JUIZ APPIO ALEGOU FRAUDE CRIADA POR MORO, NO VÍDEO DA CHAMPANHE, DISSE QUE PAGOU POR 3 GARRAFAS E MOVEU AÇÃO CONTRA O EX-JUIZ LAVAJATISTA
afinsophia 16/12/2025 0
Appio diz que teve sua imagem “dolosamente aniquilada” e que considerada a trama uma “perseguição”

Embora seja praxe que magistrados sob investigação tenham direito ao sigilo dos autos, Appio teve seu caso amplamente exposto na grande mídia. Nesta semana, o senador Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato, divulgou trecho do vídeo utilizado pela corregedoria para a abertura do PAD. Moro chamou Appio de “ladrão aloprado” e atacou a credibilidade do juiz que passou um pente-fino na Lava Jato e remeteu casos importantes (como o de Alberto Youssef e de Tony Garcia) ao Supremo Tribunal Federal.

Em resposta, Appio acionou advogados para processar Moro por difamação. Ele alegou à reportagem que teve sua imagem pública “dolosamente aniquilada” pela divulgação do caso das champanhes e disse que considerada a trama uma “perseguição” por sua atuação na Lava Jato.

Segundo as informações divulgadas na grande mídia, o processo administrativo disciplinar contra Appio apura se o juiz feriu as regras da magistratura ao supostamente furtar, em ocasiões distintas, 3 garrafas de Moët Chandon que custavam, na promoção, R$ 399 cada.
O que os jornais não noticiaram ainda é que o vídeo usado contra Appio foi editado – não contém, por exemplo, cenas da passagem do juiz pelo caixa do supermercado – e que o juiz pagou R$ 1.199 no cartão de débito pelas três garrafas, de acordo com comprovante anexado aos autos pelo estabelecimento comercial.

O GGN teve acesso ao depoimento em vídeo de um dos seguranças do Giassi e autor do boletim de ocorrência, Osmar Saraiva, que narra em detalhes como foi feita a apuração desde o início e que confirma o pagamento.
O vídeo editado não mostra o acordo para o pagamento nem que Appio levou para casa, segundo afirmou ao GGN, a única garrafa que pegou em 18 de outubro. Ao contrário disso, a edição mostra Appio deixando a garrafa na sala de segurança e saindo sem efetuar qualquer pagamento.
Segundo a testemunha, tudo começou quando o mercado detectou a falta de uma garrafa de campanhe ao realizar o inventário da loja. Ao analisar as imagens das câmeras de segurança, encontrou um suspeito em 4 de setembro.
No dia 20 de setembro, o mesmo suspeito esteve presente no supermercado no mesmo dia em que outra garrafa teria sido subtraída. Appio entrou na mira quando os seguranças apontaram para seu Jeep Compass branco como o veículo usado no mesmo dia dos dois furtos. O segurança admite em depoimento que, apenas pelas câmeras, não é possível afirmar “cem por cento” que o mesmo suspeito levou a segunda garrafa.
No dia 18 de outubro, dia do terceiro e último furto, Appio é filmado fazendo compras no supermercado Giassi carregando uma sacola retornável. Ele pega uma garrafa de Moët Chandon, coloca na sacola, passa pelo caixa (o que não é exibido no vídeo editado) e segue para o estacionamento, quando é abordado por dois seguranças que levam o juiz até uma sala reservada.
Na sala, Appio se identifica, apresenta o comprovante de pagamento de dois itens, mas não o da champanhe. Ele pede para fazer o acerto dela, mas os seguranças exigem o pagamento das três garrafas, o que é feito, de fato, para evitar que a Polícia Militar fosse acionada, segundo o depoimento de Saraiva à 1ª Delegacia de Polícia Civil de Blumenau.

Para Appio, o que não pode acontecer é que este episódio atrapalhe o trabalho do STF, que na semana passada autorizou diligências no antigo gabinete de Moro em Curitiba, onde foi encontrado uma “caixa amarela” com gravações ligadas ao caso Tony Garcia. O ex-deputado e empresário afirma ter sido “espião” de Moro muito antes da Lava Jato começar. Moro tenta usar o caso das champanhes para retirar o crédito das ações que correm no STF.
Em ofício enviado à Polícia Federal no último dia 13, Appio alegou que sofre “tentativa de coação” por ser “testemunha chave” para casos que podem render punições aos lavajatistas e requer abertura de inquérito policial contra Moro, que o ofendeu na internet.
“Após 31 anos de serviço publico honesto e imaculado, agora sofro, na condição de testemunha chave, agressão digital orquestrada com a finalidade de me coagir e interferir nos tramites dos inquéritos sigilosos”, pontuou.
