AS IMPREVISÕES DO TEMPO NOS GOVERNOS CATASTRÓFICOS
As alagações nos diversos estados brasileiros, sobretudo no Amazonas, demonstram a possibilidade de dois crimes impetrados, ano a ano, pelos (des)governos à população: incapacidade de perceber a emergência de fenômenos naturais que afetarão a população e/ou descaso em relação à população, que a faz padecer.
Os fenômenos são naturais, e cheia no Amazonas ocorre todos os anos, como já dissemos aqui nesse bloguinho há dois anos passados, e que também foi observado recentemente pelo deputado federal Francisco Praciano, ao dizer que “cheia na Amazônia não pode ser surpresa”. Por isso, quando vemos nas imagens apresentadas na televisão a situação desesperadora, principalmente dos pequenos agricultores e pecuaristas, sabemos que tais situações podiam ser muito bem evitadas. E por que não o são? Justamente por que a intensificação dos fenômenos naturais é antinatural, como disse a senadora Marina Silva e as ações que poderiam diminuir seus impactos na população são retardados pelos governos vitimais.
DO PADECIMENTO AO COMPADECIMENTO
Na sequencia ao padecimento da população vem logo o compadecimento do governador. As imagens da semana passada demonstraram bem esses governos que fortalecem suas imagens justamente com a população que eles, criminalmente, humilhantemente, violentam e vitimam. A primeira foi do vice-governador Omar “vinde a mim” Aziz distribuindo os cartões do SOS Enchente. A segunda foi do governador Eduardo “guerreiro de sempre” Braga resgatando lixo no igarapé do São Raimundo.
Essa estratégia de marketing, típica dos políticos demagogos, foi muito empregada no passado pelo prefeito cassado Amazonino. Agora que este tenta o truque de fazer desaparecer a si mesmo, como um de seus pupilos, Braga não poderia deixar de fazer uso da estratégia. A imagem emplaca bem com o sentimento cristão e os valores ocidentais de piedade e solidariedade. Uma estratégia tão antiquada e retrógrada que ficaria bem numa cena de romance naturalista do final do século XIX.
A EMERGÊNCIA DO ESTADO DE EMERGÊNCIA
Para garantir os custos da estratégia, os governos, emergentemente, decretam estado de emergência, enviando pedido de verbas para o governo federal, como fez recentemente Amazonino cassado. O que levou o vereador José Ricardo a pedir o acompanhamento e fiscalização desses recursos públicos: “Precisamos saber quanto será gasto com essa ajuda e para quem chegarão esses recursos”. Ele lembrou que foram disponibilizados R$ 9 milhões no estado de emergência lançado no início do ano para as obras de tapa-buracos e que só foram “concluídas somente 18% das obras previstas para serem concluídas em 120 dias”.
E assim, enquanto os fenômenos naturais vão sendo colocados como catástrofe, os políticos vitimais-demagogos vão lucrando com a barganha de recursos públicos e com a imagem salvadora, quando poderiam há muito tempo ter realocado pessoas, distribuído auxílio antes de plantas, animais e pessoas morrerem ou ficarem tão fragilizadas em situação vitimal.
A proporção da enchente pode até ser maior do que a de outros anos, mas mesmo isso já fora previsto até nas previsões de tempo televisivas. O que esses políticos não sabem é que essa imagem já é clichê antigo e se percebe nelas algo como um falso hálibe de criminoso tentando se passar por vítima e herói ao mesmo tempo. Mas desses a população já sabe que não há nada que se possa dizer natural, tudo falseações degeneradas, fraude, simulações.