WALLACE, DEPUTADO INVESTIGADO, PODE RENUNCIAR
Comenta-se, a bocas grandes, que o deputado estadual Wallace Souza, investigado pela justiça amazonense por suspeita de vários crimes, conjuntamente com seu filho, Rafael Souza, prestes a ser transferido para presídio de segurança máxima, pode renunciar a qualquer instante. Com a renúncia, livrar-se-ia da cassação e poderia se candidatar nas eleições de 2010.
O ato de pretender a renúncia, se realmente for comprovada, inspira no observador do fato edipiano — relação pai-filho — duas questões:
I – Embora com a certeza de uma Assembléia composta da maioria fisiológica, tendente à submissão, o que lhe permite imaginar uma não-cassação, o deputado acusado não quer arriscar. Pode sua imaginação sofrer um logro com a força da realidade. Como vem acontecendo com as investigações que cada vez mais o tornam implicado nas suspeitas. Quebrando sua névoa imaginária que o colocava, para si mesmo, acima de qualquer suspeita. Uma lógica entrópica do que “o que eu faço é que é real”. Na verdade, uma dissipação da realidade pela fantasia tenebrosa.
Desta forma, nada de arriscar. O negócio é preservar o futuro parlamentar.
II – A segunda questão leva ao raciocínio claro. Renunciando, ele perde a imunidade parlamentar e passa a ser um simples indivíduo diante da Lei. Confirmadas as suspeitas, pode ser preso, julgado e condenado. Um grande abalo em seus propósitos. Se só implicado em processo penal, já está difícil — impossível? — ter direito à candidatura se for aprovado no Congresso o Projeto de Lei “Ficha Suja”, que proíbe candidatos com processo em julgamento concorrer a eleições, imaginemos com a lei atual, que impede qualquer indivíduo condenado sair como candidato. Sem contar que, para o eleitor atento, principalmente o seu eleitor, que o tinha como paladino da justiça, sua performance expressa pelas investigações não lhe permite nenhuma segurança que possa acreditar que será eleito. Mesmo com a estúpida lógica que o povo é ignorante. Ou com a lógica psicanalítica da identificação da vítima com o agressor. A difusão do fato como matéria de comentário coletivo, por si só, já fez seu trabalho democrático. Ainda mais agora, perdido no anonimato que seu programa miserabilizante fora do ar lhe impingiu. Este, o grande truque da mídia-televisiva: quanto mais superexposição de uma imagem, mais sua desaparição. Vítima de sua própria ambição televisiva.
Fica então o entendimento de que, para o bem da democracia, a renúncia do deputado Wallace, para se livrar da cassação e poder sair candidato em 2010, não vai ativar seus interesses pessoais. Mas o que pode muito bem ativar diante de pequena parte da opinião pública, que ainda não concebeu uma opinião democrática sobre o comportamento do deputado à frente de seu programa de TV, é que, para esta opinião, o ato de renunciar é um ato covarde, contrário ao que ela concebia, iludida, quando o tinha, junto com o irmão, os verdadeiros irmãos coragem.
Se o fato tivesse vindo a tona na época da eleição, o prefeito e o vice cassado não teriam sidos eleitos. Mas cadê o Vice? Cadê Fausto Souza? Eles não eram os irmãos coragem. E agora? Só o Wallace e o filho estão respondendo. Os dois não faziam parte da gang? O Vice, pelo que sei não tem imunidade. Quando vão começar a investigá-lo? Todos os que faziam parte do programa já foram ouvidos. Dono da emissora, patrocinadores, aquela turma que “curtia” com os “presos”? Quando o governador será ouvido pelo Tribunal? Afinal eles usavam a estrutura do Estado para dar mais audiência naqueles programas. O uso da polícia por exemplo. O Secretário não sabia?Taurandy Onabeba/Centro de Manaus.