DANIEL NOBOA, CANDIDATO DA DIREITA, VENCEU ELEIÇÃO ANTECIPADA PRESIDENCIAL NO EQUADOR E VAI GOVERNAR ATÉ MAIO 2025
Supporters of Ecuador's presidential candidate for the National Democratic Action Party, Daniel Noboa, celebrates after learning the first results of the presidential runoff election in Guayaquil, Ecuador, on October 15, 2023. Polls closed in Ecuador Sunday with no reports of violence as both presidential candidates cast their votes in bulletproof vests just weeks after a rival was murdered. The finalists in the runoff election -- lawyer Luisa Gonzalez, 45, and banana empire heir Daniel Noboa, 35 -- are vying to govern a country in the midst of a drug war and a rash of political assassinations. (Photo by Gerardo MENOSCAL / AFP)
Novato na política vence Luisa González, candidata de Rafael Correa, e vai governar até maio de 2025
O apelo ao que seria um “novo Equador” foi mais forte que a proposta de retomar o caminho traçado pelo ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) na eleição antecipada para a presidência do Equador, que teve o segundo turno neste domingo (15).
Com 89,29% das urnas apuradas, o candidato empresário Daniel Noboa, da Ação Democrática Nacional, obteve 52,3% dos votos válidos (), ante 47,7% () da correísta Luisa González, da Revolução Cidadã, segundo o Conselho Nacional Eleitoral.
A essa altura, González já reconhecia a derrota. “Esse é um projeto político de país, que busca melhores dias para os equatorianos. Aos que não votaram na gente, nossos cumprimentos, porque ganhou o candidato que vocês elegeram”, afirmou a candidata. “Jamais sairemos gritando ‘fraude’.” Ela agradeceu “ao povo equatoriano, aos milhares de cidadãos que caminharam ao nosso lado”. E estendeu a mão ao presidente eleito. “Chega de ódio, de polarização. O Equador precisa se curar. (O vencedor) pode contar conosco para um acordo comum, de pátria”.
Daniel Noboa, que será o presidente mais jovem da história do Equador, aos 35 anos, terá assim a chance de mostrar uma característica que propôs durante a campanha, de ser um caminho intermediário entre a Revolução Cidadã, a única coalizão de esquerda a disputar esta eleição, e a oposição a ela, representada pela maioria dos demais candidatos. Na hora de votar, ele postou na rede social X (antigo Twitter) que “é hora de esperança, de mudança, de um novo Equador”.
Noboa é filho de dois políticos conhecidos no Equador: Alvaro Noboa, um dos homens mais ricos do país e candidato presidencial em cinco ocasiões, e Anabella Azín, médica, deputada e legisladora da última constituinte, em 2007. É empresário e novato na política. Foi eleito pela primeira vez em 2021, para o cargo de deputado. Defende uma plataforma liberal e propõe administrar o país com a participação do setor privado.
A eleição presidencial transcorreu sem nenhum incidente grave e a participação foi de 82,33% do eleitorado, ligeiramente superior à do primeiro turno. Cercada de expectativa por causa da onda de violência sem precedentes que acomete o país, a votação contou com um efetivo de segurança formado por mais de 90 mil agentes da Polícia Nacional e das Forças Armadas. Antes do primeiro turno, o candidato Fernando Villavicencio foi assassinado pelo crime organizado.
Os dois candidatos votaram trajando colete à prova de balas e cercados por forte aparato de segurança. O ministro do Interior, Juan Zapata, pediu aos cidadãos que fossem às urnas e confiassem no esquema de proteção montado pelo governo.
Transição
Noboa deve assumir o cargo em dezembro e terá mandato até maio de 2025, data na qual originalmente se encerraria o governo de Guillermo Lasso, que dissolveu a Assembleia Nacional e antecipou a eleição no contexto de uma disputa com o Legislativo, que pretendia tirá-lo do cargo sob acusação de corrupção.
“A partir desta terça-feira (17), estaremos prontos para iniciar imediatamente um processo de transição, permitindo que as novas autoridades compreendam a situação do país e os projetos em andamento em várias áreas”, afirmou Lasso.
Democracia
Com a votação deste domingo, chega ao fim um período eleitoral atípico, com um nível de violência sem precedentes na história do Equador, país tradicionalmente pacífico e seguro. A escalada de violência é patrocinada pelo crime organizado representado prioritariamente pelo narcotráfico.
Políticos foram assassinados durante a campanha, inclusive um dos candidatos à presidência, Fernando Villavicencio.
Por causa desse contexto, a cientista política equatoriana Maria Villareal disse, ainda no primeiro turno, que o simples fato de a eleição ter transcorrido calmamente, com alta participação do eleitorado (81%), e de todos os candidatos terem reconhecido o resultado, representou uma expressiva “vitória da democracia”.
Na ocasião, além da passagem de Luisa González e Daniel Noboa para o segundo turno, a população do Equador decidiu em referendo suspender a exploração de petróleo em uma área de floresta amazônica na fronteira com o Peru.
Edição: Patrícia de Matos