RBA: COM NOVO MINISTRO, EDUCAÇÃO SAI DA ‘ANOMIA’ PARA ENTRAR NO ‘CAOS’

GOVERNO BOLSONARO
Presidenta da Apeoesp, Bebel, vê escolha como “moeda de troca” para agradar setores financeiros, sem mexer em investimentos
São Paulo – O perfil do novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, na opinião de especialistas consultados pela reportagem de Cosmo Silva, na Rádio Brasil Atual, comprova que o governo Bolsonaro não tem um projeto para atender às demandas educacionais do país. Em pouco mais de três meses de gestão, o MEC coleciona dezenas de exonerações de cargos na administração, além de esta ser a segunda mudança no primeiro escalão do governo.
Executivo no mercado financeiro, o novo ministro, é professor universitário, discípulo do autoproclamado filósofo Olavo Carvalho, partilha da chamada disputa contra o “marxismo cultural”. Em seu perfil no Twitter, o presidente Bolsonaro justificou a nomeação devido à “ampla experiência em gestão” e “conhecimento necessário para a pasta”.
Na análise do coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, trata-se na verdade de uma certa continuidade da falta de projeto que já marcava a gestão anterior do então ministro Ricardo Vélez Rodríguez. Segundo Cara, o ex-ministro deixou a educação em um cenário de “anomia” e a nova nomeação simboliza uma passagem para o estado de “caos”. O educador tem acompanhado as escolas do agreste nordestino, onde faltam materiais didáticos, escolares, estrutura, e até alimentação.
“A gente sai de uma situação de incapacidade de dar conta da política de educação e entra em um desalento caótico porque ninguém sabe o que vai acontecer daqui para frente. É uma nomeação que corresponde a um governo completamente descomprometido com os interesses da população”, afirma em reportagem de Cosmo Silva.
A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), deputada estadual Maria Izabel Noronha, a Bebel (PT), vê com desconfiança a escolha por um ministro considerado especialista em Previdência. “Moeda de troca, sem dúvida. Tudo isso que está acontecendo, se você pegar a reforma da Previdência, ela atende aos empresários e ao sistema rentista. Então o que está por detrás de uma pessoa do sistema financeiro para tratar de educação?”, questiona Bebel.
Em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, na edição desta terça-feira (9) do Jornal Brasil Atual, o presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp), Celso Napolitano, comenta ainda as polêmicas em torno de Weintraub, que já chegou a afirmar, em setembro do ano passado, que nas universidades do nordeste não deveriam ser lecionadas as disciplinas de Sociologia e Filosofia. “Isso prova uma discriminação e, eu posso dizer, um racismo completo”, avalia Napolitano. “Uma pessoa que não tem a mínima qualificação, mesmo academicamente, porque ele nunca se preocupou com a questão educacional.”