ESTUDO APONTA QUE DESIGUALDADE DE RENDA CAIU NAS METRÓPOLES, MAS CONCENTRAÇÃO SEGUE ALTA

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DESIGUALDADE

Mais de 9,5 milhões de pessoas saíram da pobreza entre 2021 e 2024; valorização do salário mínimo foi decisiva

A 16ª edição do Boletim Desigualdade nas Metrópoles, produzido pelo Observatório das Metrópoles em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Data Social e Rede Odsal, registrou os menores índices de desigualdade e pobreza desde 2012 nas grandes cidades brasileiras.

Entre 2021 e 2024, a desigualdade de renda caiu quase 20%, e a taxa de pobreza nas regiões metropolitanas passou de 31% para 19%. Isso significa que mais de 9,5 milhões de pessoas saíram da pobreza monetária nesse período. Outro avanço importante foi na extrema pobreza, que caiu de 6,8% em 2021 para 3,3% em 2024, o menor nível da série histórica. O dado representa a saída de mais de 2,8 milhões de pessoas dessa condição.

Segundo o professor André Ricardo Salata, da PUC-RS e um dos autores do estudo, o principal fator para essa redução foi a melhora no mercado de trabalho. “Teve um mercado de trabalho mais aquecido, uma redução da taxa de desocupação, aliado a um controle inflacionário maior. E, acima de tudo, o retorno da política de valorização real do salário mínimo”, afirmou.

Além disso, o fortalecimento do Bolsa Família e de outros programas sociais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o microcrédito, também colaboraram para a redução. Ainda assim, a desigualdade segue elevada: em 2024, os 10% mais ricos das metrópoles receberam, em média, 15,5 vezes mais do que os 40% mais pobres.

Salata lembra que enfrentar o problema exige políticas combinadas de curto, médio e longo prazo. “Nosso sistema tributário é extremamente injusto, ele é muito regressivo. Taxa bastante, mas taxa mal. Medidas que visem torná-lo mais progressivo ajudam a arranhar esse problema, ainda que não resolvam sozinhas”, avaliou.

O boletim alerta que, mesmo com os avanços recentes, a desigualdade dentro das metrópoles brasileiras é maior do que a média nacional, realidade visível em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, que reúnem alta renda média, mas também fortes disparidades sociais.

Em 2024, o coeficiente de Gini (quanto mais próximo de 1, mais desigual) foi de 0,536 em São Paulo, 0,547 em Brasília e 0,556 em Recife, acima da média nacional metropolitana de 0,534. Na comparação de rendimentos, os 10% mais ricos ganharam 17,6 vezes mais que os 40% mais pobres em Recife, 17,1 vezes em Brasília e 15,6 vezes em São Paulo.

 

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