POR QUE TARCÍSIO PROTEGE O PCC NO CASO DO METANOL?
Deputado do PSOL que solicitou CPI critica Tarcísio por reduzir verba de combate ao crime e por relações suspeitas com dinheiro sujo
A proposta surge após o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmar, sem investigação, que o PCC não teria relação com o caso — declaração que, segundo Giannazi, revela mais pressa em proteger aliados do que em apurar responsabilidades.
“Eu apresentei o requerimento para que seja instalada uma CPI para investigar o que vem acontecendo no estado de São Paulo, com pessoas morrendo e outras ficando cegas. O governador do estado, Tarcísio de Freitas, de forma muito estranha, sem que houvesse investigação, já saiu defendendo o crime organizado, dizendo que não teria relação alguma. Como o Tarcísio sabe que o crime organizado não está envolvido, se ele mesmo não sabia que o crime está entranhado na Faria Lima, no agronegócio e nos postos de gasolina?”, provocou o parlamentar, em entrevista ao programa TVGGN 20 Horas [confira abaixo].
Giannazi classificou o comportamento do governador como ‘no mínimo suspeito’, lembrando que Tarcísio recebeu, em sua campanha de 2022, um financiamento significativo de uma empresária supostamente ligada ao PCC.
O deputado se refere às contribuições da pecuarista Maribel Schmittz Golin, empresária do agronegócio que foi a sexta maior doadora da campanha de Tarcísio, com um aporte de R$ 500 mil. Maribel é investigada pela Polícia Federal em um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a máfia italiana ‘Ndrangheta’.
Para Giannazi, as ações de Tarcísio já desmentem seu posicionamento contrário à CPI. “Logo ele, que aparece em foto abraçado com o ex-prefeito de Embu das Artes [Ney Santos], condenado por formação de quadrilha, e que esteve em Brasília defendendo a prisão domiciliar de um condenado também por quadrilha”, completou, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Orçamento à moda do crime: cortes na segurança e isenções bilionárias
Enquanto o governo tenta se desvincular de qualquer menção ao crime organizado, os números da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 caminham em sentido oposto.
Apresentada à Alesp na terça-feira (30/9), a proposta prevê receitas de R$ 382 bilhões para o próximo ano, mas reduz drasticamente os recursos para o combate ao crime organizado. O valor destinado à área cai de R$ 666 milhões em 2024 para apenas R$ 325 milhões em 2026, menos da metade.
“É um absurdo. Estamos falando de R$ 382 bilhões de orçamento total, e o governo corta justamente da segurança pública, enfraquecendo as forças de investigação e o enfrentamento ao crime organizado”, criticou.
O deputado também questiona as prioridades fiscais do governo do estado, que mantém R$ 82 bilhões em isenções tributárias a grandes grupos econômicos, incluindo empresas que figuram entre as mais beneficiadas pelas renúncias fiscais, como Braskem, Syngenta, TAM e JBS, algumas até inscritas na dívida ativa do Estado.
“É dinheiro público que poderia reforçar o combate ao crime e fortalecer as instituições, mas o governo prefere agradar seus financiadores. Em detrimento da saúde e educação”, afirmou.
Giannazi também alertou que o governo Tarcísio vem instrumentalizando a Polícia Militar para fins políticos, enquanto alguns membros da corporação estariam diretamente envolvidos com o crime organizado.
Vale lembrar do caso Cangerana, um ex-assessor de Tarcísio e policial militar acusado de irregularidades com fintechs. Ele foi transferido pelo governador para o 13º Batalhão da PM, responsável pelo patrulhamento da Cracolândia, pouco antes de ser preso pela Polícia Federal. Cangerana chegou a aparecer em fotos com o governador, mas Tarcísio nega qualquer afinidade. Leia mais aqui >>> Tarcísio e Cangerana: O elo com o PCC que o governo apagou.
