DATAFOLHA DESMORALIZA CAMPANHA DE BOLSONARO, QUE AGORA SE PREOCUPA COM A PF; ENTENDA
ELEIÇÕES 2022
Estacionado e sem bala na agulha para disparar até o dia 2 de outubro, Bolsonaro vê atrito entre a campanha, que o quer mais contido, e o gabinete do ódio, que aposta em uma “blitzkrieg” virtual.
Jair e Carlos Bolsonaro.
Créditos: Flickr/Família Bolsonaro
Por Plinio Teodoro
OPINIÃO – 16/9/2022 ·
A pesquisa DataFolha divulgada nesta quinta-feira (15) – que mostra a ampliação da vantagem de Lula (PT), com possibilidades de vitória no primeiro turno – caiu como mais uma bomba na campanha de Jair Bolsonaro (PL), que busca um discurso para evitar a desmobilização nas redes e até mesmo entre (ex) aliados do Centrão e no meio evangélico.
A avaliação é que Bolsonaro estacionou na casa dos 33% e não há mais bala na agulha a ser disparada nos próximos 15 dias, até o dia 2 de outubro.
Além disso, há um confronto claro entre a campanha, comandada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ) com líderes do Centrão, e a equipe que cuida de redes sociais, ligada ao gabinete do ódio, de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
O confronto se dá porque o Centrão e marqueteiros querem um Bolsonaro mais contido, como foi a postura do presidente no podcast Collab falando ao público evangélico. Do outro lado, Carluxo e seus asseclas acreditam que é preciso resgatar o Bolsonaro raiz, incitando radicais e usando todos os métodos – entenda-se fake news – para atacar adversários.
O próprio Bolsonaro sabe, no entanto, que os ataques acabam afastando o eleitorado mais moderado e, principalmente, as mulheres, principal ponto de equilíbrio pró-Lula nas pesquisas.
Outra tática que deu chabu foi o aumento para R$ 600 do Auxílio Brasil. Os beneficiários ligam o programa a Lula, ainda mais que não houve tempo e nem dinheiro para trocar os cartões – muitos dos assistidos sacam o dinheiro com o cartão do Bolsa Família.
O voucher aos motoristas de táxi e caminhoneiros também não reverteram os votos pretendidos pela campanha, visto que o benefício chegou a apenas 1 em cada 3 potenciais beneficiários.
Ódio nas redes
O fracasso na tentativa escancarada de compra de votos faz com que a equipe de Carluxo estimule Bolsonaro a aumentar o tom contra Lula nos discursos e principalmente nas redes.
No entanto, a ação de Alexandre de Moraes junto a empresários bolsonaristas esvaziou os cofres para ataques mais duradouros nas redes, que exigem dinheiro para financiamento. A aposta é em uma “blitzkrieg” – a guerra relâmpago do Exército nazista – virtual às vésperas da eleição.
A tática, porém, esbarra na desmobilização provocada pela mesma falta de dinheiro nas redes, potencializada pelo desânimo dos apoiadores menos radicais com as pesquisas de intenção de votos.
Outra preocupação ainda maior faz com que Bolsonaro não consiga colocar o foco na campanha. A análise de mensagens dos empresários bolsonaristas podem revelar um esquema poderoso de caixa 2 e até crime eleitoral na campanha, com o financiamento de atos e das motociatas promovidas pelo presidente.
As provas, contidas nos aparelhos, estão nas mãos de Alexandre de Moraes, que pode autorizar uma nova ação de busca e apreensão nos próximos dias. E é isso que tira o sono de Bolsonaro, bem mais que o DataFolha. Como diriam os próprios bolsonaristas: tic tac.
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