LULA REFORÇA AGENDA DE VIAGENS INTERNACIONAIS APÓS AMEAÇA DE GOLPE

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NOVA DIPLOMACIA

Presidente retoma tradição de viajar a Buenos Aires como primeiro ato ofical no exterior

Michele de Mello
Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

 

O chefe de Estado argentino, Alberto Fernández, reuniu-se com o presidente Lula na segunda-feira (2) – Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já desde o anúncio de sua eleição, desenhava o trajeto de sua primeira viagem oficial ao exterior. As indicações iniciais é que Argentina, China e Estados Unidos seriam os primeiros destinos de Lula em seu terceiro mandato. Agora, no contexto das mensagens de apoio internacionais que recebe, a viagem vai ganhando forma mais concreta. 

Dessa forma, Lula retoma a tradição existente desde 1989 de presidentes brasileiros viajarem primeiro a Buenos Aires – algo que foi interrompido pela gestão anterior, quando Bolsonaro foi aos EUA de Donald Trump, no início de 2019. 

Na capital argentina, Lula irá participar da cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), prevista para acontecer nos dias 23 e 24 de janeiro. O convite foi feito logo após a vitória de Lula no segundo turno, no dia 31 de outubro, quando Fernández viajou pela primeira vez ao Brasil para felicitar o presidente eleito.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira assegurou, na ocasião de seu primeiro discurso, já em janeiro, que o Brasil voltaria a ingressar no bloco regional para fortalecer as relações com os vizinhos latino-americanos.

“Teremos uma volta a esses organismos, mas com olhar novo, porque o mundo mudou. Será olhar novo, construtivo, com solidariedade, visando sempre a colaboração entre países em desenvolvimento”, afirmou Vieira.

Já nesta segunda (9), a Celac publicou uma nota em respaldo ao presidente Lula e repudiando a invasão da sede dos Três Poderes em Brasília, destacando a confiança na democracia brasileira.

“O comunicado conjunto entre os Três Poderes demonstra que a violência de uns poucos não pode se impor sobre a convivência pacífica do povo brasileiro” diz a nota. “Está claro que a democracia se fortalece com mais integração, mais desenvolvimento e mais institucionalidade”, complementa o comunicado assinado por Alberto Fernández.

Da mesma maneira, o presidente argentino, que também ocupa a presidência pró-tempore do Mercosul, utilizou o organismo de integração sul-americana para manifestar apoio ao governo constitucionalmente eleito no Brasil. 

“O Mercosul é um projeto solidário de paz, união e desenvolvimento comum, no qual não há espaço para os violentos que maltratam a democracia instalando discursos de ódio”, publicou.

Uma nova relação com os EUA? 

Em seguida, o presidente deve viajar aos Estados Unidos para reunir-se com Joe Biden. Vieira já havia discutido a agenda da visita à Casa Branca numa conversa telefônica com o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, na terça-feira (3).

Já nesta segunda (9), por ocasião dos atos golpistas do domingo (8), Joe Biden reforçou por meio de conversa telefônica o apoio ao presidente eleito brasileiro, contra os ataques da extrema direita bolsonarista. No comunicado conjunto das duas chancelarias, estava o registro de que “o presidente Biden convidou o presidente Lula a visitar Washington no início de fevereiro para consultas aprofundadas sobre uma ampla agenda comum”. Lula aceitou oficialmente o convite. 

Por fim, em março, Lula deve viajar à China, maior sócio comercial do Brasil, e, em abril, deve reunir-se com o presidente português, Marcelo Rebelo em Lisboa, para acompanhar a entrega do prêmio Camões de Literatura a Chico Buarque.

Assista ao vídeo: China: maior aliado da América Latina?

O primeiro-ministro de Portugal, Antonio Costa, fez questão de conversar com o presidente Lula da Silva por telefone, na última segunda (9), para expressar seu repúdio aos atos terroristas em Brasília e iniciar os diálogos para sua primeira reunião, prevista para os dias 23 e 24 de abril, na capital portuguesa. 

“Falei hoje com o Presidente Lula a quem expressei a nossa solidariedade e reiterei a condenação dos atos violentos e antidemocráticos que ocorreram ontem em Brasília”, disse.

Edição: Arturo Hartmann

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