista negra da Comissão de Atividades Anti-Americanas na Câmara dos Deputados de 1947, e que a partir de 1951 tomou a macabra forma de macartismo: perseguição aos que pensavam diferente e eram acusados de comunistas, disse: “É bom reconhecer que não pode existir humor se o medo ou a estupidez impedirem a constatação do mal e dos absurdos que nos cercam”.
Como se sabe o macartismo foi a forma nazifascista que o governo norte-americano lançou mão para perseguir todas as pessoas livres que não respondiam às suas imposições sádicas em nome de seus ideais predadores capitalistas tendo como simbolismo-místico-cívico-perverso Deus, Pátria e Família. A sustentação paranoica dos que negaram a vida e que só se sentem protegidos no exercício de opressão e destruição dos que eles deliram ser o inimigo. É o mal se tomando pelo bem. O macartismo é uma das facetas do nazifascismo, por isso é fácil constatar no Brasil atual a faceta nazifascista-tupiniquim.
Para a psiquiatria, Deus, Pátria E Família são apenas símbolos-fálicos reificados como retorno do reprimido para os propósitos traumáticos daqueles que fazem uso. São formas de sublimações oriundas das repressões libido-sexual que os pais impuseram aos filhos e que se transformaram em sentimento de culpa individual e que em sociedade se apresenta como indignação moral-social. Forma simulada de aliviar a culpa. O que leva o psiquiatra W. Reich afirmar: todo repressor é um castrado em sua potência-orgástica. Um natimorto que cultua a morte, diria o Papa Chico.
Como o objetivo básico do nazifascismo é realizar o mal como forma de defesa contra à vida, significa que não há humor em seu afeto destrutivo. O que leva ao entendimento de que ele faz tudo para que as pessoas se mantenham sob a ordem dogmática do medo e da estupidez para não constatarem o seu mal e se manterem sem humor. Sob a força do medo ninguém pode compor outros afetos. Principalmente afetos que aumentam a potência de agir. O medo é molar. Paralisa. O medo é o senhor da estupidez que origina a escravidão. Do mal e do medo não nasce a democracia. Todo antidemocrata é apavorado. É um ego-infantilizado que expressa uma criança acuada, desesperada e humilhada. Esse o ego-nazifascista.
É exatamente esta forma de imposição do mal para manutenção do medo sobre a sociedade brasileira, que vem sendo perpetrado pelo nazifascismo. O mal como produtor do medo para que os brasileiros não exercitem o dom humorístico da vida. O humor é a potência criativa da vida. Só há vida ativa quando o humor movimenta o mundo. O filósofo Nietzsche sabia disso quando falou do homem como um ser para se ultrapassar. Só há ultrapassagem na práxis e poiesis que são atividades da vida. Como todo sujeito-sujeitado do mal se mantém sob a força do medo, nele não se manifesta qualquer signo de criação. Ele é a negação da vida. Todo nazifascista odeia tudo que expresse criatividade-viva. A estética dele é a estética da morte.
O contrário do humor é a depressão que se mostra de duas formas. Uma depressão endógena cuja causa é interior, e a depressão exógena cuja causa é exterior. O nazifascismo, como mal, é produtor da depressão exógena. Seus atos maléficos, sintomas incontroláveis de sua morbidez, se manifestação em todos os quadrantes sociais como exterioridade. Sejam no meio-ambiente, na educação, no trabalho, na saúde, nas artes, nos esportes, na economia, em todos os territórios que ele encontre os corpus necessários para sua proliferação como corpo pervertido em forma de mal.
É preciso observar, no entanto, que embora a depressão endógena tenha sua causa no interior da pessoa, é possível que um corpo fortemente opressor-exógeno possa encadear-se com corpos interiores e essa pessoa, que em entro ocasião não se deprimiria, venha apresentar sintoma de depressão. O que significa que a morbidez nazifascista, como propagadora do mal, tem um único objetivo: causar dor para que não haja humor. O que significa, também, que diante da irracionalidade nazifascista a sociedade em sua maioria encontra-se sob ameaça.
A partir deste quadro, é preciso pensar junto com o físico Ziffel, personagem da peça de Brecht, O Diálogo dos Exilados, onde ele afirma: “Realmente a vida num país sem humor é insuportável; mas muito mais insuportável ainda é a vida num país que tem necessidade de humor”.