Essa é a principal conclusão de um estudo conduzido por cientistas do projeto “Capacidades organizacionais de preparação para eventos extremos” (Cope), coordenado pelo sociólogo Victor Marchezini, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), com financiamento da FAPESP.
O trabalho, publicado no International Journal of Disaster Risk Reduction, analisou 404 artigos científicos publicados entre 2012 e 2023, investigando como esses estudos abordam as capacidades estatais, institucionais e organizacionais na gestão de desastres.
“Esses conceitos são amplamente utilizados nos estudos de ciência política e administração pública. Embora também sejam familiares na literatura de gestão de risco de desastres, muitas vezes são aplicados de forma inconsistente ou sem clareza. Isso dificulta comparações entre pesquisas e formulação de políticas públicas eficazes”, explica Marchezini.
 
 
 
 
 
 
 
 
Impactos práticos
Além da falta de clareza teórica, os pesquisadores observaram escassez de definições operacionais para aplicar esses conceitos de maneira prática na gestão de riscos. Essa lacuna, segundo o estudo, pode prejudicar o desenvolvimento e a execução de políticas e práticas públicas voltadas à prevenção e resposta a desastres.
O levantamento também mostrou que o conceito de capacidade estatal aparece com mais frequência em estudos sobre ameaças biológicas, como a pandemia de COVID-19. Já as capacidades institucionais são mais associadas a ações de entes públicos e privados — como criação de normas, regulamentos e estruturas organizacionais. Por sua vez, as capacidades organizacionais estão mais ligadas à atuação da sociedade civil, especialmente em processos de mobilização e coordenação durante situações de desastre.
Para Paula Oda, pesquisadora do Cemaden e autora principal do estudo, a análise contribui para preencher lacunas conceituais e fortalecer o vocabulário técnico da área.
“Esses resultados ajudam a compreender quais dimensões de capacidade são mais exploradas em diferentes contextos da GRD. São os subsídios que podem dar suporte para os tomadores de decisão na elaboração e implementação de políticas públicas mais eficazes”, afirma Oda, que é doutoranda e integrante do projeto.
Segundo ela, compreender quais dimensões de capacidade são mais exploradas em diferentes contextos de GRD oferece subsídios valiosos para pesquisadores e tomadores de decisão, contribuindo para políticas mais integradas e efetivas na prevenção de desastres.
O artigo completo, State, institutional and organizational capacities in disaster risk management, pode ser acessado neste link.