LUIS NASSIF: OS PRIMEIROS RESULTADOS DO AFASTAMENTO DO PROMOTOR DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA

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Confirmando sua remoção haverá possibilidade de levantar o que foram esses anos em que uma comunidade ficou refém de um suposto homem da lei.

Matéria de 02/03/2024, editada em 02/05/2024 para inclusão de Direito de Resposta de Maria Cristina dos Santos Lerosa

Há dez anos, a vereadora de Águas da Prata, Cristina Lerosa – estreitamente ligada ao promotor Nelson O’Really, de São João da Boa Vista – mantinha armas em casa com licença vencida. Jamais foi incomodada, enquanto o promotor estava em atividade. Através do Conselho de Segurança da cidade – e de uma truculência reiterada – o promotor montou alianças com a Polícia Civil, a Militar e o Corpo de Bombeiros.

No início da semana, o Conselho Nacional do Ministério Público afastou o promotor por 90 dias, enquanto providencia novas correições.

Ontem, sexta-feira, às 9 horas da manhã, a polícia bateu na casa da vereadora, a partir de um pedido do Exército, para conferir o arsenal de Cristina. Descobriram armas com licença vencida e levaram a vereadora presa. Ela pagou fiança de R$ 5 mil e vai se defender em liberdade.

É um dos primeiros movimentos de descompressão da cidade, após o afastamento do promotor. Os jornais passaram a noticiar seu afastamento. Vereadores intimidados por sua truculência começam a explicitar críticas.

Mas ainda há um temor que acaba impedindo a apuração de todos seus malfeitos. Aliados espalharam que, logo após a correição, o promotor voltará ao cargo. O receio de represálias futuras ainda inibe as vítimas de seus atos.

A própria Prefeitura, que não respondia aos pedidos feitos através da Lei de Acesso à Informação, agora começa a disponibilizar informações sobre os contratos emergenciais feitos com organizações sociais com histórico polêmico em outras cidades.

À medida que se fortaleça a tese de sua remoção – ou aposentadoria – haverá possibilidade de levantar o que foram esses anos todos em que uma comunidade inteira ficou refém de um suposto homem da lei.

Seria importante, agora, que o Tribunal de Contas do Estado e o GAECO passassem um pente fino nos contratos firmados pela prefeitura com entidades suspeitas, confiando na blindagem proporcionada pelo promotor.

Direito de Resposta de Maria Cristina dos Santos Lerosa

“Aos 30/03/2024, a Juíza Criminal de São João da Boa Vista, DRA. ELANÍ CRISTINA MENDES MARUM, concedeu Habeas Corpus e trancou o inquérito policial que ensejou minha prisão por entender que NÃO PRATIQUEI CRIME DE POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. Na decisão, a Juíza frisou que quando o Exército Brasileiro comunicou à Autoridade Policial o cancelamento do meu Certificado de Registro (CR) e informou a posse irregular de armas de fogo, pendiam de análise o requerimento administrativo feito por mim para obter novo CR, e também sua defesa administrativa quanto ao dito cancelamento, fatos esses que afastam o dolo do cometimento do crime do artigo 12 do Estatuto do Desarmamento. Foram devolvidas todas as minhas armas de fogo, bem como a fiança que paguei. Ou seja, a prisão feita pela Polícia Civil de Águas da Prata contra mim foi reconhecida pelo Poder Judiciário como ILEGAL.”

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