A HORA DOS ABUTRES

“Nada do que é humano me é estranho”, já dizia Marx, repetindo o pensador romano.
Assim, não devemos nos inquietar que, na hora limite da humanidade, os abutres comecem a sair de seus esconderijos e aproveitar-se dos espojos dos mortos e adoecidos.
Começou com os políticos, que utilizaram a pandemia para se recolocarem como humanistas, angariando votos e um capital eleitoral que há muito haviam perdido. Mas não é difícil perceber os rasos limites de suas ações propagandísticas.
Em seguida, vieram os emergentes. São as diversas figuras menores que, sentindo o cheiro de sangue, procuraram de imediato lançarem-se publicamente, e não cessam de atravessar os corpos com honrarias e pretensas boas intensões.
Por último, chegam os mercadores, com suas medicações mágicas e delirantes, tentando lucrar ao máximo com o desespero humano.
Sim, estamos no tempo dos abutres, e tudo o que podemos fazer é cuidar-nos para que não sejamos mais um túmulo suscetível a sua pilhagem e vilipêndio.
Sigamos firmes.