CONFLITO COM ISRAEL É POLÍTICO E TERRITORIAL, NÃO RELIGIOSO, AFIRMOU EMBAIXADOR PALESTINO
 
                Em Gaza, Israel segue violando o cessar-fogo e deixando dezenas de palestinos mortos
Cartaz em manifestação em Medelin, Colômbia, para marcar os dois anos de genocídio – Jaime SALDARRIAGA / AFP
“Na Palestina só se sabe se a pessoa é cristã ou muçulmana quando ela entra em algum templo para rezar, e com os judeus era a mesma coisa até a criação do Estado de Israel“, disse Alzeben.
“A luta é por terra, território. É político. Dizer que é religioso é desonesto.”
O embaixador agradeceu a recente onda de reconhecimento internacional que viu aliados históricos de Israel oficialmente reconhecendo o Estado Palestino. Mas também diz acreditar que “muitos o fizeram para não ter que lidar com as consequências reais das ações israelenses no solo”.
Ele se refere ao genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza que, em dois anos, matou mais de 71,2 mil palestinos, sendo que mais de 500 de fome, muitas delas crianças. A cifra ainda não computa os dezenas de milhares soterrados pelos escombros criados pelos bombardeios.
Pagamento com sangue
Também no seminário, o professor de direito internacional Salem Nasser disse que após o início do genocídio, em 7 de outubro de 2023, “os covardes puderam enfim afirmar que o projeto colonial, racista e religioso israelense é de apagar os palestinos”.
“Gaza pagou com sangue o preço para que o mundo pudesse reconhecer a verdadeira natureza do projeto de Israel.”
Nasser diz que “desde o seculo 19 o objetivo central do projeto era o desaparecimento da história e cultura palestina “. Neste sentido e, em um contexto de redução diária da terra palestina, com o confisco por meio da expansão dos assentamentos judeus ilegais na Cisjordânia, a solução de dois Estados não faria sentido.
“O Ocidente se entregou a ideia ingênua, a ficção dos dois estados. Enquanto o mundo olhava a ficção, o desaparecimento estava em curso e falar disso é estar mal informado ou se falta de coragem de encarar as coisas como são”
“Não basta dizer que defende dois estados, mas lutar contra a realidade no solo”, conclui.
Outros ataques de Israel
Também na quarta, Israel atacou o que disse ser um depósito de armas em Gaza, horas após a noite mais mortal de bombardeios desde o início do cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, alertando que continuará atuando para neutralizar ameaças percebidas.
A Defesa Civil de Gaza informou à AFP que um palestino morreu no último ataque e que 104 pessoas, incluindo 46 crianças e 24 mulheres, morreram nos bombardeios da noite de terça-feira. Na manhã de quarta, anunciou o início da “aplicação renovada do cessar-fogo”.

Tanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quanto o mediador regional Catar manifestaram esperança de que o cessar-fogo seja mantido, mas dentro de Gaza as famílias deslocadas perdem a esperança. O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, classificou o número de mortos como atroz e instou todas as partes a não deixarem que a paz “escorregue de nossas mãos”, ecoando os apelos do Reino Unido, Alemanha e União Europeia para que os envolvidos se comprometam novamente com o cessar-fogo.
Mas em Deir el Balah, perto do hospital Mártires de Al Aqsa, Jalal Abbas, de 40 anos, acusou Israel de usar pretextos falsos para retomar sua campanha.
“O problema é que Trump lhes dá cobertura para matar civis porque eles o enganam com informações falsas. Queremos o fim da guerra e da escalada. Estamos exaustos e à beira do colapso”, destacou.
 
                       
                       
                       
                      