GAROTINHO ACUSA GOVERNO DO RIO DE JANEIRO DE OPERAR COM CRIME

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O ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, afirmou que a prisão do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, “escancara” um esquema de cooperação entre integrantes do governo Cláudio Castro (PL), empresários e o Comando Vermelho. Em entrevista ao jornalista Luís Nassif na noite desta quarta-feira (4), na TV GGN 20h, Garotinho disse que a detenção “arranha apenas a superfície” de uma estrutura criminosa que, segundo ele, “subiu de patamar” e se instalou no núcleo do Estado. [Assista a íntegra no final da matéria].

“Eu já havia dito que o crime organizado tinha subido de patamar no Rio de Janeiro, tinha saído das polícias e tinha ido pro governo”, declarou. Ele afirma que “boa parte da Assembleia, o governo e o governador estão envolvidos até o pescoço com crimes de corrupção comum e crimes de corrupção com tráfico”.

O empresário que liga o Palácio ao CV

Segundo Garotinho, o elo empresarial entre o Comando Vermelho e integrantes do governo Castro seria o empresário de combustíveis Fernando Trabac. Ele descreve o dono de 64 postos de gasolina como “o elo empresarial do governo com o Comando Vermelho”. Trabac foi o maior doador da campanha de Castro e chegou a ser defendido por Bacellar quando foi preso na operação Caça-Fantasma.

“Chama-se Fernando Trabac, dono de uma rede de combustíveis. Tem 64 postos de gasolina, foi o maior contribuinte da campanha de Castro”, afirmou. Trabac é apontado por investigações como operador de lavagem de dinheiro do CV.

Garotinho reforça que o controle do crime sobre a máquina pública é predominante:
“Vamos colocar numa proporção: 70% a 75% do governo têm ligações com o Comando Vermelho e 25% com a milícia”.

Bacellar, o homem forte e o ‘governador de fato’

Garotinho descreve Bacellar como o centro político e financeiro do grupo. “O Rodrigo Bacellar é um homem que tá arquimilionário. Acharam gorjeta no carro dele hoje de R$ 90 mil — isso é gorjeta”, disse.

Segundo ele, “se dizia no Estado que o governador de fato era Rodrigo Bacellar” e que ele seria “um homem aí perto do bilhão”.

Garotinho também lembrou que “quem era sócio dele até poucos dias atrás era o próprio governador Cláudio Castro”.

Operação na Penha: recado político em meio à ruptura

A operação policial realizada na Penha, a mais letal da história do Estado, dias antes da prisão de Bacellar foi, segundo Garotinho, um “recado” do governador ao então aliado, com quem já estava rompido. “Eles já estavam brigados”, afirmou.

De acordo com ele, a ação foi uma resposta à ameaça de Bacellar de abrir uma CPI contra a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que atingiria a esposa de Castro. Garotinho reproduziu o teor da mensagem: “‘Olha, Rodrigo, você vai mesmo fazer o que está dizendo aí, abrir uma CPI contra a Seap pra atingir a minha esposa? Então vou ver o que eu faço com teus amigos aí’.”

A perda de influência de Bacellar no governo, diz o ex-governador, precedeu o conflito: “O Rodrigo Bacellar perdeu dois controles importantes que ele tinha: a chefia da Polícia Civil e da Polícia Militar, que eram indicações dele.”

Estado capturado e forças de segurança cooptadas

O ex-governador afirmou que a crise institucional no Rio alcançou níveis inéditos. “Esse é o estado de putrefação das instituições do Rio de Janeiro”, disse.

Em seguida, relatou o impacto dessa captura no comportamento de criminosos e milicianos: “Você chegou ao ponto do Zinho, o maior miliciano da zona oeste do Rio, dizer: ‘Quero ser preso pela Polícia Federal, porque se eu for preso pela polícia do Rio eu morro, que a polícia do Rio está ligada ao Comando Vermelho’.”

Garotinho ainda mencionou um episódio envolvendo o Exército: “O Comando Vermelho chegou ao ponto de o Exército brasileiro negociar com a facção a devolução das armas roubadas no complexo de Barueri.”

Assista:

https://youtu.be/4QwN03aNQmg

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